
O esporte, independentemente da modalidade, é considerado uma das principais ferramentas de inclusão e melhora na qualidade de vida para pessoas com algum tipo de deficiência, seja física ou intelectual. Foi com esse objetivo que Samuel Dias do Nascimento, de 8 anos, pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e natural de Santos Dumont, passou a praticar futsal e encontrou um aliado na socialização e no desenvolvimento da coordenação motora.
Samuel foi diagnosticado com o TEA em 2019. Além dessa condição, o jovem convive com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Desafiador Opositor (TOD). Por conta disso, um neuropediatra recomendou que a criança passasse a praticar esportes coletivos, para trabalhar sua socialização. “O Samuel tem os sintomas do TOD muito fortes. Ele precisava trabalhar essa parte da socialização, de respeitar as regras, e a gente precisava também trabalhar um pouco a questão da coordenação motora corporal. Foi quando chegamos até o futsal com o Samuel”, explica Flávia Dias, mãe do garoto.
O local escolhido para que Samuel pudesse jogar futsal foi o Projeto Esporte Cidadão Santos Dumont, executado pela Associação Argos com o apoio da ArcelorMittal. Flávia relata como conseguiu uma vaga para o filho no projeto social. “A gente sempre via as crianças passando com o uniforme, que é uma blusa laranja, com o símbolo da Arcelor, e fomos procurar saber. Meu esposo é funcionário da empresa em Juiz de Fora, e procurou a área da comunicação, a parte que cuida desses projetos. Eles nos encaminharam até esse trabalho”, conta.
Depois de quase um ano e meio participando do projeto, Flávia percebe que Samuel conseguiu uma grande evolução da parte motora dentro do futsal. “O Samuel começou a pensar e a traçar as estratégias do jogo. No início, ele não conseguia fazer o domínio da bola, hoje ele já faz, não com tamanha agilidade, mas hoje ele já tem uma destreza maior do que tinha no início”, relata.
Flávia também conta que o futsal tem melhorado a parte comportamental de Samuel. “Ele é uma criança que não gosta que encostem a mão nele, mas hoje ele está bem mais receptivo a essa questão. A gente percebe também essa evolução no obedecer, no cumprir as regras. No início, o Samuel não gostava, por exemplo, que algum colega tomasse a bola dele, que viesse a disputa e roubasse ali a bola. Hoje ele já entende isso de uma forma mais clara, que é necessário e faz parte do jogo. A gente trabalha muito com ele essa questão do ganhar e perder, que no início era muito difícil pra ele. Hoje ele já tem essa aceitação muito grande”, diz.
O desenvolvimento dos aspectos físicos e intelectuais de Samuel também foi notado pela professora e coordenadora pedagógica do projeto, Sandra Elisabeth. “A princípio, Samuel apresentava um comportamento tímido e mais restrito aos demais colegas. De um modo geral, com o passar do tempo, percebemos que ele foi se ambientando e socializando a seu modo e, ultimamente, é nítido que Samuel tem se mostrado mais calmo ao receber alguma orientação e principalmente no decorrer do jogo, momento em que se relaciona com diversas crianças ao mesmo tempo, tendo que se atentar aos seus colegas de equipe, adversário, fundamentos do jogo e o gol”, descreve a professora, que acompanha o garoto no esporte duas vezes por semana desde junho de 2022.
Parceria com o irmão
Samuel possui um irmão gêmeo, o Davi, que não está dentro do espectro autista. Os dois entraram e participam juntos do projeto social, e Flávia conta, emocionada, que Davi sempre tenta ajudar o irmão em todas as atividades. “Na nossa casa, a gente trata de uma forma muito clara e aberta a questão da neurodiversidade do Samuel com o irmão. E o Davi sempre incentiva o irmão, sempre ajuda, sempre está do lado para apoiar o irmão. Os dois são muito parceiros. É até bonito de ver isso”, afirma.
Projeto Esporte Cidadão
O projeto social, executado pela Associação Argos com o apoio da ArcelorMittal, através da Lei de Incentivo ao Esporte e com a parceria da Prefeitura Municipal de Santos Dumont, não possui fins lucrativos e é amparado pela Lei de Incentivo ao Esporte, que se iniciou em fevereiro de 2019, ofertando aulas e treinos das modalidades de futsal e voleibol para crianças e adolescentes de 6 a 18 anos. A Fundação ArcelorMittal, responsável pelo patrocínio, é um núcleo de investimento e transformação social, com atuação em projetos nas áreas da educação, cultura e esportes.