Sete décadas de glórias esportivas e uma fábrica de talentos. Na quinta-feira (21), o Clube Bom Pastor, localizado na Zona Sul de Juiz de Fora, celebrou 70 anos de existência. Justamente no ano em que completa sete décadas, o clube consolidou ainda mais seu papel na formação de atletas: em maio, se filiou ao Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), entidade central dos clubes que revelam atletas no Brasil. Portanto, a partir de agora, a agremiação irá participar de ainda mais campeonatos a nível nacional.
“Temos um passado glorioso no esporte, com revelação de campeões olímpicos e mundiais. O clube sustenta os maiores títulos esportivos de Juiz de Fora e se iguala a qualquer um do estado (…). O Bom Pastor respira esporte”, resume o presidente Luiz Gustavo Micherif Rodrigues.
Para relembrar as conquistas do clube juiz-forano, a Tribuna conversou com três atletas que integraram a seleção brasileira em modalidades diferentes e que, na infância, tiveram o Clube Bom Pastor como casa: Giovane Gávio e André Nascimento, do vôlei, e Larissa Oliveira, da natação. A reportagem ouviu também novos talentos da agremiação, os quais, mesmo novos, já se destacam nas competições Brasil afora: Manuela Ribeiro, Matheus Medeiros e Eliab Augustus.
Como tudo começou
No início da década de 50, um grupo de “jovens sonhadores” idealizou um espaço próximo às suas moradias onde pudessem levar seus filhos para brincar com outras crianças, e, assim, promover a socialização de vizinhos e amigos. Foi então que o General Oswaldo, um dos primeiros moradores do Bairro Bom Pastor, teve a ideia de construir uma quadra de vôlei para que suas filhas também pudessem brincar.
A ideia foi bem recebida e ficou a cargo de Abel Monteiro Viana indicar um local próximo ao lago para a construção da sonhada quadra de vôlei. A semente plantada culminou no nascimento do Clube Bom Pastor, em 1953.
As glórias do passado
Durante as sete décadas de existência, o CBP produziu safras de jogadores em diversas modalidades para o cenário nacional e internacional. Um dos ícones do voleibol brasileiro, o campeão olímpico Giovane Gávio, começou sua trajetória no clube. À Tribuna, ele fala sobre os dias passados no local durante sua infância e da importância do local para o esporte juiz-forano. “Foi o meu celeiro, onde comecei a jogar e o sonho começou a se tornar realidade. Passava o dia inteiro no clube jogando vôlei e as recordações são as melhores possíveis. Desejo mais 70 anos, e que as pessoas de Juiz de Fora encontrem mais coisas boas no clube, na prática de atividade física e também nas amizades”, cita o histórico ex-jogador.
Outro atleta do voleibol e que também compôs a seleção nacional em título olímpico é André Nascimento. Hoje com 44 anos, o ex-oposto relembra que Giovane Gávio foi sua inspiração e torce para que o brilho nos olhos dos atletas se mantenha no CBP. “No clube, me sentia um atleta de verdade. Foi onde comecei a sonhar em conquistar uma medalha olímpica. É uma boa estrutura para a revelação de novos talentos e que mostra o caminho certo para os futuros atletas. Torço para que o Bom Pastor possa dar continuidade a esse processo”, declara.
Além de medalhistas olímpicos no vôlei, o clube foi casa de uma campeã mundial de natação: a juiz-forana Larissa Oliveira. “O Clube Bom Pastor me lançou para o mundo. Fico muito feliz de acompanhar e saber que ele continua lançando atletas. Isso é importante para a cidade, já que estimula cada vez mais os esportistas, que podem ter (outros atletas) como espelhos”, avalia a nadadora.
As joias do presente
No último domingo (17), seis atletas que fazem parte do CBP em 2023 foram homenageados com uma comenda no clube. Uma delas, a campeã de natação paralímpica Manuela Ribeiro, de 19 anos, passa, a depender do dia, mais horas no local do que em casa. A jovem iniciou os treinamentos na agremiação ainda quando tinha 7 anos. “É minha segunda família. Ajudamos um ao outro e compartilhamos momentos, temos muita história para contar ali dentro”, elogia. “É a porta que me faz estar preparada para as competições. Me ajuda disponibilizando as piscinas, academia e fisioterapia”.
Também campeão brasileiro de natação, Matheus Medeiros, 14, conta que apesar do alto nível dos treinamentos necessário para as competições, as cobranças se tornam leves. “Os professores são excelentes e o clima é agradável e divertido. Me sinto muito orgulhoso sabendo que meu empenho, esforço e dedicação é recompensado. Espero continuar fazendo parte dessa elite”.
Já Eliab Augustus, de 15 anos, elogia a preocupação dos funcionários do clube com seu bem-estar pessoal. Hoje, ele integra a seleção brasileira de vôlei sub-16 e já possui o título de campeão sul-americano. “O grande apoio do CBP nesse meu início de caminhada fez com que eu decidisse seguir a carreira de atleta, mantendo focado nos meus objetivos. Sempre me dei bem com todos, e quando não estou pessoalmente, mantenho o contato com amigos via Whatsapp. Me sinto honrado de ter reconhecimento, sei que tudo só é possível por conta dos treinamentos que tive. Pretendo levar o nome do Clube para onde eu for”.