Ícone do site Tribuna de Minas

Funalfa abre processo de tombamento do Estádio Salles Oliveira, do Tupi

esp Tupi Salles Oliveira foto Fernando Priamo

Estrutura do Estádio Salles Oliveira, em Santa Terezinha, utilizado para treinamentos da base e do profissional do Tupi (Foto: Fernando Priamo)

PUBLICIDADE

O Estádio Salles Oliveira, do Tupi, em Santa Terezinha, pode virar patrimônio de Juiz de Fora. A pedido de um torcedor do clube, foi aberto, na Prefeitura, por meio da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), o processo de tombamento do espaço. A busca pela preservação do campo pode inviabilizar o acordo de permuta do local entre a agremiação alvinegra e a Construtora Rezende-Roriz.

A informação foi divulgada, inicialmente, pelo globoesporte.com. A princípio, como confirmado pelo diretor da Rezende-Roriz, Marcos Rezende, nesta quinta-feira (24) à Tribuna, o Tupi e a empresa possuem contrato que envolve a construção de um novo centro de treinamento para o clube e um campo para jogos de menor demanda pública, com capacidade de 5 mil a 7 mil torcedores, localizado entre os bairros Barreira do Triunfo e Benfica, Zona Norte. Em contrapartida, o espaço do Salles Oliveira será repassado à construtora, que também tem arcado com o pagamento de parte das dívidas trabalhistas do Alvinegro, com valores mantidos em sigilo.

PUBLICIDADE

O torcedor e historiador Humberto Ferreira Silva foi o responsável pelo pedido junto à Funalfa. Assim que aberto o processo de tombamento, o Tupi foi notificado, no dia 10 de junho, e encaminhou o documento à construtora. O diretor Marcos Rezende confirmou o recebimento e garantiu, ainda, que já prepara a tentativa de impugnação, o que deve ser feito no período de até 30 dias após o conhecimento da agremiação.

PUBLICIDADE

“Contratamos uma historiadora para fazer o relato de que não existe motivo de tombamento”, afirma Marcos. Ele reitera, ainda, que a estrutura do estádio carijó corre riscos. “Na verdade, a obra está caindo. Se tombar, vai cair. Estamos fazendo um estudo da não necessidade e possibilidade do tombamento e também do impacto benéfico dos futuros empreendimentos na comunidade.”

As obras do novo CT do Tupi ainda não começaram, visto que o projeto se encontra em fase de aprovação dos órgãos públicos. “Hoje, se tiver um jogo em Santa Terezinha, ninguém chega e ninguém sai. Estamos levando o campo do Tupi para um lugar com uma mobilidade urbana muito melhor, próximo da BR-040, assim como as condições de alojamento. E também terá transporte público na porta.”

PUBLICIDADE
Estádio Salles Oliveira recebe treinamentos dos times adulto e de base do Tupi, sem jogos oficiais da categoria profissional (Foto: Fernando Priamo/Arquivo TM)

Tombamento foi pensado em 2007

O Salles Oliveira acaba de completar 89 anos, tendo sido inaugurado em 19 de junho de 1932, com um confronto entre Tupi e Vasco da Gama, clube então campeão do Torneio Início do Campeonato Carioca, finalizado no empate de 1 a 1. O espaço herdou o nome do principal responsável pela construção, o então presidente do Tupi, Francisco de Salles Oliveira.

O processo de tombamento já chegou a ser cogitado em 2007, quando o clube vivia situação econômica também fragilizada, mas por dívidas com o INSS. O Salles chegou ser penhorado pela Justiça federal, que chegou a leiloar a praça esportiva. Nenhum comprador apareceu, e uma nova data seria marcada. Foi então que surgiu a hipótese de tombar o campo. O processo chegou a ser iniciado, mas não prosseguiu. Em 2009, a dívida federal do Tupi foi paga com dinheiro apurado da venda de parte do terreno da sede social, e o Salles Oliveira deixou de correr risco.

PUBLICIDADE

O processo

Conforme a Funalfa, em nota enviada para a Tribuna, “recebendo ou não o pedido de impugnação, é obrigação legal da Funalfa, enquanto gestora da cultura no município de Juiz de Fora, subsidiar a solicitação apresentada, produzindo pesquisas que abordem aspectos como relevância história e arquitetônica do clube, além de sua relação com a sociedade, através dos tempos.” Ainda segundo a pasta, “antes de ir à votação no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac), o pedido de tombamento e a pesquisa produzida pelo Departamento de Memória e Patrimônio Cultural da Funalfa são analisados por um relator (integrante do Comppac), que se posiciona em relação à pertinência ou não da proteção patrimonial. Por fim, os conselheiros votam para definir se acatam ou rechaçam a solicitação de tombamento, não havendo prazo máximo legal estipulado para a conclusão do processo.”

Sair da versão mobile