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Guia de turismo tem montanhas de Ibitipoca como cenário para treinos de corrida

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O verde da mata, o ar limpo da serra e o som do tênis no cascalho fazem parte da rotina de treinos do guia de turismo de Conceição do Ibitipoca, Marciano Júnior, mais conhecido como Chinha. Aos 45 anos, o morador do distrito de Lima Duarte reconhece o privilégio de ser um corredor em um dos destinos turísticos mais procurados do país. “Correr nesse ambiente, nesse clima, com o barulho de pássaros, cachoeiras, nesse visual, é espetacular. Ver o nascer do sol, às vezes o pôr do sol, faz com que cada dia eu queira correr mais e mais.”

Enquanto na cidade os corredores dividem espaço com carros, motos e caminhões, Chinha conta que, vez ou outra durante os treinos, esbarra com cobra, coelho, paca, tatu, pequenos roedores e até um lobo. “Com onça, graças a Deus, ainda não encontrei”, brinca. Durante os dias da semana ele corre cerca de dez quilômetros no Parque Estadual do Ibitipoca e, nos fins de semana, essa contagem chega a 21 quilômetros. Somado a isso, também realiza treinos de força na academia, que agora conta com um personal focado em corrida.

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Guia há 30 anos em Ibitipoca, Chinha usa da experiência no parque para ajudar nos treinos de corrida (Foto: Leonardo Costa)

Do hobby ao profissionalismo

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Já faz 10 anos que Chinha pratica corrida e possui uma boa relação com o esporte. Mas, conforme conta, foi depois da pandemia que procurou se profissionalizar e passar a levar com olhar profissional o que antes era apenas um exercício físico. “Eu gostava muito de andar de bike, participava de competições. Mas entrou a pandemia e eu fiquei com receio de me acidentar, parar no hospital e pegar Covid. Então eu mudei da bicicleta para a corrida. Só precisei de um tênis e disposição.” 

Decidiu, a partir daí, correr sua primeira competição, em Ibitipoca mesmo. Era a primeira edição da Ibitirun, corrida que acontece anualmente no Parque Estadual do Ibitipoca. “Me inscrevi sem esperar nada, era amador, queria só sentir como era uma competição. Pensei, ‘correr no quintal de casa?, bora lá’.” A corrida sem pretensões acabou se tornando um marco e incentivo para que ele enxergasse com outros olhos o esporte. Em meio a corredores mais experientes, Chinha se destacou e chegou na quarta posição geral. Depois disso, passou a competir em outra corridas em Lima Duarte e cidades do entorno. Na última edição da Ibitirun, realizada em janeiro de 2024, chegou na quinta posição geral. “A gente saiu ali da Igreja Matriz, fomos até a Janela do Céu, Pico do Pião e finalizamos no restaurante do parque. Isso tudo fiz em 2h42.”

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Com boas posições em rankings locais, guia turístico tem sonho de correr maratona (Foto: Leonardo Costa)

De acordo com ele, o parque tem sido o local ideal para seus treinos por conta da altimetria, visto a quantidade de declives e aclives. Trabalhando há mais de 30 anos como condutor ambiental, Chinha afirma que a reserva é como parte de sua casa. “Eu conheço cada buraco, cada desnível do terreno, e foi através de um trabalho de fortalecimento que fez com que correr lá ficasse bem mais fácil para mim.” A diversidade do solo, a presença da mata e obstáculos naturais também estimulam, na prática da corrida, o foco e a resistência. “É como diz meu treinador, quem corre em Ibitipoca, corre em qualquer lugar.”  

“Esporte é saúde”

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Para além da competição, Chinha conta que a corrida mudou sua relação com o corpo e a mente. Desde que intensificou seus treinos de corrida, não usa mais remédios para controlar a ansiedade. “Eu peguei um amor enorme pela corrida. Sou um cara muito ansioso, quando eu comecei a focar mesmo, a ansiedade passou, parei de tomar remédio, foi muito bom para mim.”

Questionado sobre as provas que deseja correr no futuro, o guia afirma que não se concentra em nenhuma corrida em especial, mas sonha um dia poder disputar uma maratona. “Minha competição é comigo mesmo, de superação. Esporte é saúde, é vida e eu amo correr.”

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