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Beach tennis tem boom em Juiz de Fora: “todos podem jogar”

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Já se tornou comum para os juiz-foranos abrirem as redes sociais e se depararem com vídeos de familiares e amigos jogando beach tennis. Apesar de só ter se popularizado na cidade há poucos anos, é notório o boom do esporte de areia. Porém, os motivos que o fazem ter sido tão aceito pela sociedade ficam ocultos. A modalidade reúne pessoas de diferentes idades e biotipos, além de famílias, como o caso de Tatiana Queiroz, de 46 anos, e seu filho, Daniel Queiroz, de 18, que disputam vários campeonatos juntos, tanto na cidade quanto fora dela. Eles conversaram com a Tribuna, juntamente com o professor Alexandre Pires Gomide, a fim de esclarecer o porquê desse aumento de praticantes.

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Conforme o especialista no esporte, “o beach tennis chegou tarde em Juiz de Fora, já é bastante praticado no Rio de Janeiro e nas capitais do país, e é o esporte que mais cresce no mundo. É muito democrático, você tem jogo de (dupla) mista, que pode ser homem com mulher, mãe e filho, avô com neto”, contextualiza Alexandre. “É feito para todo mundo jogar, o sucesso tá vinculado a isso. Já dei aula para uma pessoa com deficiência, que não tinha uma das pernas. Aceitamos todos, gente mais nova e mais velha”, complementa.

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No mesmo caminho do professor, Tatiana Queiroz, atleta também de vôlei de praia, avalia que o beach tennis tem peculiaridades que atraem muitas pessoas. “A diferença maior que eu vejo para o beach tennis invadir a praia é o fato de ser um esporte democrático, ter várias categorias, e isso ajuda muito. Tem crescido bastante pela facilidade em jogar em diversos níveis de jogo. Em todas as competições, temos diferentes categorias. A pro (profissional), e segue com as categorias A, B, C, D. Então, as pessoas conseguem se encontrar em alguma delas. Isso possibilitou muita gente participar de torneios”, explica Tati. Seu filho, Daniel, concorda. “O maior boom é pela facilidade, qualquer um consegue consegue passar a bolinha da rede. É mais prático e menos técnico. E também pela grande quantidade de torneios, são realizados em quase todos os finais de semana”, opina o jovem.

Ainda conforme Tati, “esse movimento da raquete na bolinha lembra o frescobol, o ping-pong e o tênis. A mistura de modalidades que você consegue evoluir. O que eu ouço muito é ‘eu nunca fiz esporte na minha vida, e encontrei no beach tennis’. Não são só atletas que migraram de outras práticas, mas de gente que nunca fez atividade física e conseguiu se encontrar aqui.”

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Tatiana e Daniel em ação juntos (Foto: Fernando Priamo)

O jogo

O esporte, que é disputado por duas duplas, lembra o vôlei de praia, com as mesmas dimensões de quadra. No entanto, nele há o uso de uma raquete por jogador, além de uma bolinha, feita de borracha ou feltro. “O vôlei de praia é mais complexo, você precisa de mais técnica para ter um jogo aceitável, que dê pra trocar bolas”, crê Daniel. “No vôlei existem golpes específicos, regras como dois toques, carregada, conduzida. Já no beach tennis, não. Acaba que isso, no geral, faz muita diferença, principalmente no começo da inserção do aluno na atividade”, corrobora o professor Alexandre.

Além das facilidades, o fato de Juiz de Fora não ser localizada no litoral traz um diferencial. “Remeter à praia é um grande atrativo. Em um momento de pandemia, juntou tudo. As pessoas precisavam de fazer coisas em lugares abertos, é um astral bom, uma praia em um lugar que não tem praia”, acredita Tati.

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Para a pontuação, assim como no tênis de quadra, há o formato “0/15/30/40”, mas o 40 x 40 é sempre sem vantagem, chamado de ponto decisivo. Quem o faz, vence o game. A partida pode ser definida em set único de seis a oito games ou melhor de três sets ou de outras formas a serem combinadas mediante o torneio ou a atividade.

Diferente de alguns esportes, o beach tennis apresenta diversas categorias para enquadrar todos os indivíduos. “Tem as mais baixas, a Fun, que é uma categoria para quem nunca praticou o esporte. Você consegue caminhar até a categoria A com evolução própria, após passar pela B, C e D. Tem a categoria pro (profissional), que existe pré-requisitos, não depende só da parte técnica. Precisa estar federado, ser indicado”, esmiuça o professor.

Para equilibrar o nível dos jogos, a organização de cada torneio costuma auxiliar na divisão dos atletas nas categorias, contando também com a colaboração dos jogadores.

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Professor Alexandre destacou a capacidade do esporte ser praticado por quaisquer pessoas (Foto: Fernando Priamo)

Inspiração do filho, orgulho da mãe

Agora no “tênis de areia”, mãe e filho vieram de outros esportes (Foto: Fernando Priamo)

Tatiana e Daniel Queiroz são apaixonados por atividades físicas e começaram a atuar como dupla no beach tennis em outubro do ano passado. “É um esporte novo na minha vida. Minha irmã começou a fazer beach tennis, a gente já jogava vôlei de praia juntas, aí fui com ela e me aproximei no primeiro treino. Quando comecei a jogar, eu vi o Dani ali dentro comigo. Ele sempre teve uma habilidade para esporte muito grande, eu tinha certeza que ia gostar e se dar bem”, conta a dentista. “Como mãe é um grande ganho. Na vida dos pais, em geral, poder ter essa proximidade com os filhos. Tenho ouvido isso muito, os pais gostam dessa oportunidade de estarem ao lado dos filhos, de ter os mesmos prazeres e os mesmos gostos”, fala Tati, visivelmente emocionada.

O professor Alexandre observa que o esporte não se limita aos benefícios dentro de quadra, mas ajuda ainda mais na proximidade da família, o que também é testemunhado por Tatiana, que também tem uma filha de 16 anos praticante do esporte. “Como os gostos são parecidos, os nossos programas acabam que ficam os mesmos, o esporte atrai. As nossas conversas também, temos muita afinidade, gostamos de falar das mesmas coisas. Eu com 45 anos, ele com 18, quando eu ia imaginar que, nessa diferença de idade, tivéssemos gostos tão parecidos?”

Da diversão ao Mundial

Apesar de ser um momento de lazer, Dani e Tati gostam do sentimento de adrenalina trazido pelos torneios. O filho, inclusive, estreou em competições antes mesmo de iniciar os treinos no esporte. “O primeiro campeonato jogando junto com minha mãe foi lá no Rio de Janeiro, na categoria C. Eu nem sabia jogar direito, mas fomos lá disputar”, lembra o jovem, acompanhado de uma risada. “Depois, comecei a treinar mais, fui evoluindo. Jogamos, aqui em Juiz de Fora, um torneio na categoria B, e ficamos em segundo lugar. Depois atuamos na disputa A e ficamos em terceiro”, recorda.

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Essa vontade de vencer e progredir da dupla tem resultado até em títulos. “No Campeonato Mineiro que teve agora, jogamos na categoria B, valendo pontuação para a Copa das Federações, e ficamos em primeiro lugar. Em abril, vamos jogar o Mundial na mesma categoria, no Rio de Janeiro”, adianta Dani. “A gente começou em outubro de 2021, e até abril de 2022 conquistamos dois títulos e um vice-campeonato”, conclui.

Com várias categorias disponíveis, os familiares conseguem jogar também com outros parceiros. “Meu primeiro foi com o Dani e com minha dupla feminina no Rio de Janeiro, e a partir dali a gente tomou mesmo gosto pela coisa. Tem duas semanas que eu e minha dupla feminina participamos do circuito estadual do Rio, com um nível de competidores bem avançado. Fomos vice, perdemos para duas campeãs olímpicas de vôlei, a Paula Pequeno e a Carol Albuquerque. Foi muito emocionante, arrepiei na hora, quase ganhamos ainda”, recorda a mãe.

Democrático, mas caro

Mesmo com todos os tipos de pessoas aptas a jogarem o beach tennis, o alto valor investido ainda é um empecilho para o esporte crescer ainda mais. “É um esporte de elite. Os mais ricos adotaram como (a modalidade) de momento, a gente fala que é a moda. Então, acaba que essa questão de preço dá uma interferida. Também tem o dólar, o mundo é movido à moeda estrangeira, acaba mudando o valor final. O fato do esporte estar em alta também influencia no valor, tanto de raquete quanto de bolinha”, explica Alexandre. “Temos raquetes mais básicas (de plástico ou de madeira) em torno de R$ 200. Uma mediana custa R$ 1.500, R$ 2.000. E tem as raquetes que eu brinco que são as verdadeiras obras de arte, as que têm uma pintura diferente, uma edição exclusiva. Essas chegam até R$ 5.000”, acrescenta.

E não são só os materiais considerados caros. “As mensalidades variam entre R$ 160 e R$ 200, com aulas uma vez por semana, de uma hora. Já o aluguel de quadra varia entre os 50 e 90 reais por hora. Em todos os lugares eles emprestam bolinha e raquete para jogar”, conta o educador físico, que também dá aula de tênis.

(Foto: Fernando Priamo)

Gratidão

“Agradecer, agradecer e agradecer”, diz Tatiana, ao ser questionada sobre o que representa o beach tennis na sua vida. “Muito feliz por poder estar vivendo esse momento com meu filho e curtindo tanto isso. “Estar em quadra com ele é uma realização pessoal, sempre foi uma busca minha viver isso.”

Dani resume o beach tennis em união. “Eu vejo várias mães e filhos sempre discutindo e tudo, mas eu e minha mãe nunca brigamos, colocamos sempre a cabeça no lugar. É uma sensação muito boa jogar com ela, mãe e filho é diferente. O esporte ajuda muito no ambiente familiar, traz mais afinidade, intimidade”, demonstra o filho.

Tatiana e Daniel se divertem e ainda jogam em alto nível juntos (Foto: Fernando Priamo)
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