Tem início às 8h deste domingo (25) a 32ª edição do Ranking de Corridas Rústicas de Juiz de Fora. A etapa que dá a largada à temporada é a 2ª Corrida do Laboratório Côrtes Villela, na Via São Pedro, a BR-440, com percursos de 10km (corrida) e 5km (caminhada), além de prova infantil, no mesmo dia, a partir das 9h45. O evento irá reunir, ao todo, cerca de 1.200 participantes, entre crianças, adultos e idosos. A entrega dos chips acontece no domingo, antes da largada, de 6h30 às 7h45, e a de kits ocorre neste sábado (24), entre 10h e 17h, na unidade do laboratório (Av. Barão do Rio Branco, 2891, Centro).
Antes mesmo destes primeiros compromissos, o aumento do preço nas inscrições com kit este ano é alvo de reclamações de corredores. No ano passado, o primeiro lote de inscrições com kit atleta para cada uma das 11 provas custou R$ 50. Ou seja, para participar de todas as provas do ano, o participante desembolsou o total de R$ 550. Este ano, o preço do 1º lote de inscrições com kit atleta subiu para R$ 60 (para corridas de até 18km), sendo que o primeiro lote para a meia maratona, pulou de R$ 60 para R$ 80. Vale lembrar que a inscrição promocional, sem o kit atleta, foi mantida em R$ 30 (etapas abaixo de 18km) e R$ 40 (no caso da meia maratona, acima de 18km).
Participante de todas as provas de 2017, a cabeleireira Ellen Amaro, 38 anos, tem presença garantida na 2ª Côrtes Villela, mas não deve repetir sua média anual de corridas na cidade. “Disputei tudo no ano passado pela amizade e o vínculo que acabamos fazendo ao longo das corridas, mas infelizmente isso não deve se repetir. Primeiro pelos preços. Se você for ver na região, existem corridas mais baratas, com melhor infraestrutura e ainda premiação em dinheiro aos três melhores, além da faixa etária. Penso em participar de três, quatro provas do Ranking apenas. Às vezes pagamos R$ 30 reais numa corrida da região e ainda fazemos passeios em lugares históricos”, diz.
Diretor da equipe R21 Sports, o professor e assistente social Edney Moreira, 29, citou que seu grupo terá mais dificuldades em função do valor das inscrições. “O que mais aflige as equipes é a falta de patrocínios que auxiliem os atletas, porque tem gente que acha que para correr assim basta calçar o tênis. Mas todos precisam de bons materiais, alimentação e alguns pensam até em se profissionalizar. Os preços acabam comprometendo na formação de uma equipe competitiva com mais atletas. São fora da nossa realidade, além disso acabamos tendo que escolher em quais corridas levaremos mais pessoas”, avalia Edney.
Fisioterapeuta e atleta, Gilmar Aparecido de Paula, 39, escolhe provas que participa pela maior distância e pelos locais. O ponto crucial no aumento dos valores, segundo ele, é o retorno ao atleta. “Se tiver organização, se for tudo nos conformes, uma corrida feita para o corredor, acho até justo o aumento. O problema é chegar lá e não ter essa organização, desde a retirada no kit. Há uma dificuldade muito grande, filas, às vezes falta tamanho de camisa, água durante as provas. Por isso tenho saído mais da cidade. O que mais me deixa chateado é a falta de organização”, relata.
Organizador aponta inflação e custos altos e reitera inscrição popular
O aumento dos gastos não é unilateral. É o que reitera o sócio-proprietário da VidAtiva Consultoria Esportiva, Lucas Leite, à Tribuna. Além da 2ª Côrtes Villela, a empresa será responsável pela organização de outras três etapas do 32º Ranking. “É complicado. Olhando como organizador, tudo subiu de preço, e acompanhamos a inflação. Subiu da camisa, água, taxas da Prefeitura e Federação (Mineira de Atletismo). E as inscrições não pagam nem os custos do evento. A resistência sempre existe, mas se formos comparar, oferecemos um bom kit, uma prova segura e não ficamos atrás de eventos no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte que cobram R$ 120 de participação. E ainda temos o preço popular, com pós-prova composto por frutas, isotônicos, além de medalha, pagando mais barato. Isso, de certa forma, minimizou esse aumento proposto pela comissão do Ranking de 2018. Mas acaba que o pessoal entende. Com essa inscrição promocional não perdemos os atletas que não têm condições de pagar o valor com kit”, analisa Lucas.
Em relação às taxas, o empresário cita que o valor somado corresponde a cerca de R$ 5 mil. “Existe o Permit, que passamos a pagar para a Federação, que vai de R$ 1.500 a R$ 3 mil. Ainda pagamos taxa de premiação do Ranking à Prefeitura, de R$ 1 mil, um seguro obrigatório imposto pela Federação, e não temos mais voluntários, é tudo remunerado. Ainda lutamos para não arcar com custos com a Prefeitura como taxa de limpeza e segurança pública. Com a crise, não temos mais patrocínios que paguem pelo evento, e nosso preço é exorbitantemente menor do que o mercado em cidades como Juiz de Fora cobra.”
Há, ainda, o repasse citado por Lucas de 200 inscrições para projetos sociais, com crianças, como o da atleta Viviany Anderson, além dos descontos de 50% previstos por lei aos idosos e participação crescente das pessoas com deficiência (PCDs), com inscrições gratuitas, e que já chegam a representar 10% de participantes nas etapas. “Em virtude de tudo isso, nosso faturamento caiu muito, e somos uma empresa que organiza eventos esportivos, então precisamos, obviamente, de lucro”, resume o empresário.
Prefeitura destaca histórico e taxas
A Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) da PJF justificou em nota as alterações nos valores este ano. “A SEL informa que, sempre após o processo de aprovação das empresas para a realização do Ranking de Corridas de Rua seguinte, são avaliadas as questões pertinentes à próxima edição, incluindo os custos. Nos últimos dois anos, o Ranking sofreu em 2016 um aumento de apenas R$ 3 na inscrição, passando a ter um valor de R$ 50 mantido durante 2017 sem alterações.
O órgão apontou ainda que, para 2018, várias questões foram avaliadas para se chegar ao valor final de R$ 60 no primeiro lote em inscrições com kit. Entre elas estão o aumento dos custos para confecção de kit e realização das corridas, o pagamento do “Permit” (ou autorização para a realização da prova) que é cobrado desde 2016 pela Federação Mineira de Atletismo e que não era repassado para os participantes das provas, gerando custo aos patrocinadores.
Ainda de acordo com a Sel, “uma exigência para este ano foi a manutenção do valor único de R$ 30 para inscrições sem o kit em cada corrida, dando oportunidades a todos de participar das provas, inclusive as pessoas com um poder aquisitivo menor. Além da cessão de 200 inscrições gratuitas em corridas infantis a instituições que trabalham com crianças através de projetos de atletismo de Juiz de Fora e região.”