No passado, desportistas como Heleno de Freitas, Marco Aurélio Ayupe, Adil Pimenta, Andrade, Zé Carlos e os zagueiros Leo Devanir e Marcelo Augusto levaram o nome da Zona da Mata mineira não apenas para todo o Brasil, mas ao mundo. Hoje, Danilo, Wesley Moraes, Hudson, Gregore e Guilherme Marinato são alguns dos principais representantes de atletas nascidos nesta mesorregião de Minas Gerais que comprovam, acima de tudo, a capacidade local na formação de atletas de alto nível no esporte mais popular do planeta.
A Tribuna levantou alguns dos principais jogadores nascidos em municípios da Zona da Mata mineira (ver quadro) que se destacaram profissionalmente em 2018, e conversou com os especialistas na área, Léo Condé e Marco Aurélio Ayupe que destacam a formação nas equipes de base como fundamental nesse cenário. Tem atleta de Juiz de Fora, Cataguases, Rio Pomba, Bicas, Dores do Turvo, São João Nepomuceno, Guidoval e Itamarati de Minas. Confira os 19 jogadores destacados pela Tribuna e monte a sua Seleção da Zona da Mata. Quem você escalaria? Está lançado o desafio: opine e relembre mais nomes de atletas em atividade oriundos da nossa região.
As opções
Na meta, o destaque é Guilherme Marinato, que atua no Lokomotiv Moscou e defende a Seleção Russa, com dupla nacionalidade obtida. Entre as opções para as laterais estão Danilo, da Seleção Brasileira, além dos ex-Tupi Maguinho, Michel Benhami, Raphael Toledo e Thiaguinho – este último atuando no futebol de Malta. O rol de beques é integrado por Wesley Ladeira Matos, que teve início no Carijó, além dos experientes juiz-foranos Marcelinho, ex-Flamengo, e Adalberto, com passagens pelo futebol belga e clubes como o América-MG.
A lista de volantes é de respeito e encabeçada pelo capitão do São Paulo, Hudson. Há ainda o cão de guarda do Bahia, Gregore, e o são-joanense Pablo, campeão brasileiro da Série B pelo Fortaleza (CE). Não podem ser esquecidos os irmãos Leandro e Leo Salino, recém-contratados pelo Tupynambás, além do ídolo do Galo juiz-forano, Marcel. Entre os meia-atacantes e atacantes, a qualidade segue elevada, com o artilheiro do Club Brugge, Wesley Moraes, ex-Sport Club JF, entre os protagonistas. Realizaram temporada de destaque ainda o gremista Alisson, ex-Cruzeiro, Stéfano, que atua no futebol norte-americano, além de Iago Dias, do Coritiba, Vitinho, ex-Tupi, e Thomás Jaguaribe, de início no Sport com passagem pelo Flamengo e atualmente no futebol grego.
Trabalho das escolinhas de futebol
Entre os principais profissionais do futebol formados em Juiz de Fora está o técnico Léo Condé, atualmente no Botafogo-SP. Com início de carreira no Tupi, o treinador chegou a trabalhar com grandes nomes locais na base carijó, como os volantes Hudson e Leandro Salino. Pelos profissionais do Galo, o comandante ainda participou da lapidação de atletas como Wesley Matos e Maguinho, que chegaram no Tupi após destaques no futebol amador da região, assim como o meia Vitinho. Para Condé, o sucesso de atletas formados na região mineira se deve a uma soma de fatores, encabeçada pela qualidade dos professores locais.
“Atribuo ao bom trabalho realizado por vários profissionais principalmente das escolinhas de futebol, como o Binha, no Tupi, o Rogério no Tupynambás, o Sérgio Moraes no Bom Pastor, o Ayupe, que faz um trabalho bacana em São João Nepomuceno, o pessoal do Bonsucesso, o Marcelão (Matta) na Federal, e agora está vindo uma turma nova aí também. Isso é um fator que colabora muito. E penso também que as competições realizadas na cidade como a Copa Bahamas, campeonatos da Liga (LFJF), fazem diferença. Na minha época de base do Tupi procuramos disputar competições fora, como no interior de São Paulo, no Rio. Você forma o atleta com os treinamentos, ensinamentos diários, mas acima de tudo disputando competições, vivenciando as situações de jogo. E vemos o sacrifício muito grande de algumas equipes também para disputar o Mineiro de base, por exemplo. Tudo isso colabora bastante”, analisa.
Condé ainda lembra que a consistência na formação de atletas faz com que as cidades da região sejam focos de olheiros e empresários de todo o país. “Em cima desse bom trabalho que é realizado acaba despertando o interesse de grandes clubes que estão sempre monitorando as competições da cidade. Sei que o empresário do Wesley (Moraes) é o mesmo do Kim, por exemplo, então acaba que, de uma certa forma, o mercado do futebol acompanha esses atletas da região.”
Conhecimento de campo compartilhado
A vivência dentro das quatro linhas também é um diferencial. Em São João Nepomuceno, por exemplo, passaram nomes como os atacantes Iago, Hugo Sanches, Stéfano e Alisson. O quarteto conheceu o projetos social Núcleo Esportivo de São João Nepomuceno. O trabalho é realizado, nada mais, nada menos, que por Marco Aurélio Ayupe, ex-atleta de camisas pesadas do futebol brasileiro, como Vasco da Gama, Corinthians e Grêmio.
“É um trabalho que começa lá de baixo. Treino meninos desde os 11 anos até a categoria adulta. Juiz de Fora, por exemplo, é uma cidade muito grande e se começasse da base lá, tenho certeza de que seriam formadas grandes equipes profissionais representando a cidade pelo Tupi, Tupynambás. Temos muitos talentos, o que é necessário é colocar pessoas que têm conhecimento na área. Não quer dizer que pelo cara ser ex-profissional que terá todo o conhecimento, mas pessoas com boas formações e domínio da prática do esporte mesmo”, avalia Ayupe.
Ao todo, 23 anos longe de casa são compartilhados, diariamente. “Tudo começa pela base. Apesar de o meu projeto ser social, com parceria da Prefeitura, e não ser profissional, um ensinamento que eu tento passar para os garotos é aquilo que aprendi com o profissional. Fui para o Rio com 12 anos e parei com 35 anos. Tudo o que aprendi com os treinadores com quem atuei, a experiência dentro do futebol tento passar para os meninos nos treinamentos diários que a gente faz em todas as categorias”, destaca o ex-jogador.