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‘Trigêmeas’ compartilham sonhos e a paixão pelo futsal

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Luana, Camilla e Bruna têm tanta afinidade dentro e fora das quadras que muita gente acha que elas são trigêmeas

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Luana, Camilla e Bruna têm tanta afinidade dentro e fora das quadras que muita gente acha que elas são trigêmeas
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As três usam chuteiras verde-amarelas e uniforme rosa, e até os cabelos combinam. Luana, 16 anos, Camilla, 17 e Bruna Salles, 20, vieram de uma família de 12 irmãos, todos apaixonados pelo futebol. Vendo os mais velhos jogarem, as três meninas cresceram batendo bola pelas ruas do Bairro Dom Bosco, Zona Oeste de Juiz de Fora. Para seguirem no sonho de uma carreira profissional como atletas, elas passaram por clubes e projetos, até serem protagonistas na criação da equipe Futsal Feminino UFJF, projeto de extensão da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) da universidade, que começou oficialmente no início deste mês. E, durante toda essa trajetória, elas permaneceram assim, unidas.

“Trigêmeas! Todos chamam a gente assim, mesmo não sendo”, comenta, rindo, Camilla Salles. “Quando sabem que não é assim, chamam de Salles. Mas a gente até entra na brincadeira e falamos que somos trigêmeas mesmo.” A confusão não é para menos. As três são parecidas de rosto, altura, timidez e até mesmo nos gostos.
Em quadra, a união do trio é ainda mais evidente. Apesar da diferença de categoria – Luana joga no sub-17 e as outras duas já fazem parte do time adulto – elas treinam juntas, compartilham jogadas e dicas. “Nós estamos juntas praticamente 24 horas por dia, e aqui não é diferente”, conta Camilla. “Estamos sempre apoiando uma à outra, se uma tem dificuldade a outra vai e ajuda”, reforça.

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A trajetória das irmãs no esporte começou com o convite do treinador do Futsal Matias Barbosa, que as chamaram para integrar o time da cidade vizinha em 2015. As meninas também jogaram pela escola do Vasco em Juiz de Fora, em 2016 e, em agosto do ano passado, passaram a treinar no Dom da Bola, uma parceria do projeto Boa Vizinhança da UFJF com o Instituto Dom Orione. Em agosto desse ano, o Dom de Bola completou um ano, e o crescente interesse de meninas em ingressar na equipe motivou as três irmãs e outras jogadoras a pedir a criação de um time feminino de futsal que representasse a Universidade Federal de Juiz de Fora. “A gente sempre sonhou em treinar na UFJF. Sair de um colégio público para treinar aqui é um nível bem avançado. Temos que agradecer mesmo, porque é um espaço muito bom que sempre quisemos conquistar e conseguimos”, destaca Luana.

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Ídolos

Nova equipe de futsal feminino da UFJF já conta com 30 atletas e está em busca de novos talentos (Foto: Felipe Couri)

A sintonia das irmãs é tamanha que, quando o assunto é o time do coração, a resposta é a mesma: “Real Madrid”, dizem em coro. “Era por causa do Cristiano Ronaldo e do Marcelo, mas continuamos torcendo mesmo com a saída do CR7”, explicam Luana e Bruna, e destacam a humildade do atleta português como ponto de admiração. No futebol feminino, a referência também é unânime. A inspiração é a jogadora Marta, da Seleção Brasileira, eleita cinco vezes a melhor jogadora do mundo pela FIFA. “Não só porque ela é a melhor do mundo e já ganhou o prêmio Bola de Ouro. A gente vê também a humildade e o talento dela”.

‘As meninas conquistaram seu espaço’

A equipe de futsal da UFJF já conta com 30 meninas nas categorias sub-15, sub-17 e adulta, treina três vezes por semana e investe na profissionalização de atletas. “O objetivo no Dom da Bola é utilizar o esporte na dimensão social, aqui buscamos promover o potencial esportivo”, explica o coordenador do projeto e professor da Faefid, Marcelo de Oliveira Matta. “No futsal feminino continuamos a trabalhar o lado social, mas o objetivo de estimular o alcance e o potencial esportivo exige maior comprometimento, dedicação, disciplina nos treinamentos e nas competições”, ressalta.

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A trajetória das irmãs no esporte começou com o convite do treinador do Futsal Matias Barbosa em 2015 (Foto: Felipe Couri)

A conquista das meninas em ocupar a quadra da Faefid permitiu um melhor entrosamento da equipe. “Na UFJF, além de termos centralizado os treinos, começamos a trabalhar na quadra, apareceram estagiários e temos mais material, bolas, uniformes. E elas viram que estavam sendo reconhecidas. A partir do momento da formação da equipe, com treinamentos semanais, houve uma evolução bem visível do grupo, técnica e taticamente falando”, explica um dos técnicos e bolsista da Faefid, Tales Carvalho.
Tales relembra que, ainda no Dom da Bola, entre agosto de 2017 e agosto deste ano, o grupo acumulou conquistas. Segundo ele, a equipe sub-17 obteve o segundo lugar na Copa Bahamas no ano passado e, esse ano, ficou com o título na mesma categoria, com a liderança de Luana. “Quando o técnico falou que eu ia ser capitã, não acreditei”, comenta ela orgulhosa. “É bem difícil ser capitã. Para entender essa experiência é só vivendo mesmo”. Para se tornar referência na formação de jogadoras de futsal feminino, o projeto busca agora aumentar o número de integrantes e participações em eventos esportivos, com a intenção de realizar um torneio até o final do ano.

Testes

Para além das competições, as irmãs Camilla e Luana também tiveram a oportunidade de tentar ingressar em um time maior, fora das fronteiras juiz-foranas. No final de agosto, os técnicos do Futsal Feminino UFJF levaram as irmãs para uma seletiva de sub-17 no América, em Belo Horizonte. Camila chegou a passar pela primeira fase e treinou por uma semana com as atletas profissionais da capital. “Eu tinha que dar o meu melhor naquela semana, e nós somos muito apegadas à família, ficar longe de casa foi difícil”, relembra. “A gente sonha em ser jogadora profissional e foi a maior oportunidade que já tivemos. Se surgir outra oportunidade, vou estar com o psicológico mais preparado. Aprendi muito nesse período”, afirma.

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