Ícone do site Tribuna de Minas

Pedido de tombamento do Estádio Salles Oliveira será votado nesta segunda

Tupi Santa Terezinha fernando priamo 15
Estádio Salles Oliveira irá completar 90 anos em junho (Foto: Fernando Priamo)
PUBLICIDADE

Após meses de ansiedade dos torcedores, diretores e conselheiros do Tupi, e até mesmo da comunidade em Santa Terezinha, o pedido de tombamento do Estádio Salles Oliveira será votado nesta segunda-feira (24). Uma reunião on-line do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Comppac) está agendada para as 15h e deverá definir o futuro do mais tradicional palco esportivo carijó.

A informação foi confirmada à Tribuna pela assessoria da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), que tem na diretora geral, Giane Elisa Sales de Almeida, também a presidente do Comppac. “A pauta é exclusivamente relativa à análise do pedido de proteção municipal ao estádio”, reitera a Funalfa.

PUBLICIDADE

O encontro virtual poderá ser assistido por outros interessados mediante inscrição prévia, que deve ser solicitada por e-mail, enviado ao endereço comppac2019@gmail.com. Qualquer pessoa pode pedir o acompanhamento da reunião, mas a decisão depende de análise da plenária.

PUBLICIDADE

Se aprovado, o tombamento dá fim às pretensões carijós de venda do Salles Oliveira para a construção de um novo centro de treinamento.

Permuta foi acordada há quase dois anos

Entre janeiro e fevereiro de 2020, os conselhos Deliberativo e Consultivo do Tupi aprovaram a construção de um novo centro de treinamento (CT) para o Alvinegro por meio da cessão da atual estrutura do Estádio Salles Oliveira à Construtora Rezende-Roriz. Pelo contrato assinado, o Tupi só deixará o Salles Oliveira quando houver instalação adequada para o clube utilizar no novo CT, inicialmente, localizado na Barreira do Triunfo, Zona Norte.

PUBLICIDADE

O Tupi, no entanto, está endividado e precisou sanar ou renegociar dívidas junto à Justiça do Trabalho. No acordo com a construtora também há previsão de pagamento a credores, fazendo com que o clube não fosse impedido de ceder o patrimônio. A Rezende-Roriz realizou pagamentos, mas a abertura do processo de tombamento por parte da Funalfa congelou a situação, que já se arrastava por maior tempo também por dificuldades trazidas pela pandemia.

À Tribuna há duas semanas, o novo vice-presidente de Futebol do Tupi, Jeferson Vitor, confirmou que os pagamentos aos credores foram cessados pela construtora por conta da indefinição do futuro do Salles Oliveira. Jeferson afirmou, ainda, que a atual gestão do clube, que foi alterada após a exclusão de Juninho do quadro associativo, segue favorável ao negócio.

PUBLICIDADE

“As necessidades do futebol, muito caras hoje em dia, precisam ser acompanhadas. O campo de futebol é uma das principais estruturas, onde o atleta passa a maior parte do tempo, então precisa estar em boas condições. E ter apenas um campo é inviável. Hoje, com o CT, você tem uma estrutura adequada com recursos próximos. Há facilidade para os jogadores treinarem em dois períodos, fazerem a alimentação no próprio clube. Então não é de querer, mas de ser necessário. Se o Tupi pensa em perpetuar a sua história e se fortalecer, precisa tomar esse caminho. Precisamos de um CT do nosso tamanho, que atenda a base e o profissional”, relatou.

Mesmo com os interesses similares neste caso, após análise do contrato com a construtora, o diretor também antecipou que o Tupi tem buscado readequações junto à Rezende-Roriz. Nem mesmo o local do centro de treinamento pode ser considerado definido. “Quando falamos em conversar com a construtora que tem contrato com o clube é repactuar prazos, condições. Não queremos esperar eternamente”, pontuou. “O que temos de concreto é um contrato, em que as duas partes têm que honrar, mas estamos conversando e buscando um entendimento para que o Tupi possa respirar o mais rápido possível. E que essa definição aconteça rápido, porque vai ser boa para todos os envolvidos, e dê fim a essa angústia.”

Salles Oliveira completa 90 anos em junho

Espaço não recebe eventos oficiais desde o fim do século passado (Foto: Fernando Priamo)

Historiador, com mestrado em Museologia e Patrimônio, Humberto Ferreira Silva foi o responsável pelo pedido de tombamento do estádio junto à Funalfa, o que impediria a venda para a construtora. A Tribuna buscou contato com o carijó, que preferiu não responder as perguntas neste momento. Pelo que a reportagem apurou, no entanto, o torcedor se fundamentou, na solicitação, à representatividade do mais tradicional palco esportivo da centenária história do Tupi não apenas para o clube, mas também no âmbito social, para a cidade e a comunidade, sobretudo, da Zona Nordeste juiz-forana.

PUBLICIDADE

O Estádio Salles Oliveira irá completar 90 anos no próximo 19 de junho. O espaço herdou o nome do principal responsável pela construção, o então presidente do Tupi, Francisco de Salles Oliveira, e já chegou a ter um processo de tombamento cogitado, ainda em 2007, quando a agremiação vivia outra situação econômica delicada.

Em função de dívidas com o INSS, a estrutura chegou a ser penhorada pela Justiça federal, que mandou a praça à leilão finalizado no deserto. Foi então que surgiu a hipótese de tombar o campo. O processo chegou a ser iniciado, mas não prosseguiu. Em 2009, a dívida federal do Tupi foi paga com dinheiro apurado da venda de parte do terreno da sede social, e o Salles Oliveira deixou de correr risco.

Atualmente, o Salles Oliveira é ainda o centro de treinamentos do Tupi, tanto das equipes profissionais quanto do sub-20, quando formados times para as duas faixas. No entanto, as partidas oficiais não ocorrem desde o século passado, sobretudo após a construção do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio e a proibição do uso das arquibancadas tubulares em competições organizadas pela FMF ou CBF.

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile