Um sonho movido pelo talento nos pés. Fã dos craques Ronaldinho Gaúcho e Lionel Messi, Kesley Carlos, 12 anos, saiu de Santos Dumont na manhã dessa terça-feira (23) para um teste que pode mudar sua rotina em 2018. Assim como mais de 150 inscritos nas categorias sub-11, sub-13, sub-14, sub-15 e sub-17, o jovem atacante enxerga na estrutura do Futebol UFJF a oportunidade dos primeiros passos em busca da profissionalização no esporte.
Ao lado do avô, José Carlos da Silva, 63, o jovem foi um dos primeiros a chegar. Além do interesse em participar da equipe, a participação de Kesley na seletiva foi possibilitada por meio de convite de profissionais do projeto que o viram atuar na Copa Zico, realizada na cidade. “Primeiro fui para o Cruzeiro, em BH, mas acabei voltando e me chamaram com uns amigos para a seletiva. Acredito que aqui podem ver meu potencial e ajudar a realizar meu sonho de ir para algum clube e ter uma carreira”, conta, com desenvoltura na fala.
Se aprovado, os familiares estão dispostos a investir no sonho de Kesley. “Teríamos que fazer um sacrifício para poder trazê-lo a Juiz de Fora. Trabalho na parte da tarde, então conseguiria levar ele de manhã. É um momento muito importante e temos que ajudar. Ele é estudioso, educado, não arruma nenhum problema e merece todo esse esforço nosso”, elogia o avô coruja. Apesar do sonho e da pouca idade, Kesley já expõe com maturidade a chance de não seguir no futebol.
“Quero ser jogador, mas sei que pode não dar certo e, nesse caso, vou seguir outra profissão. Acho que aqui consigo um aprendizado bom para seguir a minha vida”
Atração e trabalhos específicos
A valorização do projeto de extensão da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) da Federal pode ser comprovada também por exemplos como o de Kesley, como destaca o treinador da equipe sub-17, Alex Nascif. “É um momento importantíssimo, principalmente por essa atração de jovens da região. O grande ponto é a continuidade. Como vêm muitos atletas, não sabem a real condição, porque não podemos oferecer transporte, moradia. Mas em 2017 apareceram jogadores de Manhuaçu e Ponte Nova que jogaram o Mineiro e seguem conosco. O que podemos oferecer hoje é um trabalho com uma qualificação de profissionais em um nível muito acima do mercado nacional. Além disso, há abertura nos clubes. Nos últimos anos, enviamos mais de 60 atletas, mas temos uma filosofia de não enviar apenas por enviar, mas sim porque acreditamos que vão passar”, reitera.
No caso específico da equipe sub-13, por exemplo, há atividades voltadas ao crescimento de cada jovem, como explica o técnico Bruno Peterson. “É importante preparar os atletas mais jovens, em competições municipais, para quando chegarem nas categorias de disputas estaduais (sub-15 e sub-17) e até do Brasil. Temos nosso currículo de formação em que é estipulado o que trabalhar em cada categoria. Tentamos preparar um atleta inteligente a longo prazo, desenvolvendo as capacidades físicas, técnicas, táticas e psicológicas. É um processo. Os jovens sobem degraus, etapa a etapa, até o sub-17”, ressalta.
Interessados
Cerca de 85 meninos compareceram no primeiro dia de testes, nesta terça-feira (23), de acordo com balanço divulgado no início da noite pelo coordenador do projeto, Marcelo Matta. Segundo ele, o dia foi gratificante, pois muitos pais puderam conhecer o projeto e a estrutura da UFJF. Além disso, os treinadores tiveram uma grata surpresa, pois receberam meninos talentosos, e alguns deles já serão convidados a fazer parte da equipe. A peneira terá seqüência nesta quarta (24) e quinta (25). Ele lembra que os interessados, nascidos entre 2001 e 2008, que não conseguiram fazer o cadastro pelo site indicado, podem se inscrever no momento do teste.