Rompimento com o Cruzeiro, distanciamento do torcedor, desistência da Brasil Futebol Americano (BFA) – a primeira divisão nacional na modalidade -, multa de R$ 5 mil e suspensão de competições da Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) por dois anos, pela saída do campeonato. É com o objetivo de virar todas estas páginas de vez que o Juiz de Fora Imperadores retorna aos campos em casa, neste domingo (22), às 10h, diante do Golden Lions, de Belo Horizonte (MG), na estreia da Copa Ouro, no campo da UFJF. Sob uma nova gestão, a equipe, que não atuava na universidade há mais de uma temporada, segue atrás de reconquistar os torcedores da cidade e região com uma equipe formada basicamente por atletas da Zona da Mata.
Talvez poucos atletas possuam mais propriedade que Victor Franzone para abordar o furacão de acontecimentos que atingiu os Imperadores desde sua criação, em 2017, a partir da união entre Red Fox e Mamutes. Aos 23 anos e nascido em Cataguases (MG), mas desde 2014 em Juiz de Fora por conta do estudo na UFJF de Ciências Biológicas, o wide receiver (WR) e kicket do time local está no projeto desde o princípio. “Comecei a jogar futebol americano no ano de 2016, ainda sem equipamentos, pelo Juiz de Fora Mamutes. Foi um período de grande aprendizado no qual também pude conhecer ótimas pessoas e ótimos coachs”, recorda.
No ano seguinte da fusão, em 2018, veio a maior adversidade. A promissora parceria com o Cruzeiro acabou arruinada por problemas econômicos e estruturais e atingiu a imagem do projeto com consequências em âmbitos municipal e nacional.
“Joguei pelo Cruzeiro Imperadores durante todo o período de parceria. Logo quando a diretoria do time anunciou o acordo, me veio em mente um início de profissionalização do esporte na cidade. Uma equipe do porte do Cruzeiro abranger nosso projeto era um enorme passo nessa direção. Foi uma época gloriosa no que diz respeito aos fatores de dentro do campo, uma imensa evolução técnica e física, mas que, infelizmente, não deu certo por fatores extracampo. Com a ruptura e a suspensão de campeonatos nacionais por dois anos, mais a multa, muitos dos atletas remanescentes de Juiz de Fora debandaram do projeto, o que não é de se julgar por tudo que havia ocorrido. Sem dúvidas, foi o momento mais crítico da equipe desde sua fundação, um momento de completa desestruturação não só no cenário nacional, como também internamente”, conta Franzone.
Ainda assim, o atleta seguiu apostando no poder coletivo dos Imperadores, base que serve de esperança para um futuro consistente e sustentável aos atletas da equipe. “O que me mantém jogando pelo Imperadores é a energia e a força de cada atleta que compõe nosso elenco, mesmo depois de termos passado pela fase mais difícil. Estar em campo alinhado para jogar e ver um verdadeiro irmão do seu lado não tem preço, é impossível descrever em palavras. Acredito profundamente no nosso retorno ao cenário nacional por acreditar no potencial de cada um do nosso elenco. Como diz nosso head coach, Mudo, ‘quem fica são os mais fortes’. Além disso, nossa atual diretoria, encabeçada pelo presidente Marcos Nogueira, faz o possível e o impossível para buscar o melhor pra todos os atletas e isso, sem dúvidas, faz a diferença no rendimento e na vontade de todos dentro de campo.”
Copa Ouro, ingressos e a partida
Para o duelo de estreia da competição, os bilhetes, vendidos na entrada da Faefid, custam R$ 5 mais um quilo de alimento não perecível, que será doado à Apae. “Espero um jogo difícil, até mesmo por não conhecermos tão bem o adversário. É um time recém-formado, mas que apresenta no elenco jogadores que já disputaram campeonatos de expressão como a Liga BFA Acesso e o Campeonato Mineiro. Acredito que o caminho para a vitória está na execução correta do nosso plano de jogo. Confiar no nosso potencial e na nossa preparação é essencial, trabalhamos muito e por um período de tempo considerável até aqui. Somos mandantes da partida, devemos impor nosso ritmo desde o início para comandar o jogo. Além disso, jogar em casa, ao lado da torcida, é sempre um diferencial e não há nada que nos motive mais”, projeta Franzone.
A Copa Ouro terá participação ainda do América Locomotiva (do América-MG) e Galo Futebol Americano (Atlético-MG). Após a estreia, os locais voltam a atuar em casa entre os dias 26 e 27 de outubro, inicialmente, contra o América. No dia 23 ou 24 de novembro, o time vai até BH encarar o Galo FA, encerrando a participação na primeira fase. Os dois primeiros colocados avançam para a decisão, em jogo único no campo da equipe de melhor campanha.
Diretoria busca ‘colocar a casa em ordem’
A nova gestão do JF Imperadores, capitaneada pelo presidente Marcos Nogueira, tem objetivado o restabelecimento de uma saúde financeira da equipe para, posteriormente, pensar em torná-la sustentável. Para isto, um amistoso, em agosto, foi realizado, entre as iniciativas. Os locais fizeram 43 a 0 sobre o América Big Riders na UFJF.
“Conseguimos levantar um caixa, ainda não o suficiente para o pagamento da multa da BFA, mas está sendo para melhorar o nosso planejamento. Estamos primeiro consolidando um caixa. Não adianta eu de repente pegar todo nosso caixa agora e pagar uma parte dessa multa, sendo que temos compromissos que são os básicos para manter a equipe ativa. Estamos colocando a casa em ordem e depois quitaremos ou negociamos essa dívida. Temos um contato direto com a CBFA e estão cientes de todas ações que as equipes vêm fazendo para gerar recurso e quitar a dívida”, explica Nogueira.
Cerca de 50 atletas integram o projeto atualmente. Os juiz-foranos devem contribuir com uma mensalidade de R$ 30 e os atletas de fora não possuem esta cobrança. “É para incentivar eles pelos custos de viajar todo treino e jogo para cá. Em contrapartida, cobramos uma presença mínima em treinos. São pessoas da região, de Matias Barbosa, São João Nepomuceno, Bicas, diversas cidades.”
Os jogadores também têm participado ativamente da venda de ingressos para os eventos do JF Imperadores. “Além de nossos jogos em casa, estamos com planejamento de fazer várias ações na cidade. Estaremos, durante alguns dias do mês, em locais públicos, como no Alto dos Passos, Calçadão, e, em breve, com projeto interno, no qual estaremos participando de várias ações sociais. E falando um pouco sobre nossos jogos, têm sido interativos com o público, com sorteios, pula-pula, pipoca, churros, foodtruck”, destaca o presidente.
Todas as iniciativas buscam voltar a fidelizar os torcedores que acostumaram empurrar a equipe na UFJF sobretudo no primeiro ano de JF Imperadores. “Hoje a equipe está toda voltada e dedicada ao público de JF e região. Queremos valorizar todo o público. Hoje temos torcedores em Juiz de Fora, e várias pessoas que saem de cidades vizinhas para nos acompanhar, então nosso foco é reconquistar todo esse público novamente. Queremos sentir eles dentro de campo com a gente em cada jogada e em cada ponto”, reitera Nogueira. Cada passo leva, no pensamento de todos os atletas e diretores, a um objetivo central. “Temos uma grande caminhada para esse ‘novo Imperadores’.”