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Das renúncias à Libertadores: Adeil e Thiago vivem auge no Palmeiras feminino

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“A capacidade de sonhar, de abdicar de tudo, mas alcançar sempre foi o grande segredo daqueles que mudaram o mundo.” Como no pensamento adaptado e compartilhado pelo fisioterapeuta Thiago Andrade, 32 anos, ele e o amigo, o massagista Adeil Souza, 40, lutaram pelos sonhos no futebol. Em 2012, afinal, a dupla vestia a camisa do Tupi no início de suas carreiras – Thiago recém-formado na Universo, e Adeil, desde 2008 no Carijó, que ainda sequer teria recebido o apelido que foi popularizado em Santa Terezinha, em 2013, de “melhor do Brasil”, alcunha que carrega até hoje com carinho. E dez temporadas depois, agora com a camisa do Palmeiras, eles levantaram os troféus de campeões paulistas e da Libertadores feminina, o auge que levou Adeil a outro pensamento que também ajuda a entender um pouco da trajetória e do sentimento dos dois profissionais. “Você atingirá o sucesso quando apresentar com orgulho as cicatrizes que adquiriu ao longo da sua jornada.”

“Eu carrego as cicatrizes. Tive muitas vitórias por onde passei, é nas derrotas que criamos casca e crescemos, levantamos. Elas vão nos moldando pra alcançar as conquistas”, ressalta Adeil.

Filosofias à parte, o mundo real fez o juiz-forano Thiago e o argiritense Adeil suarem a camisa para chegarem a um clube de topo no Brasil. “É muito gratificante, um sonho e não só meu, mas o da minha família também. Minha filha (Alice, 6 anos), meus pais. E minha maior alegria no dia do título da Libertadores, além de levantar a taça, foi ver o vídeo do pessoal lá em casa reunido, comemorando como se fosse uma final de Copa do Mundo. Abdicamos de muitas coisas. No meu caso, de família, filha, relacionamentos, tudo pelo sonho. E colocamos nosso nome na história de um grande clube brasileiro. Daqui a cem anos, nossa foto vai estar lá. Mudamos também a nossa história e nossas próximas gerações. Estou muito realizado”, comemora Thiago.

Adeil (à esquerda) e Thiago voltaram para Juiz de Fora nas férias, onde têm familiares e amigos (Foto: Felipe Couri)

Fisioterapia e esporte: o casamento perfeito

Há quem sonhe desde criança em ser jogador de futebol, policial ou astronauta. No caso de Thiago, a meta, transparente já na adolescência, foi amadurecida e cumprida. “Desde novo eu já tinha esse viés pelo esporte. Meus pais e familiares sempre gostaram muito e meu avô me incentivou muito. Uni o útil ao agradável, porque é a profissão que eu sempre quis. Escolhi ser fisioterapeuta com 15 para 16 anos. E quando entrei na faculdade, fui focado na parte esportiva. Foi tudo pensado”, conta à Tribuna.

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Em 2012, ano de sua formação, Thiago trabalhou no Tupi e conheceu Adeil. Antes dos caminhos da dupla se cruzarem novamente, no entanto, o juiz-forano passou pelo Tupynambás, de 2016 a 2019, e pelo JF Vôlei, em 2015 e 2016. “Foi muito gratificante trabalhar nesses clubes, primeiro pela experiência. Tive contato com atletas de alto nível também, em 2012 e 2013, o Tupi teve um investimento um pouco maior e quase subiu para a Série B. Depois, no Tupynambás, trabalhei com o Salino, que jogou Champions League, com o Adê(milson) em grande parte da carreira, o que dá uma carga legal de trabalho”, valoriza Thiago, que também teve que aprender a buscar soluções com recursos mais limitados. “Você aprende a se virar com déficit de material, o que lá na frente vira uma vantagem. Mas principalmente levo a experiência com os atletas, no dia a dia, porque é totalmente diferente lidar com eles do que em ambulatório, por exemplo. Você precisa de um jogo de cintura, falar a língua deles.”

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Ida ao Palmeiras e amizade

Em 2019, o diretor ex-Baeta e Tupi, Alberto Simão, já no Palmeiras feminino, apresentou as propostas para Adeil e Thiago. A amizade, então, se fortaleceria com a primeira experiência no ascendente futebol feminino. “O Thiago é um grande irmão que eu tenho. Moro junto com ele, nós dividimos bastante informações, um aconselha e fortalece o outro em todos os momentos. É uma relação de irmandade, ele é gente boa, inteligente e todos gostamos dele”, conta Adeil.

Já Thiago afirmou que “uma das coisas que pesou muito quando aceitei a proposta foi o Adeil falando que iria, porque na época eu estava passando por alguns problemas familiares. Me senti mais seguro, porque minha amizade com o Adeil começou em 2012. Brinco com ele que a gente convive mais junto do que com a própria família. Isso nos dá conforto, no dia a dia um está cuidando do outro, até porque a distância da família pesa bastante, e todos adoram ele lá no clube, em Vinhedo. O pessoal de Juiz de Fora também, e isso tudo facilita.”

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Diante de uma mudança de estrutura impactante, pela diferença de investimento entre o Palmeiras e as equipes juiz-foranas, a dupla aprendeu a valorizar ainda mais cada triunfo, sem esquecer as origens. “Valorizo mais as conquistas pelos momentos difíceis que passei. Cada vitória que tenho hoje me alegra e me faz grato”, conta Adeil, que afirmou também ter se tornado um profissional mais completo em diferentes aspectos nos quatro anos já vivenciados em São Paulo. “O que mudou (desde a minha saída de Juiz de Fora) foi o maior conhecimento, profissionalismo, e aprendo mais a trabalhar com o futebol feminino a cada dia. Tive uma ascensão profissional e pessoal”, resume em entrevista concedida na sede do Tupi, onde ele ficou marcado na história, por exemplo, com o acesso à Série B do Brasileirão em 2015. “Tenho um carinho enorme porque foi aqui que eu comecei a me tornar um profissional melhor. Meu sonho começou aqui e agradeço ao clube por isso, vou levar sempre o Tupi no meu coração, aonde eu vá.”.

Títulos e novas metas

Em 2022, os títulos do Paulistão e da Libertadores reforçaram a sensação de completude com as escolhas tomadas em 2019. “No ano passado acho que cheguei ao topo na minha carreira dentro da fisioterapia esportiva. Agora, seguir lá em cima é o mais difícil, então vamos trabalhar mais e buscar todos os títulos possíveis pelo Palmeiras, sempre com muito respeito, ética, dedicação e trabalho, proporcionando o melhor às meninas e ao clube”, projeta Thiago.

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Já Adeil não deixa de agradecer cada momento. “Fui muito feliz profissionalmente em 2022, conquistei várias coisas e sou grato pelo ano que passei, por tudo o que aconteceu, pelas vitórias e pelo conhecimento que eu adquiri, por fazer parte de um grupo maravilhoso e poder estar trabalhando com um corpo técnico bem conceituado. Sou grato ao Alberto Simão também, por tudo, por estar em um grande clube e poder trabalhar com pessoas maravilhosas”, afirma. “Agora espero poder seguir no Palmeiras, ter mais conquistas e trabalhar cada dia mais, com bastante afinco, para que nós possamos buscar todos os campeonatos da temporada.”

 

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