
Neste sábado (22), os juiz-foranos Antônio Bravo, 19 anos, e Hugo Amaral, 31, embarcam em mais um desafio. Aluno e treinador encaram 1km de natação no mar e 2,5km de corrida na areia na prova Beach Biathlon, do tradicional Rei e Rainha do Mar, na capital fluminense. Enquanto o mais jovem irá defender o título, o mais velho tentará recuperá-lo. Ambos têm histórico de pódio de edições anteriores.
“Praticamente ele está se aquecendo quando estou com força total”, brinca Antônio. Enquanto o foco do treinador são provas longas com nove a dez horas de duração, o aluno investe em provas mais curtas, o que confere vantagem a Antônio Bravo na disputa pelo reinado. “É difícil eu ganhar, ele é o favorito, mas pode acontecer”, comenta Hugo. Com trajetória de rivalidades saudáveis, aluno e treinador já disputaram juntos o Rio Triathlon em 2017 e o Campeonato Estadual do Rio de Janeiro de Aquathlon este ano, além de compartilharem o pódio no último Duathlon Thiago Machado em Juiz de Fora.
“Essa prova é importante por ter bastante visibilidade, podendo surgir patrocínio, e tem pessoas bem fortes do Rio que vão participar”, explica Antônio. “Além disso, a prova vai desacelerando nosso ritmo de treino. Em novembro estávamos com treino intenso e agora vamos aliviando para descansar porque o corpo não aguenta. Então essas provas menores são ideais, porque treinamos menos e finalizamos o ano”, explica.
Da natação ao triathlon
Filho de pais fluminenses, Antônio Bravo nasceu em Fort Lauderdale, na Flórida (EUA), e veio para o Brasil ainda criança. Começou na natação aos 9 anos e desde os 12 já conquista resultados importantes no esporte. “Fui 1º colocado nos 400m livre em 2011 no Campeonato Mineiro de Natação. A partir daí sempre ficava no pódio no Mineiro, mas quanto mais velho, vai ficando puxado. A galera é muito forte no ritmo de treino e com a estrutura de Juiz de Fora, não tinha muito apoio na modalidade. Quando comecei a correr, pensei ‘vou me destacar no Rei e Rainha’ e logo na segunda etapa que fiz a prova de biathlon, consegui ficar em terceiro geral, em 2014. Conversando com os atletas de lá, me apresentaram o triatlo. Depois que passei a praticar que comecei a ficar mais atraído”, conta.
O primeiro contato entre Antônio Bravo e Hugo Amaral foi na disputa pelo Desafio 12 Horas de natação, que aconteceu na UFJF em 2014. Com os bons resultados, o jovem foi convidado para integrar a equipe da VidAtiva, e os dois passaram a treinar juntos em 2016. O triatlo veio no ano seguinte. “Na época, pensei: ele é um moleque talentoso”, relembra Hugo. “Ele já estava ganhando provas que eu ganhava antigamente, que era o Rei e Rainha e o Aquatlhon. Eu pensei: ‘ele tem futuro, vamos começar a treinar cedo’, algo que eu queria ter feito comigo mesmo. Ele tem vantagem de seis anos na minha frente, começou aos 17 anos enquanto comecei com 23. Então a minha formação e experiência estou conseguindo aplicar nele para ele poder evoluir bem”, conta.
Durante o treino, Hugo passa estratégias de prova, até o trabalho psicológico e formação acadêmica, já que Antônio é estudante de Educação Física. E com a convivência, a relação se tornou boa. “O pessoal brinca muito que somos pai e filho. A equipe é uma família”, comenta Antônio.
Missão Olimpíadas
Segundo o treinador Hugo Amaral, o foco para Antônio agora é o calendário nacional. “Desde o ano passado, planejamos o ano de 2018 para participar das etapas da Copa Brasil e poder pontuar no ranking nacional para integrar futuramente a Seleção Brasileira. Ele fez ótimos resultados nas provas em que participou. Na idade em que ele está, os resultados e o efeito do treino aparecem mais rápido que em pessoas mais velhas”, explica. Só este ano, o atleta acumulou os títulos de campeão brasileiro de Duatlo na categoria júnior, em Belo Horizonte, e campeão júnior do Brasileiro de Aquathlon, no Rio de Janeiro. Também conquistou o 4º lugar na categoria júnior masculino na Copa Brasil de Triatlo, em Brasília e foi 5º geral no Campeonato Brasileiro de Triatlon, no Rio. Sua primeira participação internacional foi no Panamericano de Triatlhon em Brasília, quando ficou em 18º na categoria júnior e 2º colocado entre os brasileiros, também este ano.
No momento, a dupla estuda a possibilidade de Antônio conseguir uma vaga para as Olimpíadas de 2024 com o apoio de equipes de fora da cidade. “O interesse em representar o Brasil veio depois que comecei a me destacar nas competições, tanto no Estadual quanto no Brasileiro. Acabei de começar o triatlo e consegui ficar entre os melhores, então vamos tentar. Estamos treinando todos os dias pensando nisso”, comenta o atleta. Segundo Antônio, para ter chance de convocação é preciso ficar bem colocado na classificação geral em provas relevantes, o que leva a pontuar no ranking da Confederação Brasileira de Triathlon. Atualmente o atleta ocupa a terceira posição no Ranking Brasileiro Masculino Júnior de Triathlon, com tendência a subir na classificação.