O advogado Marcelo Jucá, do escritório Jucá, Bevilacqua e Lira, contratado pela SOS Tupi para seguir o imbróglio judicial envolvendo a eleição carijó, de resultado suspenso pela 2ª Vara Cível de Juiz de Fora, concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira (21) e afirmou ter encontrado “pelo menos mais de 20 casos de supostas fraudes” no pleito alvinegro, realizado no último dia 5, com vitória do grupo JR 2020, encabeçado por José Luiz Mauler Júnior, o Juninho.
Neste momento, duas ações correm na Justiça, de autoria da chapa opositora, encabeçada por Cloves Santos. Além da suspeição do resultado da eleição até análise da Justiça em documentos referentes ao quadro de associados do Tupi, há outra, de exibição de tais materiais que também possuam informações sobre os sócios carijós. Jucá, também presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ), afirmou que entende que a eleição não foi válida.
“Tivemos acesso a alguma documentação, não a toda ela, e encontramos coisas muito absurdas. Algumas questões ainda não posso revelar, devem ser tratadas com sigilo no poder judiciário, mas terá um momento adequado de serem reveladas. Mas, por exemplo, existem fortes indícios de que pessoas da atual diretoria possuem títulos fraudados no sentido de que foram transferidos de forma absolutamente indevida”, avalia o advogado.
Ainda segundo ele, a chapa SOS Tupi recebeu alguns documentos, “mas não dentro dos limites da decisão judicial. É impossível, com a documentação enviada, sabermos a origem de muitos dos títulos. Alegaram que não tinham essa documentação e fiquei bastante surpreso. Se não tem, é óbvio que aquela pessoa não pode participar da chapa”, relata, complementando, ainda, com exemplo de uma das irregularidades que afirmou ter diagnosticado.
“Uma pessoa falecida transferir o título. Depois de morta. Só esse fato, na minha opinião, já é hábil para impugnar a chapa inteira. Essa chapa não pode participar de nenhuma eleição. Isso é muito absurdo.”
Impugnação e novo pleito
O objetivo da SOS Tupi, de acordo com Jucá, é a paridade de armas para, se necessário, a disputa de uma nova eleição. “Estou muito confiante de que a eleição possa ser anulada, que tenhamos um novo pleito, aí sim sob a intervenção do poder judiciário. O que nós estamos buscando é que essa chapa atual da situação seja declarada viciada e que seja imediatamente afastada da diretoria. Que não tome posse e não possa participar de nenhum pleito relativo ao Tupi.”
Enquanto não há uma decisão, novos pedidos devem ser feitos na Justiça. “Podemos ingressar ainda hoje (segunda) com uma nova ação ordinária, um novo pedido de antecipação de tutela, solicitando a nomeação de um interventor, um administrador provisório, para que ele possa auditar as duas chapas. Eu prezo estar defendendo a verdade dos fatos e analisei, particularmente, toda a documentação da SOS Tupi e posso dizer que são pessoas isentas e que querem o melhor para o esporte e para o Tupi”, esclarece Jucá, que prevê uma definição célere por parte do judiciário.
Por meio da assessoria, o Tupi reiterou que não se pronuncia sobre o tema e “reafirma que todas as questões referentes à judicialização da eleição estão nas mãos do departamento jurídico.” A reportagem não conseguiu contato com o vencedor do pleito, Juninho, até por volta das 20h.