O próximo desafio de Matheus Mazzei já tem data marcada. O navegador juiz-forano irá competir, ao lado de Rodrigo Varela, na categoria UTV do Rally dos Sertões, que acontece de 23 a 31 de agosto, saindo de Brasília e passando por Goiás e Bahia, até ser finalizado na capital federal, em um percurso que ultrapassa os 3.700 km. Mazzei, que viaja para participar da prova nesta quarta-feira (21), conversou com a Tribuna sobre suas expectativas e objetivos dentro do maior rally das Américas.
Matheus, explica que é fundamental chegar com antecedência em Brasília para realizar pequenos, porém importantes, ajustes. “É muito importante a questão da segurança para o competidor, então na quarta-feira e na quinta-feira (22), eu fico por conta de configurar o carro para o meu tamanho, para o meu peso, para o meu conforto. Na quinta-feira também fazemos o check-down, que é uma pista que a gente fica livre para poder ficar testando os carros”, relata o navegador, que vai sair de Juiz de Fora dois dias antes da largada.
A imprevisibilidade
Apesar de os competidores saberem previamente quais as cidades envolvidas no Rally dos Sertões, o trajeto é imprevisível, já que, tanto o navegador quanto o piloto, recebem o percurso apenas dez minutos antes da largada. “Eu só sei o que vem no briefing. Nele, a organização fala que vai ser uma prova com muita poeira, muito pó, aquele vermelho de terra. É só isso que eles falam. Eu só fico sabendo a cidade que eu vou passar, mas por qual caminho eu vou chegar nessa cidade, só fico sabendo em cima da hora”, conta Matheus.
Nesse cenário, a concentração do navegador é fundamental. “Você está a 130 km/h, passando todas as informações para o piloto e não pode errar”, afirma Matheus. Além disso, o entrosamento é outro aliado para superar os obstáculos naturais do percurso. “O navegador são os olhos do piloto. Você não consegue fazer um filme sem ter um diretor, então é como se fosse isso. Eu faço o nosso roteiro, passo as informações necessárias para o piloto”, explica Mazzei.
Em busca do bicampeonato
Matheus Mazzei é um dos principais navegadores da categoria UTV. No Rally dos Sertões, o juiz-forano acumula um título, em 2022, e dois vices campeonatos, em 2021 e 2023, todos ao lado de Rodrigo Varela. “O que foi fundamental para os bons resultados foi a sintonia piloto-navegador, isso é muito importante. O Rodrigo é um piloto do UTV há muito tempo, eu estou há menos, há quatro anos, então a sintonia piloto-navegador ajudou muito no entrosamento da dupla, nos bons resultados. Isso ajuda demais”, diz o juiz-forano.
O bicampeonato ficou próximo em 2023, mas um problema mecânico adiou o sonho. “No quarto dia de prova a gente pegou a liderança e mantivemos até faltar 15 km para acabar o percurso. O carro apresentou problemas e vi que o injetor entrou em modo de segurança. Com isso, caímos para segundo na reta final”, conta o navegador.
Apesar do bom retrospecto na prova, o desafio não será fácil, pois Matheus e Rodrigo terão competidores qualificados ao seu lado. “Esse ano a gente vai ter dois pilotos da Stock Car correndo na categoria do UTV, que é o Nelsinho Piquet e o Filipe Fraga. Temos também franceses, portugueses, campeões do Rally Dakar, campeões de rallys nacionais… É muito bom disputar com esses caras. Estou correndo contra grandes ídolos de infância. Tem muita gente que eu cresci vendo correr, e hoje são meus concorrentes, meus amigos”, relata Matheus.
Ansiedade para a prova
Às vésperas da competição, Matheus já está tomado pela expectativa de competir em mais um Rally dos Sertões. “Nesses últimos dias a gente fica até sem dormir, porque a gente tem que ajustar nossa vida particular em Juiz de Fora, deixar tudo no esquema para estar lá correndo tranquilo. Eu mato um pouco da saudade da família aqui de uma vez, fico mais junto deles”, afirma.
Os amigos também têm vez. “Estou levando um coração de cada amigo junto comigo, porque eu tenho muito amigo alucinado por rally, muitos que torcem demais por mim, mandam mensagem todos os dias. Isso ajuda demais o competidor quando está lá, porque talvez você está tendo um dia não tão bom, e ver os amigos mandando mensagens, desejando boa sorte, ajuda demais. Isso é muito importante para qualquer competidor, em qualquer modalidade”, complementa Matheus, grato pelo apoio que recebe de familiares e amigos.
*Estagiário sob supervisão da editora Rafaela Carvalho