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Com nomes de craques, juiz-foranos carregam histórias e momentos marcantes das Copas

D. Amarildo e Nilton Santos

"Meu estilo de jogo é parecido, principalmente porque corto para a direita e bato para o gol, assim como ele (Philippe Coutinho) faz", conta o estudante Luiz Paulo, 17 anos

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Depois da derrota no Mundial de 1950 para o Uruguai em pleno o Maracanã, a Seleção Brasileira recomeçou. Até o uniforme mudou: o branco, considerado azarado, deu lugar à camisa amarela com detalhes em verde e calções azuis. E, pela primeira vez em um Mundial, o de 1954, os jogadores entraram em campo com as camisas numeradas, o que reforçava cada vez mais os números com a posição de cada atleta. Mas de todos os que entraram em campo, um era peculiar: seu estilo de jogo fugia do tradicionalmente ismo que o futebol empregava. Nilton Santos, na época com 29 anos, foi o precursor em arriscar subidas ao ataque através da lateral do campo.

Naquele mesmo ano, um pouco antes do início da Copa, nascia em Juiz de Fora um craque por nome, era também Nilton Santos, filho de Nelson e Marília de Carvalho. A seleção contava ainda com outro atleta da equipe do Botafogo, Amarildo Tavares da Silveira. Ponta esquerda e artilheiro na reta final da conquista da Copa do Mundo de 1962. Um ano após a consagração do bicampeonato da seleção, a família Gomes de Carvalho estendia as comemorações. Nascia em fevereiro, Amarildo, irmão de Nilton Santos.

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Os filhos de seu Nelson e dona Marília, Nilton Santos e Amarildo, botafoguenses “roxos” (Foto: Felipe Couri)

Ainda em 1962, os jogadores Nilton Santos e Amarildo, juntos, puderam comemorar o título mundial no Chile, este que seria a última Copa disputada pelos atletas. Mas o que ninguém poderia imaginar era que, em Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais, os dois irmãos carregariam a história dos jogadores. Segundo Amarildo, a escolha partiu do amor do pai pelas conquistas dos dois atletas e, principalmente, pela paixão pelo Botafogo. “O pai amava torcer pelo seu clube do coração, e sempre empolgado com as atuações de destaque dos jogadores, em principal, Nilton e Amarildo. E cá estamos hoje”.

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‘Enciclopédia’ e ‘Possesso’

Não somente os nomes e o amor pelo time carioca são características semelhantes com os atletas. Ambos os irmãos sempre se divertiram jogando futebol. Quando crianças, no Bairro Mariano Procópio, onde moravam, passavam horas no campo de várzea próximo à sua casa. Nilton Santos, hoje com 64 anos, até hoje viaja por algumas cidades disputando campeonatos pela Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). Já Amarildo parou após uma lesão que o tirou dos gramados.

“Quando vou ao estádio do Botafogo assistir aos jogos, os torcedores entoam ‘Ah, é Nilton Santos, ah é Nilton Santos (…)’, estendo os meus braços como se estivesse reverenciando a torcida pelos gritos”, conta Nilton (à esquerda) (Foto: Felipe Couri)

Com mais quatro irmãos e a mãe, os craques por nome já visitaram diversas vezes os estádios do Rio de Janeiro para poder acompanhar os jogos do time do coração. Como não poderia deixar de ser, um e o outro vivenciam nas ruas as brincadeiras com os nomes e apelidos. Nilton Santos foi chamado de “A Enciclopédia” por causa dos conhecimentos sobre o futebol e por revolucionar a posição de lateral-esquerdo. Amarildo como “O Possesso” após o jornalista Nelson Rodrigues definir assim sua participação na Copa de 62. “Muitas vez já me chamaram de A Enciclopédia, me sinto muito honrado, chego até responder”, destacou Nilton Santos.

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“Quando vou ao estádio do Botafogo assistir aos jogos, os torcedores entoam ‘Ah, é Nilton Santos, ah é Nilton Santos (…)’, entro na brincadeira, estendo os meus braços como se estivesse reverenciando a torcida pelos gritos”, conta Nilton em tom de brincadeira.

Desfile na Copa de 1970 em carro aberto

Na conquista do tricampeonato da seleção em 1970, os brasileiros já assistiam às partidas em transmissões ao vivo pela televisão, e não mais esperavam pelas fitas com as imagens dos jogos que vinham de avião. Esta foi também, a primeira Copa a ser transmitida em cores. Há quem diga que Nilton Santos e Amarildo somente desfilaram pelas ruas comemorando o título da Copa em 1962. Aqui em Juiz de Fora, eles desfilaram, sim. Após o título em 1970, o pai dos craques homônimos, que trabalhava em uma fábrica, não pensou duas vezes, foi logo tratar de arranjar um caminhão de carroceria aberta para que seus filhos pudessem mostrar para as pessoas que suas crianças respiravam o amor pelo futebol nas ruas. Muitos dos que assistiram aquelas crianças gritando e festejando, não imaginavam, mas ali estavam novamente juntos, sorrindo, Amarildo e Nilton Santos, mais uma vez lado a lado.

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Nós também temos um ‘Philippe Coutinho’

“Meu estilo de jogo é parecido, principalmente porque corto para a direita e bato para o gol, assim como ele (Philippe Coutinho) faz”, conta o estudante Luiz Paulo, 17 anos

Às vezes, os craques “anônimos” não estão apenas nos nomes. A semelhança física ganha cada vez mais destaque em um cenário onde as redes sociais é uma aliada na divulgação das imagens. Seja no corte de cabelo, algumas tatuagens ou até o jeito de se vestir, as semelhanças ganham cada dia mais espaço. “Prazer, Coutinho”. É assim que o estudante Luiz Paulo, 17 anos, anda se apresentando pelas ruas. Para o adolescente, a semelhança com o meio campista da Seleção Brasileira Philippe Coutinho não está apenas fora dos gramados. “As pessoas comentam que meu estilo de jogo é parecido, principalmente porque corto para a direita e bato para o gol, assim como ele faz”, destacou.

O apelido surgiu há mais ou menos um ano, quando Luiz Paulo ouviu de seu professor de academia, que ele parecia com algum jogador da seleção. “Na hora ninguém sabia com quem, foi então que ele começou a procurar na internet e acabou achando que eu era parecido com ele, a partir daí, todos só me chamam de Coutinho”. Torcedor do Vasco da Gama, Luiz acredita que tudo está ligado. Philippe Coutinho chegou às categorias de base do time carioca ainda na infância, tornando-se torcedor do time Cruz-Maltino desde então. Em 2010 saiu definitivamente para atuar fora do país. “Mesmo eu sendo novo, sempre acompanhei a trajetória do Coutinho, eu me inspiro muito nele, nós temos algumas coisas parecidas”. Luiz demonstrou não se importar em ser comparado, pelo contrário, disse que sente feliz por poder ser lembrado com o camisa 11 da Seleção Brasileira. “No início eu achava um pouco estranho, foi só o tempo para me acostumar”, conta.

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