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Bicampeã mundial de boxe, Bia Ferreira mira ouro nas Olimpíadas de Paris

bia ferreira by leo destacada
“Me comprometi a buscar a mãe de todas, a medalha dourada das Olimpíadas” (Foto: Leonardo Costa)
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Uma menina positiva e sonhadora. Garota que, mesmo nova, já tinha a certeza que seria feliz no caminho do esporte. É assim que Beatriz Ferreira, bicampeã mundial de boxe e vice-campeã olímpica, se descreve em sua infância. Baiana, Bia chegou a Juiz de Fora com 13 anos junto de sua família em busca por melhores condições de vida. Hoje reconhecida internacionalmente como uma das melhores atletas em sua modalidade, ela continua morando na cidade e concedeu entrevista exclusiva à Tribuna. Além de ressaltar o papel da cidade em sua trajetória, a atleta detalhou os próximos passos que pretende trilhar na carreira profissional.

“No começo, não queria vir para Juiz de Fora, mas a minha família optou (pela vinda) para ter uma vida melhor. Me apaixonei pela cidade, criei muitos amigos. Escolhi aqui para ser minha residência, onde moro há 16 anos. Gosto muito do povo, do carinho. Me sinto juiz-forana, a galera acompanha, traz energia positiva e isso faz toda a diferença para conseguir os resultados”, declara Bia.

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Da companhia ao pai à medalha olímpica

Início no pugilismo teve influência do pai, Sergipe (Foto: Leonardo Costa)

A inspiração de Bia para iniciar no boxe veio do pai, Raimundo Ferreira, conhecido como “Sergipe”. “Quando pequena, eu não entendia porque ele ficava sem comer e sem beber água, mas conseguia identificar a paixão no olhar dele em estar fazendo aquilo. Foi vendo assim que eu quis fazer também e acabei me apaixonando. Era meu ponto de referência em casa, e agora quero ser o ponto de referência. Busco levar o nome da família para ser inspiração para jovens, adolescentes e até adultos”, relembra Bia.

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Para a atleta, o início na modalidade foi a parte mais difícil de sua carreira até então. “É tudo muito incerto, levamos muitos ‘nãos’. Mas minha família sempre me mostrou que nem sempre o lado mais fácil é o lado bom da história”. Depois de “persistir, insistir e nunca desistir”, como ela mesma diz, Bia conseguiu a medalha de prata nos últimos Jogos Olímpicos e se tornou bicampeã mundial de boxe em março deste ano.

“Valeu a pena tudo que tive que fazer e abrir mão porque agora vivo momentos únicos. Fico muito feliz de estar contribuindo com a história do boxe feminino. Demoramos para conquistar esse espaço, mas agora que temos, estamos representando e trazendo ótimos resultados”, diz Bia.

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As conquistas são motivos de orgulho também para seu pai e professor. “Ver uma filha brilhar no mundo do boxe, agarrando com unhas e dentes as oportunidades é a maior felicidade que eu tenho. Orgulho para mim, ela está na história do boxe”, comemora Sergipe.

Busca pela “mãe de todas”

No momento, Bia realiza um ou dois treinos diários na sua residência, em Juiz de Fora. Seu foco é na próxima luta, no dia 1 de junho, na Inglaterra. Em outubro e novembro, ela participa do Pan-Americano, no Chile, evento que dá vaga para as Olimpíadas de Paris em 2024. Mesmo que reconheça que a prata em Tóquio tenha sido sua maior conquista, Bia quer voos maiores na França.

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“Os Jogos Olímpicos são surreais, é o lugar mais alto em que um atleta pode chegar. Me comprometi a buscar a mãe de todas, a medalha dourada das Olimpíadas. Mas é um passo de cada vez, faço por missão, com todos os alvos bem lúcidos para não errar”, prega Bia. O pai dela pensa de maneira semelhante. “Tenho certeza que ela vai buscar o ouro. Tudo tem sua hora, o que tem que ser vai ser”.

Amor pelo boxe e próximos passos

Para Bia, o segredo para tamanho sucesso é ter disciplina e dedicação. “Treinar muito, nunca é demais. Hoje o boxe virou tudo, é minha fonte de renda, minha maior paixão. Abriu portas, me proporciona uma vida muito boa. Viajo, conheço lugares. Por isso sou muito grata à minha família que tanto me apoiou”. Pelo esporte ter mudado sua vida, a lutadora quer participar da transformação de outras.

“O legado está sendo escrito, acho que está claro para todo mundo. O boxe feminino precisa ter mais oportunidade, não é só coisa de homem, é de mulher também. As meninas não podem desistir de serem atletas de alto rendimento, precisa acabar com esse tabu que luta é só para menino. Falaria para nunca desistirem do sonho, é a dedicação, a força que valem. Acredito que daqui a uns cinco ou seis anos vou estar trabalhando do lado de fora, lapidando outros diamantes. São muitos no Brasil, precisamos explorar e jogar para o mundo. Quero facilitar, usar a história e meu nome para fazer a ponte. Uma coisa que eu não tive, mas quero fazer para o próximo para que se tenham mais excelentes atletas”.

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