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Estratégia e precisão: bocha tem tradição em Juiz de Fora e une gerações

INTERNA bocha by felipe couri editada
Modalidade exige técnica e agrega jogadores de diferentes idades (Foto: Felipe Couri)
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Se engana quem acredita, conforme o senso comum, que a bocha é um esporte simples de praticar e destinada somente às pessoas idosas. Na verdade, é um jogo repleto de estratégia, técnica e precisão, que exige foco, planejamento tático e habilidades motoras refinadas. É também uma modalidade que atrai jovens, como as competições nacionais mostram com as disputas nas categorias juvenil e sub-21, por exemplo.

Em Juiz de Fora, o cenário competitivo é resumido em três equipes. Esses times participam de torneios estaduais e nacionais. Inclusive, a cidade tem títulos em campeonatos estaduais tanto na disputa individual quanto na de duplas. Por isso, a bocha é a sétima protagonista do “TM Esporte Clube”, série que dá espaço às mais diferentes modalidades que podem ser praticadas no município. Até o momento, foram abordados o paraquedismo, a esgrima, o rapel, o foot table a canoagem e, por último, o parapente. A Tribuna esteve com a equipe da bocha da Casa D’Itália para entender mais sobre o jogo e o cenário.

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No momento, o time da Casa D’Italia conta com dez jogadores: Edimar Vaccarini, Eduardo Vaccarini, Everaldo Medeiros, Francisco Farinelli (Chico), João Ribeiro (Joãozinho), José Eugênio, Leandro Dias, Marcelo Corrêa, Marcelo Faria e Wellington Souza (Letinho). Para ser um bom jogador, o pensamento estratégico precisa ser bem apurado. “Movimenta também o corpo, porque corre para arremessar. Mexe também com o braço, precisa controlar a força. E, principalmente, com a mente, porque precisa buscar alternativas de jogo para o adversário não se sair melhor que você”, frisa Leandro Dias, de 41 anos, praticante da modalidade há mais de 20.

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A bocha

Vencedor soma pontos de acordo com a quantidade de bolas mais próximas do bolim (Foto: Felipe Couri)

O esporte é disputado em uma cancha de 24 metros x 4 metros, que pode ser de terra, grama, cimento ou materiais sintéticos. A referência é bolim, a bola-alvo, que tem diâmetro, geralmente, de seis a dez centímetros, e peso de 250 gramas. Os jogadores precisam lançar as outras bolas, de 950 gramas, o mais próximo possível do bolim. Vence quem fizer doze pontos primeiro.

“Nos jogos individuais e dupla, são quatro bolas para cada time, e na disputa do trio, são seis. A cada rodada, o vencedor soma pontos de acordo com a quantidade de bolas que estiver mais próxima do bolim, podendo variar de um a quatro ou até seis no caso dos trios”, explica Leandro. Além da tradicional jogada ponto, em que os atletas arremessam a bola devagar para chegar perto do bolim, existem também mais duas técnicas. “Usamos a rafada, uma jogada por baixo, para tirar uma bola do adversário de perto do alvo. A bochada é para o mesmo fim, com a diferença do lançamento ser por cima”, detalha.

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Cenário

Na década de 90, existiam 15 equipes filiadas à liga da cidade, conta Leandro. Porém, em 2024, só três clubes permanecem: Casa D’Itália, Bola Show e Estrela de Minas. “Comecei a jogar em 2001, no Tupynambás, mas em 2009, acabaram com a equipe de bocha. Só pude retornar em 2017. Vários clubes foram fechando e o cenário diminuiu”, lamenta Leandro. No intuito de alimentar a prática do esporte, a Casa D’Itália concluiu, em julho, a reforma das duas quadras, com novo piso, carpete e telhado. O local busca, ainda, recursos para a construção de vestiários.

Apesar da diminuição no cenário, o atleta enxerga que existe procura na cidade. “Muitas pessoas jovens querem praticar. Isso é o legal da bocha, pode ser praticada por pessoas de qualquer idade, da criança ao idoso. A Itália é o país mais tradicional, seguido da França, mas o Brasil não fica para trás. Temos campeões de competições internacionais”, ressalta.

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Campeão de 77 anos

Um dos atletas mais conhecidos de Juiz de Fora na bocha é Everaldo Medeiros, de 77 anos. Quando tinha 42, ele iniciou na modalidade no Tupi, ao ver pessoas jogando. Desde então, participou de competições em São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso. Disputou até duas das maiores competições nacionais do esporte, o Bolim de Ouro e a Taça Brasil. Além disso, ele já foi campeão mineiro diversas vezes.

“Tem que se dedicar muito, de preferência, treinar todos os dias. O esporte é cansativo, mas gosto muito. Precisa estar bem preparado, fica muito em pé e anda para todos os lados. Mas aqui é um momento de saúde e amizade. É uma gratidão enorme rever os amigos e praticar um esporte que amo e luto para melhorar cada vez mais e poder ser campeão sempre”, declara.

*Sob supervisão do editor Gabriel Silva

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