Quando Paulo Cesar Zanovelli iniciou o curso de Educação Física na UFJF, em 2011, não imaginava que, aos 28 anos, teria tanto prazer em exercer uma função ligada ao futebol que não fosse uma das mais populares, como atleta ou treinador. Eis que a vontade de estar na área do esporte mais popular do mundo, o encontro com o ofício de árbitro e a competência do juiz-forano o recompensaram. O profisional, filiado à Federação Mineira de Futebol (FMF), acaba de ser promovido ao quadro de árbitros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Paulo Cesar encontrou a reportagem da Tribuna no início da semana em um de seus locais preferidos na cidade – a pista de atletismo da Federal, onde realiza treinamentos físicos, e relembrou o caminho até chegar ao seleto grupo de árbitros da CBF. “Sou de Juiz de Fora, mas fui para São João Nepomuceno aos 16 anos e voltei para estudar na UFJF aos 21. Sempre gostei muito de futebol, nunca fui muito bom de bola, mas gostava de brincar. E a arbitragem entrou na faculdade com um colega meu no futsal, o Renato Siqueira. Começamos a apitar torneios internos da faculdade no futsal.
Depois, meu tio, que trabalha em JF como árbitro assistente, me levou para a Associação de Árbitros (de Juiz de Fora). Nunca tive o sonho de ser árbitro, mas depois que comecei, criei gosto, me apaixonei, e estou trilhando o meu caminho. Fiz o curso da FMF em 2014, gostei e passei a buscar algo maior. E nesse meio de ano fui agraciado com a entrada na CBF”, resume.
Nessa quinta-feira (19), Paulo Cesar estreou no Campeonato Brasileiro Sub-20, na partida entre Cruzeiro e Vitória. O evento foi o primeiro apitado pelo local no Mineirão. Até aqui, o juiz-forano passou por diversas competições regionais que lhe deram bagagem para os desafios de âmbito nacional.
“Não tive o prazer de apitar a Copa Bahamas, porque sou da Associação dos Árbitros, mas tive o privilégio de apitar competições regionais organizadas pela Associação, inclusive finais. Aqui foi onde comecei, e é legal ter o prazer de dar essa notícia de chegar no quadro nacional para as pessoas que tanto me ajudaram no começo. Já trabalhei nas decisões do Mineiro sub-17 e sub-20, e no início do ano fiz a final da Copa Itatiaia, considerada hoje o maior torneio de futebol amador, com o jogo na Arena Independência para um público de 15 mil pessoas, o maior que já apitei. Sonhava em fazer a final porque esse campeonato não só revela jogadores, como árbitros também”, conta Paulo Cesar.
Rotina
Questionado sobre o que o fez seguir na carreira, o sentimento falou alto. “Tenho o privilégio de ter uma pista de atletismo como essa na UFJF. Não só eu, mas alguns bons árbitros de Juiz de Fora. Treino durante a semana e não sei se a rotina é pesada, porque já me acostumei, mas preciso estar ou na pista ou na academia todos os dias para ficar preparado para todos os jogos. O árbitro precisa treinar, se dedicar e se cuidar. Se não treinar, não vai conseguir passar nos testes físicos, então tem que ser profissional. O que me leva a continuar é o prazer pelo esporte. O árbitro gosta de futebol, de estar no meio. Foi amor a primeira vista!”.
Olhando para o futuro, Paulo Cesar pensa degrau por degrau. “A ideia é continuar, prosseguir na carreira. Participo do Brasileiro sub-20, um primeiro passo. Quem sabe ano que vem eu consiga apitar no Módulo I do Mineiro, já fiz partidas como reserva. E vou buscar meu espaço pouco a pouco. Indo bem nos jogos, as oportunidades virão.”
Região cresce em referências
A formação de árbitros em Juiz de Fora gera nomes de destaque no cenário nacional há anos. O surgimento de nomes como o árbitro assistente Marcelo Van Gasse, que acaba de trabalhar na segunda Copa do Mundo consecutiva, inspira juiz-foranos como Paulo Cesar.
“Temos muitos bons árbitros em Juiz de Fora. O Marcelo Van Gasse é a maior referência na nossa região por ter chegado no maior patamar, na Copa do Mundo, e em duas ainda. Ainda tem o Maurício Machado, que fez clássicos no Rio de Janeiro, o Leo Castro, que quando comecei ainda era da FERJ, o Leonardo Rotondo que também está na FMF e entrou no quadro nacional no início do ano. Rodrigo Souza, Herman Brumel… desculpe se esqueci alguém, mas nossa região, por ter muitos campeonatos difíceis, cria uma exigência que forma bons árbitros na região. São grandes pessoas também e foi muito importante ver eles porque me ajudaram muito no início da carreira”, destaca.