O piloto de paramotor Lu Marini, de 56 anos, referência brasileira na modalidade e recordista continental de altitude, trouxe para Juiz de Fora a “Exposição Terra e Ar”, com fotos, vídeos e objetos que retratam as expedições realizadas pelo atleta e contam a história dos locais sobrevoados. A abertura da mostra acontece nesta terça-feira (20), no Espaço Cidade, localizado na Avenida Barão do Rio Branco, 2234, Centro, às 14h, com entrada gratuita. Idealizador da apresentação, Lu Marini conversou com a Tribuna sobre a sua paixão pelo parapente e os motivos que o levaram a divulgar as suas vivências.
Desde criança, Lu cultivou o desejo de voar, inspirado nos super-heróis. Aos 19 anos, no litoral paulista, conseguiu realizar o sonho ao voar de parapente, mas o então futuro piloto almejava voos maiores. “Queria algo mais, e descobri que na Europa já tinham criado o paramotor, que na verdade é a união do parapente com um grupo motopropulsor, que é o motor que vai nas minhas costas. Fui para a Espanha, aprendi a voar de paramotor, me tornei instrutor e voltei para o Brasil”, conta o atleta, que passou a ser instrutor da modalidade ao voltar ao Brasil.
De volta ao Brasil e consolidado como referência no paramotor, Lu compartilhou seus conhecimentos com a Marinha, e deu aulas para soldados sobre a modalidade de voo. “O paramotor é um bom instrumento de transporte para fazer resgate ou fazer qualquer tipo de ação militar”, explica o piloto.
Expedições pelas Américas
Depois de anos realizando voos e ensinando a alunos sobre o paramotor, Lu decidiu, em 2009, mudar seus objetivos no esporte. Desde então, passou a realizar expedições pelo Brasil e pelas Américas. “Não queria mais voar só para mim, queria fazer algo mais, deixar algum legado, alguma coisa importante para as novas gerações. Foi aí que veio a ideia de fazer expedições. A minha primeira foi por todo o litoral do Brasil, decolei no Rio Grande do Sul e fui até o Rio Grande do Norte. Foram mais de cinco mil quilômetros voando. Depois dessa expedição eu fiz o Pantanal, a Transamazônica. Ao todo, somo mais de 23 mil quilômetros sobrevoados e percorridos pelo Brasil”, detalha.
A partir do momento em que se tornou um piloto de expedições, Lu traçou objetivos, e um deles era bater o recorde de altitude das Américas. Em 2012, Marini conseguiu quebrar essa marca ao sobrevoar, a mais de cinco mil metros de altura, o vulcão Popocatépetl, no México. Além disso, o piloto se tornou o único a realizar a aventura sobre um vulcão em atividade nesta altitude. “Voei a uma temperatura de -15º C. Tive que levar roupa térmica, oxigênio auxiliar, porque nessa altitude já não tem mais oxigênio, e consegui sobrevoar o Popocatépetl e fazer o recorde de altitude”, conta o piloto.
Além de habilidade, a sorte se faz necessária nesse tipo de expedição. “Curiosamente, dez dias depois do meu sobrevoar, o Popocatépetl explodiu. Hoje eu brinco que se eu passar em cima dele, eu vou explodir”, revela.
Expedição mais marcante
Dentre as inúmeras expedições realizadas por Lu Marini, a que mais o marcou aconteceu após a tragédia de Mariana, em Minas Gerais. Após o rompimento da barragem de Fundão, o piloto sobrevoou o Rio Doce e registrou os danos causados pelos rejeitos de minério. “Fiz um documentário dessa expedição, que foi selecionado em dois festivais na Europa. Esse filme tem um conteúdo que eu acho que é uma coisa que nunca poderá ser esquecida na história do Brasil. Apesar de ser a expedição mais difícil de fazer, ela tem um registro importante”, reflete.
Logística
Para uma expedição de paramotor acontecer, o atleta traça um planejamento e tem o apoio de uma equipe durante os voos. “Antes de uma expedição eu vou pro computador e crio uma rota com os pontos de pouso. Tenho condição de voar por cerca de uma hora com o tanque de combustível que eu tenho. A velocidade vai depender do vento. Se estiver ventando muito, eu consigo chegar a 100 km/h. Com vento zero, a velocidade da minha asa é mais ou menos 40 km/h. Dependendo da velocidade, consigo percorrer de 150 a 200 quilômetros por voo. Além disso, tenho uma equipe de terra, que é o meu apoio, que vai me acompanhando via rastreador e me dá suporte”, detalha o piloto.
Exposição Terra e Ar
A “Exposição Terra e Ar” possui mais de 50 fotos legendadas, vídeos e objetos das expedições de Lu Marini em painéis explicativos, com as histórias, belezas e os encontros do piloto. Para Marini, o principal objetivo de realizar a mostra é compartilhar suas vivências durante os voos de paramotor. “A grande motivação dela é justamente passar para as pessoas o que eu vi, para elas conheceram um pouquinho os lugares que eu sobrevoei. Lá tem um conteúdo histórico e documental também, de fotos, imagens”, conta.
*Vinicius Soares, estagiário sob a supervisão do editor Gabriel Silva