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Altina Carla, treinadora grau preto, atleta e mãe, conta sua trajetória no muay thai

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“No meu tempo era eu e mais duas mulheres e a gente apanhava muito, treinava com meninos e não tinha essa de refrescar só porque sou mulher. Então ralei muito para chegar onde cheguei, e meu mestre (Ninho) sempre deu a maior força”, conta Altina (Fotos Marcelo Ribeiro)
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“O que me encanta são os golpes. A gente aprende a ter disciplina e humildade, são duas coisas que todo lutador tem que ter. A humildade em primeiro lugar, com ela você vai longe, isso aprendi com meu mestre”, diz a atleta e treinadora Altina Carla Almeida, uma das poucas lutadoras de grau preto ponta branca do estado no muay thai. Hoje, aos 32 anos, Altina já treinou campeões e inspirou a filha, que luta ao seu lado há poucos meses. A treinadora relembra seus primeiros passos à Tribuna e revela que seu maior sonho é ter sua própria academia de muay thai.

“Eu sempre fui apaixonada por luta desde que me entendo por gente, mas só comecei a treinar muito jovem, através do meu irmão. Quando comecei a treinar fiquei grávida da minha menina, tinha 16 anos na época, mas todo dia ficava na porta da academia vendo os treinos. Quando ela tinha seis meses comecei a treinar, levava ela para a academia no carrinho e nunca mais parei”, conta.

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Para a treinadora, o início nas artes marciais foi uma verdadeira luta, em uma época em que as mulheres não eram bem aceitas no meio e poucas embarcavam no desafio. “Sempre teve [machismo], porque mulher que gostava de luta era taxada de pé grande, sapatão, porque vivia bastante no meio dos meninos. Se fosse o tempo de agora eu já estava longe. No meu tempo era eu e mais duas mulheres e a gente apanhava muito, treinava com meninos e não tinha essa de refrescar só porque sou mulher. Então ralei muito para chegar onde cheguei, e meu mestre (Ninho) sempre deu a maior força. Foi bom, porque se eles não me batessem e pegassem pesado eu não estaria aqui hoje”, relembra e conta que se sente reconhecida pela trajetória que construiu na luta.

Sua carreira como treinadora começou há quatro anos, desde que se formou como grau preto. Atualmente, Altina concilia os treinos de muay thai para homens e mulheres com o trabalho de balconista, mas sonha em ter sua própria academia e estipulou montá-la como meta para o próximo ano.

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‘O que aprendi eu ensino para eles’

 

“Não é fácil, eu me sinto como mãe deles e eles me respeitam muito. Esse ano levei cinco atletas para lutar, foram cinco lutas e cinco vitórias”, conta a treinadora

Altina conta já ter participado de oito lutas, sendo duas derrotas e três vitórias e planeja lutar mais uma vez antes de aposentar as luvas. “É muito gratificante subir lá e mostrar o que aprendeu. Eu sempre subo na intenção de ganhar”, comenta. Desde que se tornou treinadora, Altina vem se acostumando a estar do lado de fora do ringue e sentir o peso do adversário de uma maneira diferente. Para quem encara os alunos como filhos, guiá-los é uma tarefa difícil. “Não é fácil, eu me sinto como mãe deles e eles me respeitam muito. Esse ano levei cinco atletas para lutar, foram cinco lutas e cinco vitórias. Eu passo mal, fico com medo que se machuquem, é treinadora e mãe ao mesmo tempo”, conta.

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Tanta paixão inspirou até mesmo a filha, Larissa Almeida, que de tanto acompanhar desde pequena no carrinho, também se encantou pela modalidade. Aos 15 anos, a atleta completou seu primeiro desafio no 1º Golden Girl em Três Rios e sonha em seguir os passos da mãe e, quem sabe um dia, ser treinadora também. “Para mim é um orgulho muito grande porque até então eu não gostava e comecei a me interessar pelo muay thai esse ano. Eu fiz outros esportes, a capoeira e o futebol, mas o que me chamou atenção mesmo foi a minha mãe, eu amo ver ela treinando e quando ela ia lutar, meu coração sempre apertava, aí eu falei para ela: ‘um dia você vai ter esse aperto que eu tenho’. Comecei a treinar com ela, tive duas lutas e ganhei as duas. Tenho muito orgulho e me espelho nela. O que sempre está possibilitando a gente a estar perto da outra é o muay thai.”

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