A repercussão da tragédia aérea que matou 71 pessoas e envolveu o elenco da Chapecoense em novembro do ano passado ganhou novo capítulo esta semana. O juiz Marcos Bigolin, da 3ª Vara Cível de Chapecó (SC), concedeu na terça-feira (17) uma liminar a favor da equipe alviverde para suspender a divulgação e a estreia do documentário “O Milagre de Chapecó”. A decisão, que cabe recurso, pede a suspensão da divulgação do trailer, inclusive na internet, em 48 horas, e suspende a estreia do filme por tempo indeterminado.
A Tribuna entrou em contato com o pai do zagueiro juiz-forano Marcelo Augusto, que morreu no acidente, Paulo Manoel da Silva, que afirmou não ter participado do documentário, mas que recebeu o conteúdo antes da polêmica por uma profissional que o assessora em Chapecó. Até o momento, ele não se opôs ao documentário, mas irá se aprofundar no tema para um posicionamento definitivo.
“Não participei porque pensei ser uma homenagem e que poderia ajudar a Instituição (Marcelo Augusto), não vivendo da desgraça. Mas são outras famílias, a maioria delas, e não posso intervir. Estou esperando o que irá acontecer para analisar e tomar a decisão correta sobre esta situação. E amanhã (quinta) vou ligar para Chapecó para me cadastrar na Associação Brasileira das Vítimas do Acidente com a Chapecoense. Já peguei os contatos para saber como funciona e ter uma resposta melhor”, explica.
Polêmica
A polêmica foi motivada pelo conteúdo, de responsabilidade da produtora Trailer Ltda., com imagens dos jogadores vitimados, ter sido produzido sem o conhecimento de parte dos familiares dos atletas. A previsão é de estreia em 30 de novembro, um dia após a queda do avião. Além disso, a Chapecoense, que entrou na Justiça contra a produtora, alega que não autorizou a divulgação do trailer nos cinemas da cidade, posicionamento questionado pelos autores do documentário, que afirmaram ter enviado o vídeo há meses à agremiação.
A Associação dos Familiares das Vítimas do Voo da Chapecoense (Afav-c) também expôs a intenção de entrar com uma ação na Justiça para que o filme não seja exibido, pois muitas famílias não foram informadas sobre a produção. Já a Associação Brasileira das Vítimas do Acidente com a Chapecoense (Abravic) assegurou que, inicialmente, não tomará outro tipo de medida por conta da decisão judicial.