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Há 40 anos, Tupi vencia o Atlético-MG em JF com estádio lotado

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Em 18 de setembro de 1985, uma noite entrou para a história do futebol de Juiz de Fora. Diante de 11.648 torcedores, que lotaram o Estádio Procópio Teixeira, o Tupi derrotou o Atlético Mineiro por 1 a 0, com gol de Sidnei aos 44 minutos do segundo tempo e assumiu, ao lado do Cruzeiro, a liderança do quadrangular final do primeiro turno do Campeonato Mineiro. Quarenta anos depois, a memória daquela partida permanece em quem esteve em campo.

“O nosso time era muito forte e éramos muito entrosados. Luís Alberto, nosso treinador, sabia do nosso poder e sempre nos fez acreditar que era possível”, recorda Ronaldo Campos, então atacante do Carijó, que entrou no lugar de Zé Maria na segunda etapa. Hoje com 64 anos, o morador do Bairro São Pedro, Cidade Alta, relembra que, mesmo diante de um elenco estrelado do Atlético, o Tupi entrou em campo disposto a vencer. “Tínhamos total consciência de que o time do Atlético era melhor, mas entramos com garra e força de vontade de fazer história contra eles, assim como foi o Fantasma do Mineirão“.

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Ronaldo Campos, o “Ronaldinho”, nascido no Bairro Linhares, começou sua trajetória no futebol pelo Clube Palestino. Ainda no juvenil, enfrentou o Tupi e acabou sendo convidado a integrar o clube, no qual conquistou títulos nas categorias juvenil e júnior antes de se profissionalizar. Como atleta do Tupi, foi campeão da Segunda Divisão do Mineiro e bicampeão do Interior de Minas Gerais. Depois, foi para o Atlético-MG e jogou ao lado de craques como Nelinho, Éder e Reinaldo. Posteriormente, integrou o elenco da Inter de Limeira e conquistou o inédito título paulista de 1986 sobre o Palmeiras.

Após essas experiências, retornou ao Tupi, agremiação na qual encerrou sua carreira profissional, no dia da inauguração do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. Ao todo, ele vestiu a camisa do clube por cinco temporadas. Mas, até hoje, Ronaldo participa das partidas do time master, mantendo viva a conexão com o clube que considera seu primeiro amor no futebol.

Tupi venceu o Atlético-MG para mais de 8 mil pessoas no Sport (Foto: Acervo Léo Lima)

Escalações do Tupi e Atlético-MG

Na oportunidade, o técnico Luis Alberto escalou o Tupi com Adilson, Evaldo, Ricardo Estrade, Ricardo Balbino, Valdir (Ademir); Isidoro, Manoel, Sidnei; Nequinha, Zé Maria (Ronaldo), e Teófilo.

Já Vicente Lage mandou o Atlético-MG a campo com João Leite; Nelinho, João Pedro, Luisinho, Jorge Valença; Elzo, Paulo Isidoro, Everton; Sérgio Araújo, Paulinho Kiss e Edvaldo.

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Pressão e euforia no Procópio

Naquela noite, o Tupi começou marcando sob pressão, dominando as ações até os 17 minutos, conforme matéria publicada pela Tribuna. O Atlético respondeu com perigo, mas esbarrou nas defesas seguras de Adilson. No segundo tempo, com Ademir em campo e Sidnei mais solto pela esquerda, o Carijó voltou a incomodar. O empate parecia certo até que, aos 44, Sidnei aproveitou uma falha da defesa, avançou pela esquerda e tocou com categoria no canto direito de João Leite, fazendo o Procópio Teixeira explodir.

“Acredito que realmente a torcida, que lotou o campo do Sport, e a nossa entrega em campo foram nossos diferenciais para fazer esse resultado. Nós víamos no olhar dos jogadores do Atlético que eles estavam um pouco assustados com a nossa raça. Naquele dia podia acontecer o que fosse, que a gente sairia vitorioso”, afirma Ronaldo.

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Ele lembra que, assim que a bola entrou, foi impossível conter a euforia. “Depois do gol, parecia que o estádio ia desabar. A torcida invadiu o gramado, todo mundo pulando e gritando. A gente sentia que tinha feito algo histórico para a cidade”, afirma ele.

Ronaldinho (à esquerda) em jogo do Galo Carijó (Foto: Arquivo pessoal)

Rivalidade e legado

A vitória marcou uma época em que o Atlético não conseguia vencer o Tupi em Juiz de Fora. Entre 1984 e 1990, foram nove confrontos no município, com quatro vitórias carijós e cinco empates – um período de hegemonia local que alimentou o orgulho da torcida. O Carijó terminou aquele turno do Mineiro em terceiro lugar, enquanto o Cruzeiro ficou com o título, mas o triunfo sobre o Galo ficou como símbolo de uma geração.

“Jogar contra os times da capital sempre foi muito especial. E a vitória sempre comemorávamos como um título, então o sentimento dessa não foi diferente. Tanto é que estamos repercutindo esse jogo 40 anos depois”, diz Ronaldo, que, após pendurar as chuteiras, seguiu trabalhando na empresa de confecção fundada por sua mãe, mas nunca se desligou do Alvinegro de Santa Terezinha.

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“O Tupi foi e sempre será o meu primeiro time do coração. Foi lá que aprendi sentimentos de equipe, valores que carrego para a vida até hoje. Ainda tenho a esperança que o clube possa voltar a ser relevante para Minas Gerais, e, quem sabe, para o Brasil”.

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