Após um longo hiato e justas férias – férias sempre são justas, para todos – reassumo este espaço. Em bom mineirês, já estava um cadiquinho saudoso dessa prosa. Aliás, saudades é mato por aqui, em meio à pandemia e ao pandemônio.
Saudades de vivenciar o cotidiano das ruas. Saudades de passear entre desconhecidos. Saudades de viajar. Saudade de abraçar gente querida. Saudades de tudo. Até das férias, mas não da mais recente e reclusa, mas daquelas de sempre, de estradas, de farras e de amigos.
No tal de velho normal, quando o Zeca Baleiro tinha liberdade para bater na porta do vizinho e desejar bom dia e para beijar o português da padaria, sempre ouvimos que a vida passava diante de nossos olhos ante uma ameaça de morte. Nos últimos meses, com todos sob riscos e medo, foi mais ou menos assim e o olho no retrovisor nos deu esperança para nos mantermos firmes na estrada.
Assim, em #tbts sem fim, revisitamos momentos saudosos enquanto as ruas se mostraram – ainda se mostram – perigosas. Por várias vezes, nas últimas semanas, escolhi publicar fotos nostálgicas que faziam menção ao futebol. Foram muitas as postagens que remetiam a fotos e legendas de saudades do jogo, das peladas, do Tupi e, em especial, do meu Corinthians.
Curioso que, agora que a bola já voltou a rolar em alguns locais – no Rio, por exemplo – e em outros o retorno já parece bem ensaiado – casos de São Paulo e Minas -, o fervor da saudade não parece mitigado. Pelo contrário. As finais do Campeonato Carioca não empolgaram. A iminência da retomada dos estaduais, idem. Não era disso daí que eu tava com saudade, “ta ok?”
Preciso de pão, mas, já não basta mais o circo. Ou só isso. Futebol é paixão, mas ela não resiste à frieza de estádios vazios e à dor de hospitais cheios. Não é disso que sinto saudades. O que faz falta de verdade é a arquibancada lotada, os coros apaixonados, a resenha na mesa do boteco, o abraço no desconhecido para comemorar o gol improvável. Futebol é calor humano. É disso que sinto saudades e aguardo em um futuro próximo.