Rostov (AE) – A Seleção Brasileira começa a caminhada na Copa do Mundo da Rússia neste domingo (17) contra a Suíça, às 15h, na Arena Rostov, em Rostov, pelo Grupo E, com dois pesos nas costas. Fora a habitual expectativa pelo título e a pressão pelo hexa, a equipe do técnico Tite carrega a missão de concluir a grande operação de resgate do futebol nacional. Os 23 jogadores precisam, ao final da jornada, entregar à população brasileira uma lembrança melhor para se guardar na memória do que a herdada do último Mundial.
A Copa do Mundo é o último capítulo da luta iniciada em 8 de julho de 2014, a fatídica data do 7 a 1 para a Alemanha. Os intermináveis 90 minutos de sofrimento, choque e vergonha precisariam dar lugar a um processo de reação. “O respeito pela equipe agora é diferente daquele de três ou quatro anos, após a Copa do Mundo. As pessoas nos veem de forma diferente. O Brasil que todos respeitam e admiram está de volta. Uma equipe que joga um bom futebol”, resumiu Neymar em entrevista ao site da Fifa, no ano passado.
Naquele altura, já sob o comando de Tite, a seleção conseguia unir o útil ao agradável. Obtinha resultados positivos e apresentava bom futebol. Internamente, recuperava a confiança; externamente, o respeito dos adversários. Mas ainda falta o principal. A busca pela recuperação nesta Copa do Mundo mexeu com a preparação. Em vez de treinos abertos, lotados de jornalistas e patrocinadores, como em 2014, a seleção agora é um ambiente de mistério. Na Rússia, as atividades são reservadas, realizadas em um campo cercado por tapumes do alambrado até a parte superior, onde banners impedem até que os passageiros da linha de trem que passa nas proximidades consigam ver algo.
A concentração só ganhou refresco por uma mudança. A pedido de Tite, os familiares dos jogadores puderem vir à Rússia. Nas horas sem atividade, os encontros com parentes ajudam a amenizar a pressão. “Família é tudo para nós. Estão do nosso lado comemorando nos momentos bons, mas principalmente nos difíceis, de derrotas e nas frustrações na vida. Tê-los aqui nos dá uma força maior”, disse o goleiro Alisson.
A atmosfera positiva, com peso correto entre confinamento e convívio externo, alimenta a busca pela redenção na Copa. O Brasil começa a campanha em Rostov disposto a provar que merece recuperar o respeito no futebol mundial. A seleção passou por um calvário nos anos seguintes ao Mundial de 2014, com eliminações precoces em duas edições de Copa América, tropeços nas Eliminatórias e o risco de perder a vaga na Rússia. O ponto de virada nesse roteiro veio em 2016.
A CBF dispensou o técnico Dunga e trouxe Tite. Nas mãos dele o time saiu do sexto lugar nas Eliminatórias para a liderança, fechou a competição com a melhor campanha brasileira na história e foi o primeiro país a se classificar em campo para o torneio. O Brasil conseguiu amenizar a vergonha pelo maior vexame da história com grandes vitórias de feito simbólico. Em 2016, a seleção voltou ao então Mineirão, palco do traumático 7 a 1, e venceu com domínio a Argentina, por 3 a 0. Neste ano, em março, reencontrou a Alemanha em amistoso e, em pleno estádio Olímpico de Berlim, conseguiu ganhar por 1 a 0.
A equipe estreia na Rússia como uma das favoritas, com uma geração talentosa, mais experiente e lapidada pela decepção de 2014. Remanescentes como Paulinho, Marcelo, Thiago Silva, Willian, Neymar e Fernandinho estão dispostos a fazer da Copa um marco da redenção do futebol brasileiro. “O futebol é bom porque dá a oportunidade, muito rápido, para você reverter o que fez”, disse Paulinho.
Marcelo será o capitão
Rostov (AE) – Marcelo será o capitão da Seleção Brasileira na estreia. Neste sábado (16), a CBF comunicou que o técnico Tite optou por entregar a braçadeira ao lateral-esquerdo do Real Madrid, no rodízio da capitania implementado pelo treinador desde o início do seu trabalho à frente da equipe nacional. A função de capitão, porém, não é inédita para Marcelo, que já havia a exercido na seleção brasileira com Tite em outra oportunidade, na vitória por 2 a 0 sobre o Equador, no fim de agosto de 2017, pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre.
Tite tem revezado a função desde o seu jogo de estreia na seleção em setembro de 2016. E avisou durante a preparação para a Copa do Mundo que vai repetir o expediente no torneio na Rússia, ainda destacando que o fará apostando nas referências e jogadores mais experientes do elenco. Já o volante Fred evoluiu na recuperação da lesão no tornozelo direito, mas ainda não o suficiente para ser aproveitado contra a Suíça. Tite revelou que o atleta não tem condições de jogar.
“Temos 23 atletas de altíssimo nível. O Fred não tem condições de jogo para amanhã (domingo), está fora. Todos os demais estão em condições, a ponto de dois deles, eu ter falado hoje (sábado) com médico e preparador físico, questionando se estavam preparados para o jogo”, afirmou Tite, confirmando a ausência do meio-campista recém-adquirido pelo Manchester United e indicando que já pensa em aproveitar dois reservas durante o duelo com a Suíça.