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‘Oferecemos o possível’

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Diretoria do Tupi em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (FOTO: Marcelo Ribeiro)
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De cabeça erguida. Esta foi a sensação passada pela diretoria do Tupi na tarde de ontem, na sala de troféus da sede social do clube, na primeira entrevista coletiva após o rebaixamento para a Série C ter sido sacramentado. Se pronunciaram a presidente Myrian Fortuna, o vice-presidente de Futebol, José Roberto Maranhas, o VP de Finanças, Jarbas Raphael, e o diretor executivo de futebol, Gustavo Mendes.

“Oferecemos o possível para a competição. Uma infraestrutura possível, dentro dos moldes do Tupi, campo para treino, alimentação de qualidade, moradia aos jogadores, mesmo não tendo sido bem recebidos pelos empresários de Juiz de Fora. Me lembro que, no ano passado, visitamos mais de 120 empresas e todas com aquela dificuldade da crise que vive o país até hoje”, iniciou Fortuna, ao avaliar o planejamento, sendo complementada por Maranhas, que lembrou dificuldades do Mineiro.

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“Em termos de planejamento a coisa foi bem feita. Mas você tem que obter resultados. Contratamos com bastante antecedência o treinador do Mineiro (Júnior Lopes), tínhamos bastante segurança que ficaria para o Brasileiro. Infelizmente nas primeiras rodadas tivemos que fazer uma mudança de rumos porque o resultado não estava acontecendo. Aproximadamente 60% do elenco do Mineiro participaria da Série B. Tivemos que fazer dispensas porque a comissão técnica que entrou (Ricardo Drubscky) achou por bem mudar. Esses atletas de altos salários não estavam rendendo. Só que hoje existe uma legislação em que você tem que pagar ao atleta todo o salário até o final do ano. Ou você pode fazer um acordo com ele. Ali começou uma defasagem financeira, porque o Tupi é o clube de menor orçamento da Série B”, discursou o VP de Futebol.

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‘Finanças comprometidas’
Um dos pontos mais tocados pelos dirigentes foi a frágil saúde financeira da agremiação, com gastos e receitas resumidos pela Tribuna (ver arte). Para o VP de Finanças do Galo, a equipe formada para o Estadual foi mais cara do que tradicionalmente ocorre no clube, sendo somada às pendências anteriores como o pagamento da premiação do acesso aos atletas de 2015 e o refinanciamento das dívidas com a adesão ao Profut. “Não vou dizer aqui os valores exatamente, por conta de confidencialidade, mas vieram acumulando déficit acima de déficit. Premiação de atletas do acesso à Série B, folha salarial. Estamos mantendo salários em dia com muito custo”, destacou.

‘2017 comprometido’
O processo eleitoral do Tupi segue suspenso pela Justiça. O Conselho Deliberativo carijó, contudo, marcou pleito para o dia 10 de dezembro, sem conformidade do movimento opositório, que aguarda resultado de julgamento colegiado para novo posicionamento sobre a eleição. A pendência, que vem adiando a maior parte do planejamento para o Estadual da próxima temporada, com arbitral amanhã, é profundamente lamentada pela presidente. “Vai trazer uma consequência seríssima para o Tupi se isso for distanciando. Se a gente for optar pelo que está acontecendo, não vai dar tempo de planejar o Mineiro, porque o arbitral é sexta-feira. Estou no meu mandato e tenho que ir lá representar, nós já temos obrigações a cumprir dentro disso, senão o Mineiro vai ficar prejudicado, contratações e outras coisas mais. Quem vai responder se o Tupi não tiver tempo para se planejar?”, questionou. Mendes, por sua vez, lembrou que não há como firmar acordo com atletas enquanto a eleição não ocorrer.

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Reformulação e novo teto salarial
O diretor executivo de futebol alvinegro, Gustavo Mendes, salientou as dificuldades em contratações sem gastos após os estaduais diante de ‘necessidade de uma reformulação’ e revelou o teto salarial após sua chegada. “A crise do futebol atrapalhou bastante. Na captação de alguns atletas sem ônus para o clube, dos 50 que foram oferecidos pelos clubes que normalmente se procura, 42 foram oferecidos pagando (salário). Porque além da realidade cruel da economia, esse ano teve uma readequação em relação ao Profut, que é um bem, mas que neste momento é uma despesa maior para os clubes. Para se ter uma ideia, o time que tem a segunda menor folha tem três jogadores que ganham em torno de R$ 25 mil por mês. Nosso maior salário é R$ 11 mil. Esse foi o nosso teto o tempo todo. É uma luta desigual. Claro que todos os jogadores foram mapeados, o mercado em algumas posições oferecia um jogador que se encaixasse melhor, mas o nosso valor médio, nossa folha, é bem abaixo da média do que se pratica na Série B. E com tudo isso montamos um time pagando em dia, dando um mínimo de condição e fazendo o nosso melhor para que a gente tivesse uma situação melhor.”

As mudanças, segundo Mendes, colocam o Tupi “ativamente em processo de profissionalização no futebol, que é a médio prazo, e extremamente desgastante em todos os níveis. Mudar conceitos em qualquer área da vida é muito difícil. Foi um processo bom, um ano em que eu pude implantar bastante coisa. Tomara que seja, mas se não continuar com o Gustavo, que seja com outro profissional. Aprendi aqui que o Tupi tem uma tradição de dar a volta por cima. No final do campeonato falei: ‘Caiu? Levanta’. E o Tupi tem tudo para levantar.”

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Marketing e arquibancadas vazias
Ao tratar a baixa presença de público na Série B, Maranhas relembrou o histórico recente da equipe. “Em média, desde 2008, nunca passou de 2.500 pessoas. Não estou falando de Atlético, Cruzeiro, Vasco nesse ano, em que a torcida deu uma resposta espetacular. Claro que como dirigentes, com uma ansiedade da população, esperávamos um público maior. Nunca dependemos de bilheteria, porque foi sempre muito fraca, e se dependêssemos dela não participaríamos nem da segunda divisão do Mineiro. Mas é uma receita que poderia nos ajudar de repente a trazer atletas de melhor nível. A maior motivação para estar em campo seria estar na Série B. A nossa estreia na competição, contra um Goiás, de tanta tradição, teve 1.500 pessoas. Não temos objetivo de criticar o público de JF, principalmente com todos os jogos sendo televisionados, podendo beber uma cerveja, o que não é permitido no estádio. Mas era uma ansiedade do torcedor. Vejo o futebol de uma maneira em que vou para ver o espetáculo, mas claro que gosto de ver meu time ganhar.”

Mendes foi além, lembrando ações realizadas buscando maior atração dos juiz-foranos. “Teve promoção para homem e mulher, criança, camisa, data comemorativa, foi feito um bar especial na cercania para que o torcedor pudesse ser atendido, reformulou-se o programa sócio-torcedor. Acho que o clube fez as ações de marketing, mas infelizmente a média de público não subiu, talvez pela média histórica ou pela campanha. A falta de costume dos horários de Série B também, teve um mês que a gente jogou em casa e nenhum dos jogos foi no mesmo horário e no mesmo dia. É muito difícil fidelizar torcedor dessa maneira, é uma conjunção de fatores.”

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