O JF Vôlei confirmou, na tarde desta sexta-feira (16), que não irá disputar a Superliga masculina 2021/2022. A vaga havia sido conquistada com o título da segunda divisão nacional, obtido de forma invicta, e devia ser confirmada até a última quinta-feira (15) junto à Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Conforme o diretor técnico do projeto, Maurício Bara, durante anúncio em coletiva on-line, a desistência ocorreu exclusivamente pela insuficiente captação de recursos oriundos de patrocinadores diretos. A verba seria necessária para o pagamento dos salários dos atletas durante a competição. Apesar da má notícia, a diretoria também anunciou a criação do Centro de Ensino JF Vôlei. O projeto contempla escolinhas de voleibol por meio do arrendamento da quadra do antigo CRAC, localizado no Bairro Granbery, região central.
“Declinamos da vaga na Superliga A porque não podemos arriscar a sustentabilidade do objetivo principal do projeto que é a formação social através do vôlei. Além do nome do projeto, a credibilidade, construída com muito esforço. Nós decidimos não entrar na Superliga A por absoluta falta de apoio financeiro”, reiterou Maurício.
Conforme o diretor, as despesas mensais do JF Vôlei girariam em torno de R$ 120 mil, com a necessidade de o projeto captar valores entre R$ 30 e 50 mil (ao mês) por meio dos patrocinadores diretos. “Existem equipes que têm de R$ 800 mil a R$ 1,2mi mensal. Só pra ter uma noção de grandeza e de que não estávamos buscando nada fora do comum. Apenas a saúde financeira e uma competitividade”, ressalta o diretor, que teria apoio da CBV em passagens aéreas, taxas de arbitragem e parte da logística, valores também assegurados pelo JF Vôlei por meio das leis de incentivo, que não permitem que a verba seja utilizada justamente para o pagamento dos salários aos jogadores.
Sem retorno
O JF Vôlei atingiu apenas 20% do que pleiteava mesmo diante da renovação dos atuais patrocinadores. “Após o título (da Superliga B), nunca tivemos um trabalho tão incessante com diferentes setores se envolvendo e apresentando o projeto, tentando influenciar as pessoas que poderiam nos ajudar a dar um passo maior, que era a disputa da Superliga A. Mas tivemos retornos insuficientes. Meu telefone não tocou, não houve uma demanda espontânea de fora pra dentro do JF Vôlei. Fomos em busca com ajuda de vários setores da sociedade. No entanto, todos sabem que os custos da Superliga A são altíssimos, pelo menos de quatro a seis vezes maiores que na B”, explica Maurício.
Ao lado do supervisor Heglison Toledo, a dupla ainda admitiu que recebeu proposta de nova parceria, e até mesmo de levar o projeto para outra cidade. “A Federação Mineira e o Sada fizeram de tudo pra que a gente não desistisse, em um modelo de parceria como feito nos anos anteriores. Mas nem desta forma temos verba para o salário dos atletas”, reitera Maurício. O nome do município interessado não foi divulgado, mas o JF Vôlei optou por “valorizar as raízes pessoais” e seguir com a trajetória em Juiz de Fora.
Não houve, ainda, busca conversas com o Poder Público. “Nosso projeto se caracteriza realmente por buscar dentro da iniciativa privada, mas desde o título não houve nenhuma grande aproximação com o Poder Público. Não deixamos de conversar com ninguém, mas é nossa filosofia tanto nas leis de incentivo quanto nos patrocinadores diretos.”
Campeonato Mineiro e Superliga B
A nível desportivo, o JF Vôlei poderá voltar à disputa do Campeonato Mineiro, agendado para setembro. Sem a vaga na Superliga A, a equipe juiz-forana deve voltar a disputar a segunda divisão nacional. O técnico da última temporada, Marcos Henrique, o Marcão, deverá intensificar as conversas de renovação com o projeto.
“O JF Vôlei passa a ter sua própria casa”
A cúpula dos representantes juiz-foranos reafirmou ter como prioridade a formação social de jovens por meio da prática do voleibol e garantiu que o projeto, apesar da desistência da Superliga A, está “mais sólido do que antes.” Neste sentido, o aluguel da quadra do antigo CRAC foi firmado no último dia 1º, em contrato de um ano, com cláusulas de renovação automática após o período experimental. Foi criado, então, o Centro de Ensino JF Vôlei.
“O JF Vôlei passa a ter sua própria casa. Isso é um avanço de uma maneira gigantesca. Dentro desse local, vamos desenvolver desde as escolinhas de base, as categorias de base. O time adulto vai poder treinar lá também e estamos discutindo a criação do JF Vôlei master pra contemplar todas as idades”, expõe Maurício.
Segundo Toledo, “o objetivo é transformar o local em um centro de ensino do voleibol e ser essa referência para a cidade. A partir de hoje as pessoas vão saber onde fica o JF Vôlei. Teremos um endereço. E montaremos todo um ecossistema, o que é importante para que você possa promover o voleibol e também aproxime a comunidade, de um modo geral, à equipe que a representa em nível nacional.”
O aluguel visa, ainda, uma fonte de renda com iniciativas como as escolinhas. “Buscaremos ter um fluxo de caixa importante para viabilizar outras atividades. Como copas e campeonatos de categorias de base para fomentar o voleibol dos núcleos, da cidade, e também da região.”
Desde o último dia 5 já são realizados treinamentos das categorias sub-17 e sub-19, com o intuito de participarem, por exemplo, dos estaduais de base.