João Fonseca se despediu do Aberto da Austrália na segunda rodada, nesta quinta-feira (16). A derrota, contudo, não desanimou o jovem tenista brasileiro. Ele exaltou sua série “excepcional” de 14 vitórias consecutivas e comemorou tanto o bom teste físico em sua “estreia” numa partida de cinco sets (7/6, 3/6, 1/6, 6/3 e 3/6) quanto a sua luta ao longo das 3h37min do jogo contra o italiano Lorenzo Sonego.
“Contando com o jogo de hoje, foi uma gira muito boa. Na verdade, foi excepcional, entrando no Top 100. Fiz 15 jogos consecutivos, com 14 vitórias e uma derrota. Obviamente, é dura a derrota de hoje. Mas, tirando como aprendizado, o jogo de hoje exigiu experiência e físico. Foi o meu primeiro jogo que realmente foi de cinco sets. Então, estou feliz por ter aguentado fisicamente”, comentou.
Antes de enfrentar Sonego, o brasileiro estava acostumado a disputar partidas mais curtas, de melhor de três sets, o que é o padrão no circuito profissional. Os jogos definidos em melhor de cinco sets são disputados somente nos Grand Slams atualmente, caso do Aberto da Austrália.
Em dezembro, quando chamou a atenção do mundo do tênis, Fonseca foi campeão do Torneio Next Gen Finals, na Arábia Saudita. Durante a competição, que reuniu os oito melhores do mundo com até 20 anos de idade, o brasileiro jogou uma partida de cinco sets. Mas o formato da competição, que tem caráter quase de exibição, é diferente, com sets menores, de até quatro games – as partidas oficiais contam com parciais de seis games.
‘Não consegui jogar bem a partida’
No Aberto da Austrália, Fonseca venceu seus três jogos no qualifying, a fase preliminar da competição, sem perder sets, ganhando todos por 2 a 0. E, na chave principal, logo em sua estreia num torneio deste nível, ele surpreendeu o mundo ao derrubar o favorito Andrey Rublev, número nove do mundo, por 3 a 0.
Nesta quinta, o desafio foi contra o experiente Sonego, atual 55º do mundo, mas que já foi o 21º. Foi a segunda partida entre os dois no circuito. No primeiro, no ano passado, Fonseca levou a melhor no Torneio de Bucareste, na Romênia, sobre o saibro.
“Mentalmente, o jogo foi muito difícil. Depois de enfrentar um Top 10, jogando contra um Top 50 do qual eu já ganhei, numa superfície diferente (quadra dura), um jogador intenso. Sabia que seria um jogo difícil. O primeiro set foi muito bom. Fui conseguindo me soltar um pouco. No segundo e terceiro sets, não consegui me soltar, não consegui jogar bem. Na verdade, eu diria que não consegui jogar bem a partida inteira. Fui me adaptando, meu saque hoje não foi muito bom.”
Conhecido pelo potente saque, Fonseca disparou 11 aces, contra 12 do italiano. Mas cometeu seis duplas faltas, enquanto Sonego anotou apenas três. Apesar das oscilações nos fundamentos em que costuma brilhar, o brasileiro deixou a quadra satisfeito pelo seu esforço até o último ponto do quinto set.
“O que é legal é poder enfrentar um jogador do Top 50 do ranking mesmo sem jogar o meu melhor. Consegui fazer um bom jogo. E estou feliz pela forma como eu lutei. Só tenho a agradecer a torcida brasileira”, afirmou, ao mencionar o apoio maciço da torcida ao longo da partida. “Estou muito feliz, só tenho a agradecer pela oportunidade que estão surgindo e seguir trabalhando para cada vez mais estar preparado para estes jogos e seguir trabalhando para poder estar melhor no ranking. Vamos com tudo!”, declarou.
A boa sequência de jogos no Aberto da Austrália, desde o qualifying, fará o brasileiro dar um salto no ranking da Associação dos Tenistas Profissionais. Atual 112º do mundo, ele entrará no almejado Top 100, atingindo uma das principais metas para tenistas da sua idade. Ele deve aparecer entre o 90º e o 98º posto na próxima atualização da lista, no dia 27, ao fim do Aberto da Austrália.
Próximos passos de João Fonseca
João Fonseca deve definir nos próximos dias como será seu calendário no circuito profissional. O brasileiro já está confirmado no Torneio de Buenos Aires, deve garantir sua vaga no Rio Open e representará o Brasil na Copa Davis, no início de fevereiro.
Antes de estrear no primeiro Grand Slam da temporada, em Melbourne, o plano de Fonseca e sua equipe era disputar um torneio Challenger, abaixo das competições de nível ATP, na França. A escolha é estratégica. Em solo francês, ele já se prepararia para defender o Brasil na Copa Davis.
Entre os dias 1º e 2 de fevereiro, a equipe brasileira enfrentará justamente a França, fora de casa, no Palais des Sports Jean Ros, na cidade de Orleans, pela primeira rodada da fase classificatória. Fonseca está na lista de convocados e deve ser a grande aposta do Brasil para tentar surpreender os anfitriões.
Depois da Davis, o caminho de Fonseca será o saibro. Ele já está confirmado na chave principal do Torneio de Buenos Aires, de nível ATP 250. A competição na capital argentina será disputada entre os dias 10 e 16 de fevereiro, uma semana antes do Rio Open, competição de nível ATP 500, de maior prestígio e dificuldade.
Fonseca deve ser confirmado pelos organizadores do Rio Open na semana que vem. Ele pode receber um dos convites do torneio, assim como aconteceu com o Torneio de Buenos Aires. O brasileiro dará um salto no ranking ao fim do Aberto da Austrália, passando do 112º lugar para algo entre 90º e 98º. Mas isso não será suficiente para entrar diretamente na chave do Rio Open, daí a necessidade do chamado “wild card”.
A partir daí, o calendário do Fonseca deve se tornar mais imprevisível, seguindo a estratégia da sua equipe, que vem dosando as participações do brasileiro nas grandes competições enquanto o tenista ganha em preparo físico e técnico para enfrentar os melhores do mundo.
Mas é certo que o tenista de apenas 18 anos estará nas duas principais competições de março: os Masters 1000 de Indian Wells e de Miami, ambos disputados nos Estados Unidos, um na sequência do outro.