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A camisa pesa? Brasileirão de 2023 iguala recorde de campeões brasileiros em uma edição

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A camisa pesa? Com os avanços tecnológicos e científicos nos equipamentos esportivos utilizados por equipes de todo o planeta, essa frase tão dita por amantes do futebol durante vários anos começa a ser questionada. No Brasileirão de 2022, finalizado no último domingo (13), o campeonato contou com apenas 11 campeões brasileiros. Mas com os acessos de Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Bahia, que haviam disputado a Série B, a competição de 2023 irá ter 15 equipes que já levantaram o caneco nacional, igualando o recorde de vencedores em uma única edição desde que o torneio começou a ser disputado no formato de pontos corridos, em 2003. Para analisar as consequências provocadas por essa mudança, a Tribuna conversou com o coordenador da Especialização de Futebol da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e consultor da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Israel Teoldo.

Somente em sete das 20 edições, em 2004, 2011, 2012, 2014, 2017, 2018 e 2020, o principal campeonato de futebol do país contou com 15 campeões na disputa. Em relação ao Brasileirão deste ano, o campeonato de 2023 conta com um aumento de 26% do número de equipes que possuem o título da Série A (15 contra 11 da última disputa): Atlético-MG, Athletico-PR, Bahia, Botafogo, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco disputarão as 38 rodadas da próxima temporada. De todos os clubes que já ergueram o troféu na história, apenas Guarani e Sport não estarão na Série A – na Série B, a dupla irá buscar o acesso em 2023.

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Campeão da Série B após três anos fora da elite, Cruzeiro é um dos clubes tradicionais de volta (Foto: Thomás Santos/STAFF IMAGES)

Conforme Teoldo, a tradição das equipes e a paixão das arquibancadas gera uma demanda de um futebol mais vistoso destas 15 equipes, independentemente do poderio financeiro, desigual em muitos casos.

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“Os grandes clubes têm a necessidade, em função da cultura e do histórico, de jogar para frente. O torcedor não quer que o time jogue por uma bola. Então, os clubes precisam ter um modelo de jogo que coloque eles para frente, que possam propor o jogo. Como vamos ter 15 campeões brasileiros, eles devem se posicionar mais para frente. Mesmo que a realidade seja diferente, por exemplo, entre Coritiba e Flamengo. Mas, de fato, vai ser interessante ver uma Série A com 15 campeões”, acredita Israel Teoldo.

O fortalecimento das SAFs

Além de 15 campeões brasileiros, a Série A de 2023 irá contar com três times que se tornaram Sociedade Anônima do Futebol (SAF) nos últimos anos: Botafogo, Cruzeiro e Vasco. O Bahia também busca a transformação e possui em mãos uma proposta do Grupo City, que se compromete a aportar R$ 1 bilhão ao longo de 15 anos em troca de 90% da SAF do Esquadrão. Para Israel, essa fênomeno eleva ainda mais o nível da competição. “Com as SAFs, as pessoas cobram mais desempenho e explicação por conta do capital privado. Com elas, iremos dar um salto maior, pois esses clubes necessitam de profissionais com formação profunda, para poderem gerenciar algumas nuances da performance esportiva”, analisa Teoldo.

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Segundo ele, os estudos científicos no futebol têm ajudado no aperfeiçoamento técnico dos atletas. “O futebol nos últimos 50 anos evoluiu muito na parte científica, principalmente no trabalho físico. O que é mais recente está relacionado aos estudos da lógica do jogo e da tomada da decisão. Nós, do Nupef (Núcleo de Estudos e Pesquisa em Futebol), utilizamos tecnologias para isso. Temos o Tatic-UP, uma ferramenta em que 20 minutos depois do teste você consegue analisar o atleta em situações de curta, média e longa distância, com ou sem a bola, na fase defensiva ou ofensiva. Hoje já temos também muitos artigos sobre a fadiga mental e impacto da sobrecarga cognitiva sob a performance em campo”, explica o professor.

Torcidas e SAF também geram demanda de formação de melhores equipes, conforme Israel Teoldo (Foto: Matheus Lima/Vasco)

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O que Israel Teoldo também acredita é que os jogadores estão cada vez mais preparados, também nos aspectos psciológicos, o que alavanca o nível das competições. “As pressões externas têm influenciado cada vez menos. O que no passado acontecia, por falta de formação mesmo, hoje não acontece. Grande parte dos jogadores que chegam no nível de excelência já está acostumada com pressões externas”, entende.

“Claro que alguns tipos de experiência são difíceis, como uma final de Copa do Mundo. Mas o Brasileirão, que são 38 rodadas e acontece todo ano, os meninos já estão acostumados, experimentam na base. É mais corriqueiro, eles vão se preparando. As metodologias de treinamento hoje priorizam muito a tomada de decisão sobre pressão, eles vão sendo preparados e sofrem menos com isso”, exemplifica Teoldo.

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