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Juiz-forana supera adversidades e cria família como uma das poucas mecânicas de bicicletas do país

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Giovanna Rezende, 44 anos, encontrou na paixão pelo ciclismo uma forma de viver. De uma dificuldade pessoal, a ciclista de estrada e de mountain bike viu uma oportunidade e, desde então, virou referência como uma das poucas mecânicas de bicicletas do país, organizadora de clínicas na área. A Tribuna foi até a loja em que Giovana conserta as bikes e conheceu a história da juiz-forana com o ciclismo, iniciada em 1991, e a profissão, ainda de maioria absoluta masculina.

“Minha relação com a bicicleta vem do meu falecido marido (Mauro Rezende), que era ciclista de estrada e foi um dos precursores do mountain bike em Juiz de Fora. Começamos a namorar, pedalar juntos e, por consequência, sempre tínhamos que fazer um reparo na própria bike, então ele foi me ensinando. Comecei a trabalhar com ele em 1993 e, em 2000, ele faleceu”, conta Giovanna, que viveu o drama grávida de seis meses de Nicole, hoje com 17 anos, e cuidando de Danton, seu primeiro filho, atualmente com 19 anos.

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Se o obstáculo era um dos maiores de sua vida, coube a Giovanna buscar uma solução. “Na época, o Mauro tinha sido convidado para fazer um curso de freios a disco mecânico, sistema hidráulico, de uma marca conhecida. Resolvi ir e fazer o curso. Desde então, não parei mais. Como eu já tinha vivência na mecânica, continuei, e os serviços continuaram a aparecer. Por isso me mantive na profissão”, relata. O crescimento na profissão foi uma constante após cursos por todo o país e até no exterior. Dos cerca de 15 eventos em que participou pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e até EUA, ela relata ter encontrado apenas duas mulheres, mesmo assim como acompanhantes de mecânicos.

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A ciclista e mecânica Giovanna Rezende atua na área há quase vinte anos e é uma das poucas mulheres em atividade (Foto: Olavo Prazeres)

“Não tive experiência de machismo, ao contrário. Tive bons professores ainda mais dedicados por admirar meu interesse. E ressaltavam a percepção que eu tinha de tratar as peças com delicadeza. E na maioria dos cursos que fiz já possuía uma bagagem pelo interesse que sempre tive. Até o primeiro curso de suspensões e amortecedores que fiz praticamente já sabia mexer em quase todas as peças. Isso porque eu procurava aprender”, destaca Giovanna, que aprendeu inglês para otimizar a comunicação com as empresas fabricantes das peças e novas tecnologias.

Se a mecânica ainda é território pouco ocupado por trabalhadoras, a participação feminina no ciclismo vive seu auge se comparada aos primeiros anos de Giovanna na bike. “Costumo falar que sou da época em que mulher não pedalava. E é verdade! No início eu pedalava com duas, três amigas que também eram namoradas de ciclistas. E hoje, graças a Deus, muitas mulheres têm bike. Assim como eu, acredito que elas gostam do esporte porque ele trabalha bem o corpo sem ser de maneira agressiva, com impacto como no vôlei e futebol. E segundo porque é uma atividade mais aeróbica, e a cabeça fica muito boa. Sou ciclista de estrada e faço mountain bike também, então você passa por lugares maravilhosos e une a saúde com o bem estar”, analisa.

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“Não tive experiência de machismo, ao contrário. Tive bons professores ainda mais dedicados por admirar meu interesse. E ressaltavam a percepção que eu tinha de tratar as peças com delicadeza. E na maioria dos cursos que fiz já possuía uma bagagem pelo interesse que sempre tive. Até o primeiro curso de suspensões e amortecedores que fiz praticamente já sabia mexer em quase todas as peças. Isso porque eu procurava aprender.

Prova disso é o grupo de ciclistas juiz-foranas chamado “Pedal das Bonitas”, da qual ela é uma das precursoras. Com mais de 50 integrantes, as mulheres se organizam para pedalar juntas semanalmente. O interesse, em ascensão, fez com que a mecânica organizasse clínica exclusiva para as participantes do grupo, evento que deve ser repetido. “Já organizei essa oficina de mecânica três vezes e uma delas, que foi sucesso total, foi apenas para mulheres. Trinta e duas compareceram na ocasião, do “Pedal das Bonitas”. Abrimos as inscrições ao meio-dia, e às 18h já tivemos que parar porque já tinha mulher demais! Por esse interesse na independência feminina ao pedalar estamos para fazer outra clínica só para mulheres. A tendência é que elas também tenham cada vez mais interesse na mecânica e na segurança para pedalar mais e melhor.”

“Manda pra Giovanna!”


“Sempre quando tem alguma coisa que não consegue ser solucionada, manda pra Giovanna que ela resolve!”. Desta forma o amigo da mecânica, Daniel Meirelles, 38, não apenas resolve quaisquer pendências com sua bicicleta, como resume a capacidade da profissional há mais de 20 anos. Equitador, Daniel conhece Giovanna desde os 14 anos. O amor pela bicicleta fortaleceu a amizade. “Éramos muito unidos, moleques, e o mundo da bicicleta sempre nos encantou de alguma maneira, e acabamos conseguindo ter um vínculo afetivo, além da bicicleta, muito bom”, conta ele.

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Diante de tamanho conhecimento pessoal e profissional da amiga, ele não titubeia em citar alguns dos diferenciais de Giovanna no meio ainda dominado por homens. “É uma profissão, para mulheres, ainda exótica. Não estamos acostumados a ver uma mulher trabalhando como mecânica, ainda mais de bicicletas. Mas a Giovanna sempre foi muito detalhista nas coisas que ela fez. É muito boa na parte de hidráulica, regulagem fina, problemas que ninguém consegue solucionar vêm parar nas mãos dela”, garante.

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