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Preparador físico formado na UFJF atua no Braga e concilia rotina com doutorado em Portugal

soldado. foto arquivo pessoal

soldado portugal

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O mineiro Felipe Soldado, de 33 anos, natural de Santos Dumont e com longa vivência em Juiz de Fora, está passando por um momento especial da carreira. Preparador físico da equipe feminina do Braga, em Portugal, ele concilia a rotina no alto rendimento com o doutorado na Universidade do Porto. A equipe disputa a Primeira Divisão portuguesa e, nesta temporada, chegou à fase prévia da Liga dos Campeões e garantiu vaga na Liga Europa.

“Estou conciliando o trabalho e a ciência. A equipe que estou trabalhando vai fornecer os dados para a minha tese de doutorado”, explica Felipe. “Faço o controle da carga nos treinos, que é saber o quanto o atleta deve treinar ou não, qual é a medida certa”.

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Soldado ressalta que a experiência atual tem sido enriquecedora principalmente pela diversidade da comissão técnica. “O treinador principal é alemão, e o auxiliar também. A outra auxiliar é espanhola. Os outros preparadores físicos, o treinador de goleiros e o analista são portugueses. É cosmopolita, nos comunicamos em inglês e espanhol. Está sendo bem diferente neste aspecto”, conta. “Tem três atletas dos Estados Unidos, uma holandesa, uma de Cabo Verde, duas brasileiras e uma de Israel.”

Soldado (terceiro da esquerda pra direita) é preparador físico do Braga, de Portugal (Foto: Arquivo pessoal)

Da UFJF a Portugal

A trajetória de Soldado no futebol começou na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde iniciou a graduação e ajudou a criar, em 2014, o projeto de futebol da instituição — do qual foi preparador físico e treinador até 2019. Nesse período, também trabalhou individualmente com atletas e deu os primeiros passos no futebol português durante a temporada 2013/14, atuando no Boa Vista, na Primeira Divisão do futebol feminino. Lá, conviveu com técnicos renomados como Ivan Batista, hoje no Benfica, e Daniel Chaves, do Porto.

Depois do mestrado na UFJF, ele retornou a Portugal para o doutorado e, um ano após chegar, surgiu a oportunidade no Braga por indicação de um professor. Desde então, tem acompanhado de perto o crescimento do futebol feminino europeu. “Participamos da pré-Champions. Fomos muito bem nos dois primeiros jogos. Contra o Valour, da Islândia, vencemos por 1 a 0 e fomos soberanos. Depois enfrentamos uma equipe da Noruega que tinha chegado às quartas de final da última Champions. Fizemos um jogo equilibrado, mas perdemos por 1 a 0, com um gol contra”, relata. “Os jogos foram na Itália, no centro de treinamento da Inter. Foi bem interessante, diferente, consegui vivenciar coisas que ainda não tinha.”

O profissional ainda destaca que o Braga investiu bastante para a temporada, principalmente em atletas internacionais com experiência. “O esporte nos Estados Unidos e em outros países da Europa já é mais desenvolvido. Mas o Braga tem bastantes condições de avançar na Liga Europa, que vamos disputar por ter caído na Pré-Champions”, projeta. A equipe estreia no Campeonato Português neste domingo (14), às 17h (horário local), contra o Damaiense. Os favoritos da competição, segundo ele, são Benfica, Sporting e Braga.

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Conforme o sandumonense, é possível observar diferenças entre os cenários do futebol feminino nos dois países. “Tenho percebido que o futebol brasileiro, apesar de ter começado depois de Portugal, em termos de nível de atletas, qualidade técnica, apresenta mais. O Campeonato Brasileiro tem uma qualidade superior à do português. Está com um investimento muito alto agora, cresceu muito de três temporadas para agora”, avalia.

Gratidão às origens e planos para o futuro

Mesmo atuando na elite europeia, Soldado guarda um carinho especial pela UFJF. “Sou muito grato ao projeto, foi o meu laboratório. O que fazíamos em termos metodológicos e organizacionais é o que as maiores equipes do mundo fazem. Me desenvolvi como profissional”, afirma. “Meu sentimento atual é que estou no caminho certo. Sempre almejei fazer meu doutorado e sempre conciliei a carreira acadêmica com a prática, é o que mais me chama atenção no futebol e na preparação física.”

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Para o futuro, ele pretende continuar unindo ciência e prática. “Vou iniciar o curso da Uefa de preparador físico. Pretendo continuar atuando como preparador físico no masculino ou no feminino, não tenho preferência quanto a isso. Tenho certeza que estou seguindo um caminho interessante, que não tem volta mais. Não tem mais vaga para o profissional que não tem um conhecimento científico grande. Pretendo continuar em grandes equipes”, conclui.

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