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Políticas públicas e ‘Cultura da Paz’, defende novo secretário de Esporte e Lazer

Marcelo Matta Secretário de esporte JF fernando priamo 15
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Cerca de uma semana após ser oficialmente nomeado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) como o novo secretário de Esporte e Lazer, Marcelo Matta, 57 anos, concedeu entrevista exclusiva à Tribuna e abordou grande parte das demandas e temas mais relevantes na área. Formado em Educação Física na UFJF, onde também possui mestrado em Treinamento Esportivo, e doutor em Ciência do Desporto pela Universidade do Porto, o professor destacou que possui como principal meta tornar a Secretaria de Esporte e Lazer (SEL) e, por consequência, o município, uma referência em políticas públicas de esporte. Além disso, ao lado da Secretaria de Comunicação da PJF, ele acentuou o interesse em implementar em todas as regiões da cidade a campanha “Cultura pela Paz”, promovendo fair play, ambientes saudáveis e a diminuição da violência em toda as práticas esportivas.

Matta ainda lembrou que a prefeita Margarida Salomão (PT) expôs a intenção de elevar o orçamento da SEL, e que ele buscará otimizar o acesso ao esporte para equipes e pessoas que, por dificuldades financeiras, deixam de participar de eventos, por exemplo.

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O novo secretário ainda assegurou a conclusão, durante a sua gestão, do Ginásio Poliesportivo Jornalista Antônio Marcos (Ginásio Municipal) e antecipou trabalhar a ideia de transformar o Complexo Esportivo Moacyr Toledo, que também contempla o Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, em um “complexo imobiliário” voltado ao entretenimento de forma mais ampla. Confira abaixo todos os pontos esmiuçados por Matta.

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Após ser liberado pelo Ministério da Educação, uma vez que é professor da UFJF, Marcelo Matta foi oficialmente confirmado como titular da SEL no dia 5 de fevereiro (Foto: Fernando Fernando)

Tribuna – Qual é sua principal meta como secretário de Esporte e Lazer?
Marcelo Matta – A principal meta é tornar a SEL uma referência em políticas públicas do esporte. É uma visão que nós queremos. Para isso temos que trabalhar em duas realidades: a do fomento – do desenvolvimento das práticas esportivas na cidade -, e ações de inclusão, pois as diferenças sociais apontam que muitos não têm acesso. Queremos dar acesso a essas pessoas que não têm condições de pagar, ter direito a uma escola de esporte, uma prática de atividade física na promoção da saúde, ao lazer. Se conseguirmos, deixaremos um bom legado.

– Quem compõe essa equipe na SEL neste princípio de gestão?
– Tenho dois assessores, Paulo Roberto e Rafael Monteiro, e duas gerências, com o Wellisson Valverde e o Fernando Seixas Faria de Carvalho.

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– Como você encontrou a SEL no aspecto financeiro? Será um dos seus maiores desafios fomentar o esporte com um orçamento certamente limitado?
– É de conhecimento de todos, inclusive da prefeita eleita, Margarida Salomão, que assumiu publicamente que irá aumentar o orçamento da SEL para atender aos projetos. E a gente sabe que a SEL é a que mais capta recursos de forma vinculada, através de fontes de fomento e emendas parlamentares. Isso é uma realidade, mas existe um compromisso público de que esse orçamento irá aumentar ao longo dos anos.

– Você vê uma necessidade imediata de políticas públicas de acesso ao esporte?
– Isso tem que ser desenvolvido ao longo do tempo. Considerando a atualidade, em que nos últimos cinco anos a diferença dos estados sociais aumentou, muitas pessoas deixam de ter acesso a esses serviços. Aqueles que têm condições de pagar conseguem ter ao longo do tempo. O que temos que fazer é oferecer escolas de esporte e lazer para que as pessoas tenham acesso. É um trabalho literalmente de inclusão em todas as modalidades que a prefeitura trabalha. Deve-se reconhecer o trabalho de todos que passaram aqui, existem vários núcleos em Juiz de Fora. Precisamos dar mais dignidade a essas pessoas, com bons materiais, aulas e treinos com qualidade.

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– Já há algum plano neste sentido e no retorno do funcionamento dos núcleos?
– Todos os projetos já estão engatilhados para serem realizados após a liberação das atividades presenciais. Todos os núcleos e eventos. Vamos aumentar, através de núcleos, utilizando a infraestrutura das escolas municipais que têm um ginásio, uma quadra, e vamos utilizar também as praças. Inclusive temos um projeto que a prefeita exigiu, que as praças da periferia de Juiz de Fora, aos finais de semana pela manhã, sejam ocupadas com projetos de lazer juntamente com a Funalfa. Este projeto já está sendo trabalhado.

– Qual sua visão sobre a conclusão do Ginásio Municipal e a otimização do uso do Estádio Mário Helênio?
– A construção do ginásio será finalizada nessa gestão. O contrato com a antiga empresa, a Infracon, já foi cancelado e agora existe um recurso dentro da prefeitura, mas falta uma contrapartida. Está sendo trabalhada. Em relação ao estádio, não podemos achar que é apenas um campo de futebol. Temos que trabalhar como um espaço de entretenimento para que a gente possa motivar as pessoas a irem até ele com o propósito de se entreter através de atrações positivas. Podemos fazer uma praça de eventos, de lazer, espaços para a cultura e esportes. Do lado, restaurantes, lojas, bares para aumentar o potencial de atração diversificando as receitas. Nossa ideia é transformar em um complexo imobiliário para uso misto. O ginásio, o estádio, a praça. Dentro do estádio pode-se ter um museu, como o Museu Mário Helênio. Têm crianças que nunca entraram no vestiário, no gramado. Até mesmo a criação de um estacionamento, porque sabemos que aos finais de semana o espaço é utilizado pelas casas de show. Para isso precisamos criar um estudo de viabilidade. A ideia é realizar um chamamento público para uma parceria, com uma organização da sociedade civil, e fazer movimentar. Lembro do Pacaembu, um estádio público da Prefeitura Municipal de São Paulo, que teve essa parceria. É possível fazer isso, mas está em fase de estudo.

– Como deve ser a relação da Prefeitura com as equipes profissionais da cidade?
– A primeira questão é que a melhor maneira de se apoiar o esporte de alto rendimento é através do crescimento da economia da cidade. Atrair novos investimentos, apoiar indústrias já instaladas, fortalecer a cadeia produtiva. Isso aumenta a possibilidade de parceria. O Poder Público pode colaborar através de consultorias, cursos de capacitação para os gestores e treinadores, assessorar nas leis de incentivo – apesar de não contemplar o futebol. O empréstimo do estádio é uma maneira de apoiar os esportes, como vai ser quando o ginásio estiver pronto. Mas a melhor maneira é a economia da cidade estar forte. O esporte é um vetor econômico. Um campeonato de vôlei em Juiz de Fora, as equipes com bons desempenhos, disputando as competições de nível elevado de exigência, isso traz divisas para a cidade. É a pessoa que vem de fora e se hospeda em um hotel, que vai em restaurantes, investe aqui, motiva outros a praticarem. Temos que fomentar esse crescimento e o desenvolvimento do esporte na cidade. A realização de competições, um brasileiro de qualquer modalidade, movimenta o comércio. Mas é importante dizer também que os clubes de alto rendimento têm que gerar credibilidade, que atender os princípios da governança através de apresentação de projetos, transparência, prestação de contas. Os clubes têm que se preparar, trabalhar de forma balizada na ciência, na gestão.

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– E em relação à realização de competições amadoras na cidade?
– Dependemos de uma economia forte. Não tem como começar uma conversa sem dinheiro. Em relação ao Intercolegial, pelos relatos que tivemos, é uma boa competição realizada em JF, está bem organizada. Alguns pontos precisam ser debatidos. Existem escolas que, pela distância de onde se encontram até o local da competição, os meninos têm dificuldade para pagar a passagem. Isso foi uma crítica, um feedback que tivemos. Algumas tomadas de decisão serão realizadas para evitar isso. Existe até uma ideia, que será levada em discussão, que temos que escutar os treinadores das escolas da cidade para poder atender e melhorar, dar qualidade ao evento. O Intercolegial vai continuar, mas tendo uma discussão com os professores de educação física das escolas para tentar diminuir os impactos negativos. Com relação aos JIMI e aos JEMG, não existe a participação das equipes de Juiz de Fora desde 2018. A única ação que a Prefeitura fez foi de inscrição. Lógico que vamos trabalhar na perspectiva de permitir, apoiar as equipes nessas competições, mas isso tudo vai depender dos nossos recursos. Mas existe a intenção, nem que a gente procure apoio de parceiros externos.

– E qual a sua visão sobre a continuidade do Ranking de Corridas de Rua da cidade, paralisado por conta da pandemia?
– Talvez seja o melhor modelo de projeto de fomento, em que existe um ranking no qual a secretaria fornece a sua capacidade técnica com participação de parceiros externos de uma maneira organizada, planejada e que gera qualidade. No entanto, temos uma preocupação com a inclusão daqueles que não têm condições de pagar o valor da inscrição. Isso vai ter um debate, uma conversa para aumentar a inclusão nas corridas que compõem o Ranking. Ele está engatilhado para retornar. No entanto, só no momento em que houver a permissão das atividades presenciais.

– Quais suas intenções em relação às leis como a do incentivo ao esporte na cidade?
– Em Juiz de Fora não temos a lei municipal de incentivo ao esporte. Temos a Fumape, a Lei Mário Helênio, em que 5% (da renda) de todo evento esportivo tem que ser destinado a este fundo. Tem a lei estadual, através do ICMS, e a federal, por meio do Imposto de Renda de pessoas físicas e jurídicas. Em Juiz de Fora já conversamos sobre isso, inclusive com a Comissão de Esportes da Câmara de Vereadores, em que colocamos a necessidade da criação de uma lei de incentivo ao esporte no município. No Brasil existem algumas cidades que possuem e parece que são boas, podemos ter como modelo, mas isso será trabalhado ao longo desses quatro anos.

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– Qual a situação do Conselho Municipal de Desportos? Já houve um diálogo?
– Em dezembro teve uma eleição da nova diretoria. O novo presidente do Conselho Municipal de Desportos, que é deliberativo, é o Wellisson Valverde Ferigatto, que está dentro da SEL. E o vice é o Heglison Toledo do (JF) vôlei. O conselho foi eleito agora e me parece que as ideias se assemelham quanto as políticas de esporte para Juiz de Fora entre o Conselho e a Secretaria. Em janeiro, tivemos que, até o dia 29, registrar o nosso Conselho na Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese), para que nós possamos ter direito ao ICMS Esportivo. E isso já foi contemplado. Aliás já houve contato com a Sedese na busca por uma aproximação com a SEL para que futuramente a gente possa trazer os JEMG para Juiz de Fora. E quanto mais eventos esportivos ocorrerem registrados na cidade, maior é nossa capacidade de receber o ICMS Esportivo, uma lei do estado.

– E como tem sido as conversas com a Comissão de Esporte e Lazer da Câmara?
– A comissão formada pelo (Thiago) Bonecão (Cidadania), Maurício Delgado (DEM), Sargento Mello (PTB) e, tendo como suplente o Julinho (Rossignoli, Patriota), que são pessoas públicas eleitas democraticamente e com compromissos da cidade, juntamente conosco que também temos esses compromissos… tivemos uma reunião foi muito proveitosa. Percebe-se o comprometimento com os projetos esportivos da cidade. É possível trabalhar juntos. Todos.

A “Cultura da Paz” e o “Selo Solidário do Esporte”

Ao fim da entrevista, Matta destacou, ainda, dois projetos da PJF que visam, sobretudo trazer mais praticantes ao esporte na cidade em diferentes vertentes. A primeira iniciativa será a campanha “Cultura da Paz.”

“É levar a paz para a prática da modalidade esportiva, o respeito. O esporte não pode ser motivo de violência. Não podemos concordar com o que aconteceu no ano passado de um árbitro de futebol levar uma cabeçada no nariz, um soco na cara e quebrar a coluna. Não podemos admitir que uma equipe de futebol de uma comunidade não possa jogar futebol em outra por violência. Então em todas as ações da SEL vamos trabalhar nessa perspectiva da cultura da paz”, explica.

Conforme Matta, o auxílio dos pais será fundamental neste movimento. “As crianças sabem que aquilo é apenas um jogo, mas os pais querem se promover através dos filhos e não aceitam não serem esportistas. Por sentimentos desrespeitosos, (os pais) fazem com que os filhos tenham atitudes desrespeitosas também. Esse projeto irá nos seguir nesses quatro anos.”

Outro braço, envolvendo também clubes e empresas da cidade, será a divulgação do selo solidário do esporte. “É uma ideia que estamos conversando de fazer com que os clubes sejam ‘clubes solidários’. Se ele perceber que uma turma de alguma modalidade está com vagas ociosas, que ofereça-as para praticantes dos projetos sociais da Prefeitura para que eles tenham a oportunidade de possuir uma boa estrutura. Isso pode ser em um clube ou através de uma ‘empresa solidária’. O clube poderá colocar o selo em sua fachada, nas redes sociais o ‘somos um clube solidário.’ Mostra estar comprometido com o desenvolvimento da cidade, o que gera credibilidade e a possibilidade de parceria com as indústrias fortalece.”

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