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O adeus de uma lenda carijó: morre Moacyr Toledo

toledo leonardo costa
Moacyr Toledo, o Toledinho: uma lenda carijó (Foto: Leonardo Costa)
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Faleceu nesta terça-feira (13), com 87 anos, o maior ídolo da história do Tupi, Moacyr Toledo, o Toledinho. O corpo é velado no terceiro andar da Câmara Municipal, desde às 18h desta terça. Às 10h desta quarta (14), o corpo será conduzido até o Cemitério Municipal, onde será sepultado. Já viúvo, ele deixa três filhos, sete netos e um bisneto.

Ídolo alvinegro, Toledinho estava internado na Santa Casa de Misericórdia desde o último sábado e morreu de insuficiência respiratória. O prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas (PSDB), decretou luto oficial de três dias na cidade como homenagem ao ex-desportista.

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Paulo Henrique, filho de Toledo: “Ele deixou ensinamentos”

Filho de Moacyr, Paulo Henrique Toledo reiterou os princípios do pai. “Ele foi muito querido. Deixou não só um legado para todos nós. Ele simplesmente deixou ensinamentos, honestidade, caráter, amizade. Realmente ele deixou isso para todos nós. Queremos que ele descanse em paz porque foi merecedor de todas as homenagens em vida, como ele sempre disse, que preferia receber essas homenagens em vida, e assim foi.”

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Paulo Henrique Toledo beija o pai, Moacyr, durante velório na Câmara Municipal (Foto: Fernando Priamo)

O Tupi, nas redes sociais, também se manifestou agradecendo Moacyr Toledo.

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“O maior nome da história do Tupi”

Com 565 partidas e 201 gols marcados entre as décadas de 1950 e 1970, sendo 159 em jogos oficiais e outros 42 durante amistosos, Toledo foi o jogador que mais vestiu a camisa do Tupi na centenária história alvinegra. Tendo atuado tanto como ponta-esquerda, quanto como meio campista, o ídolo carijó também foi o atleta que mais conquistou títulos pelo clube, com 31 troféus erguidos.

Com início aos 16 anos no clube e, estreia pelos profissionais um ano depois, Toledinho atuou, ao todo, por 21 anos no Tupi, e somente no Alvinegro de Santa Terezinha. Defendeu o preto e branco nas quatro linhas de 1951 a 1969 e, depois, em 1975 e 1976.

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O ídolo alvinegro ainda foi supervisor, auxiliar técnico, treinador da base e do profissional do Galo, além de administrador do Estádio Salles Oliveira, em Santa Terezinha. Nos últimos anos trabalhava nos cuidados do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio.

Pesquisador, torcedor icônico carijó e filho de Eurico, atleta também falecido que atuou ao lado de Moacyr Toledo, o alvinegro Léo Lima buscou dimensionar a importância de Toledinho ao Tupi.

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“Ele foi, com certeza, eu que gosto e pesquiso a história do Tupi, o maior nome da história do Tupi, contando jogadores, técnicos, todos. Digo que existe uma era no Tupi antes e depois do Toledo. Ele dedicou sua vida ao clube, é quem mais jogou, fez gols, ganhou canecos pelo clube. Só jogou no Tupi. Além de tudo era torcedor carijó, apaixonado. Ele sentiu muito essa fase ruim que o Tupi está vivendo, era muito emotivo com as coisas que envolviam o clube, sempre lamentava o cenário atual do clube. Mas fica um sentimento de gratidão. Não dá para falar do Toledinho e não falar do Tupi, assim como o oposto. É uma ligação mútua e uma grande honra para nós que ele tenha atuado pelo clube. Se o Tupi está vivo, muito se deve ao Toledo. E jogou com o meu pai, inclusive, um do lado do outro em campo praticamente. Tinham uma consideração muito grande, ele sempre me contava historias do meu pai de bastidores, muito do que sei do meu pai devo a ele. Com certeza estão fazendo uma tabelinha no céu agora.”

Ex-médico e diretor carijó, José Roberto Maranhas foi além, e disse que a perda é a maior do futebol municipal. “Lamentável. O Toledo, sem dúvida nenhuma, é o maior nome da história do Tupi Football Club. E, acredito, que também o maior nome do futebol de Juiz de Fora. Tínhamos uma amizade muito grande, assim como da família, o Lica (Paulo Henrique, filho), a filha. Perdemos uma referência do Tupi, assim como foram João Pires e [Geraldo] Magela. Que Deus conforte toda a família e que ele descanse em paz.”

O Fantasma do Mineirão

Histórica equipe apelidada de “Fantasma do Mineirão”, com Moacyr Toledo (segundo agachado da esquerda para a direita) (Foto: Reprodução Facebook Léo Lima)

Toledo protagonizou também uma das principais eras do Tupi em campo, no popular time apelidado de “Fantasma do Mineirão”. A equipe juiz-forana ficou conhecida desta forma ao marcar história em 1966, quando bateu o Cruzeiro duas vezes – uma em Juiz de Fora, por 3 a 2, e outra por 2 a 1 no Mineirão, assim como os rivais da capital, Atlético e América, também no Mineirão e por 2 a 1.

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O feito foi tamanho à época que o Tupi foi convidado pela Seleção Brasileira, que disputaria a Copa do Mundo daquele ano, na Inglaterra, para participar de um jogo-treino em Caxambu. O escrete nacional teria a presença de Djalma Santos, Bellini, Gérson, Zito, Mané Garrincha, Jairzinho e, sobretudo, de Pelé. Desta ocasião, o então ponta e meia-direita Moacyr guardava a foto, também exposta no saguão do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, em que divide a bola com o rei do futebol.

Em dezembro, Toledinho recebeu, com dedicatória autografada pelo Rei, uma camisa retrô do Tupi rememorando o amistoso de Caxambu (Foto: Arquivo Pessoal)

‘Era como se fosse um pai’

Joel Pé de Boi, 77 anos, soube da morte do companheiro, por volta de 16h, pela reportagem. Entre 1962 e 1967, Joel e Toledinho compunham o escrete carijó; estiveram juntos no Fantasma do Mineirão. “A nossa convivência era muito boa”, relembra Pé de Boi. “Íamos para o Salles Oliveira, treinávamos e, depois, íamos para o alojamento. A nossa convivência era muito boa. Quase de pai para filho. Era uma pessoa comum, bacana, nos tratava muito bem.”

Moacyr acolheu Joel quando este subira dos aspirantes para os profissionais. “Fui artilheiro dos aspirantes por seis vezes e fomos pentacampeões. Depois, subi para o profissional”, relata. Para Joel, Toledinho é um baluarte do Tupi. “O Toledo chegou a ser convocado para a Seleção Mineira. Foi realmente um pai para nós na época, pois éramos jogadores jovens chegando ao Tupi.”

Prefeito: “Que nós todos possamos reverenciar a figura do Toledo”

Além de decretar luto oficial por três dias na cidade, o prefeito juiz-forano Antônio Almas se pronunciou sobre a perda e afirmou ser um momento em que o cidadão local deve reverenciar Moacyr Toledo.

“É com bastante tristeza, no sentido da perda que significou o falecimento do Moacyr Toledo, mas como podemos salientar é que, na verdade, com o Toledo, o Toledinho, aprendemos a ganhar com um desportista de alta qualidade, um jogador que levou o nome da cidade para fora dos nossos muros. Um jogador que, junto com todo aquele time conhecido como Fantasma do Mineirão, fez com que Juiz de Fora aparecesse de forma efetiva para o cenário nacional do ponto de vista do futebol. Ele marcou a cidade de Juiz de Fora. O Toledo não foi só um grande jogador, mas um grande técnico, que por várias vezes comandou o Tupi, uma pessoa que esbanjava alegria, amizade e trabalho, e que, inclusive, serviu a Prefeitura de Juiz de Fora estando à frente do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. O Toledo sempre se colocou a serviço do esporte de Juiz de Fora. É importante, então, que nós todos possamos reverenciar a figura do Toledo, que foi sempre reverenciada por nós, carijós, mas que seja intensamente reverenciada por todo cidadão de Juiz de Fora pela importância que ele teve para divulgar o esporte na nossa cidade.”

Baeta, JF Vôlei e Panathlon lamentam perda

O Baeta realizou pronunciamento em nota. “O Tupynambás lamenta o passamento de nosso querido amigo, “TOLEDINHO” (para nós)! Nossos sentimentos para seus familiares… Estamos de luto!”

No Twitter, o JF Vôlei também se manifestou.

O Panathlon Club JF divulgou uma nota de pesar. “O futebol da cidade está de luto. Perdemos uma referência, um ídolo à moda antiga. Brigão, artilheiro e o maior do Tupi, onde seu respirar estava ligado ao futebol. Recentemente, acompanhava, da beira do campo, o filho Paulo Henrique (Lica), lateral-direito, e a equipe do Puma (o time disputou as duas edições do Torneio Panathlon de Futebol Sênior em 2018 e 19). Agora, já está escalado como uma estrela no time superior. Fará muitos gols e muitos serão os torcedores felizes. O Panathlon Club Juiz de Fora manifesta o seu pesar ao nosso associado Orlando Benício e Denise, genro e filha de Moacyr, ao Paulo Henrique Toledo e demais familiares, amigos, e comunidade esportiva juiz-forana.”

Moacyr, espelho para Adê

Maior ídolo do Tupi ainda em atividade, Ademilson guarda as melhores lembranças de Toledinho, sobretudo nas ocasiões em que se encontravam no Estádio Municipal. “Toda vez que a gente chegava no estádio para treinar, até mesmo quando o encontrava na rua, a gente sempre se cumprimentava. O que vai ficar na lembrança é a alegria; sempre dava bom dia, boa tarde. Era um cara sempre feliz quando nos recebia no estádio. Estava sempre contente. Quando ia ao estádio com o Tupi e, até mesmo, com o Tupynambás, o Toledinho sempre estava lá para recepcionar a gente da melhor maneira possível. Vai ficar a lembrança de um cara muito feliz, com uma energia incrível.”

Na primeira passagem pelo Carijó, Adê dividiu vestiário com Raphael, neto de Moacyr. “Recebi a notícia com muita tristeza. Conheço também o Júlio Maravilha (pai de Raphael) e tive a oportunidade de jogar com o neto dele [Moacyr Toledo], o Raphael Toledo.” Embora forasteiro em Juiz de Fora, Ademilson tinha noção do tamanho de Toledo na história do carijó. “Muito grande. Era um cara em que procurava me espelhar. E, o ídolo que era, eu queria ser, e, graças a Deus, tive a oportunidade. Da mesma maneira que o Toledo teve e tem o respeito de todos os torcedores, eu também consegui um pouco. Acho que tudo o que foi feito, em termos de homenagem, foi merecido.”

Atleta de Toledo, secretário de Esporte se emociona

Secretário de Esporte e Lazer da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Júlio Gasparette, que foi atleta de Moacyr Toledo, enquanto o ídolo carijó era técnico alvinegro, também se emocionou. “Hoje é um dia muito triste para a cidade de Juiz de Fora, para o esporte da cidade e muito mais, ainda, para a família carijó, porque desde entendi de futebol tive a oportunidade de conhecer o cidadão, o atleta e jogador de futebol Moacyr Toledo, o Toledinho. A cidade estará de luto hoje, tenho certeza absouta. À família carijó, os nossos sentimentos e foi uma satisfação de poder não só ter conhecido, mas trabalhado com ele, vê-lo jogar futebol, ter sido meu treinador nos anos 1960 e 1970 quando fui para o Tupi Football Club. Convivi muito com ele, diariamente. Foi uma pessoa fantástica. E agora, como secretário de Esportes, tive a oportunidade de ter ele como colega, companheiro da Secretaria de Esportes com toda a equipe. Lamento muito essa perda, mas tenho a certeza de que foi um cidadão, um pai, um amigo de muitos e muitos torcedores do futebol de Juiz de Fora. Não só do Tupi, mas sei que o Sport e o Tupynambás também lamentam essa perda.”

“Ele tinha muito ciúme do campo”

Ex-goleiro carijó, José Luis Peixoto lembra que Toledo, além de amigo, era, em sua época de administrador do Salles Oliveira, ciumento com o gramado de Santa Terezinha. “O Toledo sempre foi um paizão para quem vinha de fora também. Sou de Campos (RJ) e quando cheguei ele me abraçou, se colocou à disposição para qualquer coisa que eu precisasse. E ele tinha muito ciúme do campo de Santa Terezinha. Eu, goleiro, para poder treinar no gol era muito difícil. Meus sentimentos a todos os familiares e vai deixar muitas saudades, tinha sempre um papo amigo para a gente.”

“Dificilmente será superado”

Como jornalista esportivo, Márcio Guerra acompanhou parte da trajetória de Toledo no futebol. Profundo conhecedor do esporte na cidade, o também professor enalteceu a história do ídolo carijó. “A notícia da morte do nosso querido Toledinho me pega de surpresa. Era um dos maiores amigos que fiz no futebol. Em toda a trajetória que tive como jornalista esportivo sempre houve uma troca de admiração muito grande. Saber da perda dele é uma das perdas mais expressivas que o futebol e o esporte de Juiz de Fora recebe, e com muita tristeza. Os ensinamentos, tudo aquilo que o Toledo foi como jogador, dirigente e treinador dificilmente será superado por qualquer outra pessoa em Juiz de Fora. É uma perda lamentável e que entristece a todos nós. Que o Toledo se junte a tanta gente boa que já se foi, e que ele seja recebido por grandes carijós que, como ele, amaram muito o Tupi. E que Juiz de Fora sempre lembre dele com muito carinho.”

No dia a dia de Toledo

Supervisores do Estádio Municipal desde 2009, mas amigos de Toledo há muito mais tempo, Cláudio Rogel, ex-goleiro carijó, e Tadeu Henriques, ex-preparador físico e técnico, não apenas trabalhavam, como aprendiam com o ídolo carijó diariamente. “Tive o privilégio e o orgulho de trabalhar quase 11 anos com o Toledo, mas já o conhecia de quando joguei no Tupi. Conviver com ele no dia a dia foi muito valioso para mim. Me passou muitas coisas boas, foi uma troca importante, era uma pessoa muito simples e com um conhecimento de futebol muito grande, assim como na prática da administração do estádio. A gente toma aquele choque na hora, mas ele já não estava bem de saúde. Não esperávamos, mas foi um pouco menos dramático, o que não diminui a tristeza. Desejo os sentimenstos à família e ao Paulo Henrique, sobretudo”, relata Cláudio.

Já Tadeu teve o prazer de conviver com Toledo por 45 anos. “Desde quando jogava bola no juvenil, e depois trabalhando no Pró Criança, programa da primeira administração do prefeito Tarcísio Delgado, nunca perdemos o contato. Mantivemos a amizade e há 15 anos convivo com ele no estádio, uma pessoa que me ensinou muitas coisas, que tinha disposição para tudo. Com 87 anos, mesmo aposentado, fazia de tudo no estádio. Era um exemplo para todo mundo.

Surian: “Pessoa positiva, alegre, competente”

Ex-atleta e técnico carijó, o juiz-forano Felipe Surian foi outro profissional a conviver diariamente com Toledo por muitos anos. “Infelizmente recebemos essa notícia muito triste do falecimento do nosso grande amigo Toledo. Tive a oportunidade de trabalhar com ele por vários anos no Tupi, por diversas vezes também no Estádio Municipal, e sempre foi uma pessoa positiva, alegre, competente, me ensinou muitas coisas do futebol e vai deixar saudades. Tenho certeza que estará em boas mãos e em um bom lugar. Que Deus conforte toda a sua família, ficam meus sentimentos e a tristeza como amigo e desportista de Juiz de Fora.”

Ex-técnico carijó de profunda identificação com o clube, Wellington Fajardo era, antes, amigo da família Toledo. “É com muita tristeza que fiquei sabendo do falecimento do Toledo. Já o conhecia antes de eu ir morar em Juiz de Fora, ele era amigo do meu pai, trabalhava no DR. Depois tive a oportunidade de trabalhar no Tupi e as quatro vezes junto com ele. Tínhamos muito tempo para conversar antes do treinamento, sempre um papo muito agradável, muitas resenhas do futebol. Tínhamos um ambiente muito saudável. Fiquei muito triste, ele representa muito para o esporte local. Estou em Manaus, já liguei para o Paulo Henrique, meu amigo e filho dele, além do Toledinho (Raphael), que tive a oportunidade de lançar em 2008 quando fomos campeões da Taça Minas e ele fez o primeiro jogo como profissional sob o meu comando. É uma família que eu tenho laços muito estreitos, fico muito triste e aproveito para deixar meus pêsames a todos da família. Força a todos de Juiz de Fora e àqueles que gostam muito do Toledo, como eu. Que ele esteja em um bom lugar neste momento.”

O narrador juiz-forano Rogério Corrêa também relembrou a história de Toledo ao desejar força aos familiares, em especial ao filho Paulo Henrique. “Moacyr Toledo foi um nome importante da história do Tupi. Fez parte de uma grande geração de jogadores da equipe alvinegra, era talvez o mais importante deles. Não vi ele jogar, mas sei da importância que sempre teve e toda a reverência que o torcedor do Tupi sempre teve por ele. Além de jogador, foi treinador, trabalhou muito tempo nas divisões de base do Tupi, os filhos dele também serviram o clube, e ficam os meus sentimentos à família e, em especial, ao Paulo Henrique, o Lica, que foi preparador físico do Tupi e está vivendo um momento difícil.”

 

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