Menos de dois dias depois do rebaixamento do Tupi para a Série D do Campeonato Brasileiro ser sacramentado, os primeiros protestos dos torcedores carijós apareceram. O muro do centro de treinamento alvinegro em Santa Terezinha amanheceu, nesta segunda-feira (13), pichado com o diretor de futebol do clube, Nicanor Pires, e o time como alvos.
No ato, foram registradas as frases “Fora Nicanor Maria”, em referência à ligação do gestor de futebol com o Cruzeiro e à tentativa de transferência de duelo na semifinal do Campeonato Mineiro de Juiz de Fora para Belo Horizonte, além dos dizeres “time sem vergonha”, ao lado. Até o fim da tarde, os dizeres já haviam sido retirados pelo Tupi, em novo registro da Tribuna.
Até o fim da noite de ontem, o clube se posicionou exclusivamente em rede social com apenas a lamentação pela queda. A reportagem procurou o diretor de futebol alvinegro, Nicanor Pires, e a presidente da agremiação, Myrian Fortuna, que não atenderam as ligações. Por volta das 20h, a assessoria anunciou uma entrevista coletiva, que será concedida na tarde desta terça-feira (14). O único a conversar após o descenso foi o técnico Aílton Ferraz, que terminou contrato nesta semana. O treinador, em apenas quatro jogos do Galo na competição, avaliou o descenso, dentro da rápida vivência.
“Não posso ir muito a fundo porque estive em quatro jogos, com todos desgastados de uma tensão enorme. Conseguimos fazer o grupo respirar um pouco, sair da zona de rebaixamento, mas acho que o maior erro, e vou me incluir nisso, foi ter perdido tanto em casa. No meu modo de ver, o Tupi não desceu no último jogo. Não tiro o meu corpo, mas foram os resultados dentro de casa que fizeram a diferença, tanto é que vencemos as duas como mandantes (Joinville e Volta Redonda) e deixamos a zona”, analisa, ao mencionar a estatística de quatro derrotas em Juiz de Fora num total de nove partidas com mando de campo.
A viagem para Erechim (RS), com dois dias em aeroportos sem treinos, também foi citada por Aílton como motivo para derrota em diferença tão elástica no placar, como ocorreu no 5 a 1 para o Ypiranga. “Sofremos com a viagem, louca, mas que não quero colocar como bengala. E erramos muito na parte individual no jogo. Com isso, amargamos um rebaixamento que não é bom para ninguém. Mas todos precisam levantar e prosseguir. A vida é assim, de altos e baixos. Me dediquei ao máximo, batalhamos, não houve momento nenhum em que os jogadores afrouxaram, pelo contrário. Mas sabemos das limitações que tínhamos. Fomos com 16 atletas para a última rodada, mesmo não sendo nessa rodada que caímos.”
Terceira queda em seis anos
O Tupi não disputa a Série D desde a temporada 2013, após rebaixamento no ano anterior. O descenso em 2018 já é o terceiro desde então, quando contabilizada a campanha na Série B de 2016. O sobe e desce carijó é marca da agremiação na década. Em todas as campanhas, curiosamente, o Alvinegro de Santa Terezinha contou ao menos com duas mudanças de técnico durante o andamento das competições. Desta vez, Ricardo Leão, Eugênio Souza e Aílton Ferraz foram os responsáveis pelo comando do elenco.
Se por um lado o Galo amargou três quedas de divisões nacionais em apenas seis anos, desde 2011 foram também três acessos. Ricardo Drubscky era o comandante carijó no histórico título da Série D daquele ano. Duas temporadas depois, com Felipe Surian, nova ascensão à Série C. Por fim, sob a batuta do treinador Leston Júnior, em 2015, o Galo chegou ao acesso histórico à Segundona pela primeira vez na centenária tradição.