Em dezembro de 2019, a juiz-forana Marina Loures era campeã da Libertadores de Futsal pelo Cianorte (PR), título cobiçado por qualquer atleta do continente. O que parecia um sonho de fora, escondia uma importante decisão da atleta e a verdadeira realidade do futsal feminino, marcado pela rotineira indefinição sobre o futuro de projetos e vínculos com jogadoras e outros profissionais. Mesmo diante da teórica valorização com o troféu, Marina chegou a optar por paralisar sua carreira nas quadras. Se a dissessem, naquele momento em que bateu o martelo, que ela viveria quatro anos em um projeto único do futsal feminino brasileiro a partir de 2020, nem mesmo a ala local, de trajetória também voltada à busca pelo crescimento da modalidade, acreditaria.
“Com certeza não, até porque o que pra muitos foi uma loucura, depois de 2019 eu tinha decidido parar de jogar, ficar em JF e me dedicar a outras aéreas. Mas no final de 2020 apareceu a Celemaster e tanto o projeto quanto o André (Malfussi), que é o treinador, mudaram minha vida e minha carreira. Eu até brinco que, fora da relação profissional de treinador e atleta, eu ganhei uma família e um grande amigo em Uruguaiana que é o André e toda sua família. Ele mudou muito minha postura como atleta e como pessoa, sou e sempre serei muito grata a toda a Celemaster e Uruguaiana por tudo que me proporcionam”, agradece Marina.
A quarta temporada consecutiva de Marina em Uruguaiana foi confirmada na última semana pela juiz-forana e Celemaster. A atleta de 31 anos renovou por mais um ano com o projeto onde ela se tornou tricampeã do Campeonato Gaúcho e da Liga Gaúcha, além de ter vencido o Desafio de Ligas, a Copa RS e a Taça Farroupilha.
“Normalmente os vínculos no futsal feminino são sempre de uma temporada”, destaca a juiz-forana. “Um dos fatores decisivos pra minha renovação com a Celemaster foi a forma que somos tratadas pela diretoria, com pessoas que não medem esforços pra nos dar o melhor. São coisas que deveriam ser básicas em qualquer clube, mas a gente sabe que não são, então como lá eu encontrei tudo isso, decidi com a minha família que era o melhor a fazer”, complementa.
Ainda conforme Marina, a permanência no projeto vai no caminho oposto ao de uma possível “zona de conforto. Mas muito pelo contrário, o clube e a torcida me fazem sempre querer mais, me dedicar mais e estar pronta pra representar tudo o que a Celemaster é pro futsal principalmente do Rio Grande do Sul.” Ela reforça que sempre teve o desejo de seguir no clube, mas que a sequência dependia do cenário financeiro, sobretudo. “No futsal feminino entra ano e sai ano e são as mesmas questões, falta de investimento e dificuldades em conseguir patrocinadores. E o André, nosso treinador, sempre espera as competições terminarem para conversar sobre contratações e renovações até para não atrapalhar no decorrer da temporada”, emenda.
Identificação e títulos
Para a próxima temporada, Marina, naturalmente, pretende levantar novos troféus e seguir fazendo história no futsal gaúcho. “O ano de 2023 promete bastante, a Celemaster reforçou o elenco e com nomes bacanas que podem ajudar demais ao longo das competições. Vamos em busca de mais resultados expressivos a nível estadual e com certeza em âmbito nacional também. Teremos grandes desafios, mas estamos muito confiantes”, projeta a juiz-forana e ídolo da equipe.
“Hoje, no futsal feminino, as pessoas sabem que jogo na Celemaster, conhecem a minha identificação e isso é muito bacana. Criei uma identidade e isso alavancou minha carreira.”