Futebol raiz, disputado em campos de periferia, no terrão. Dribles e carrinhos. Baterias, apoio incondicional. Famílias e amigos, uma dose de confusão. Talentos revelados. Raça e amor à camisa. A equipe Roma, do Bairro Dom Bosco, representa tudo aquilo que o futebol de várzea se propõe a ser: um ambiente acolhedor e, ao mesmo tempo, desafiador. São 27 anos de clube, com a presidência passada de geração em geração. Muitas vidas salvas por meio do esporte. E toda a história da equipe foi coroada no último final de semana, com o seu primeiro título da Copa Prefeitura Bahamas, na categoria adulto, a principal do evento, após vitória por 2 a 0 contra o Família no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio no último domingo (4).
A trajetória do Roma começa em 1995, com Carlos Antônio Daniel, conhecido no bairro como Agenor. É o que conta o filho do fundador, Cássio Antônio, atual presidente. “Foi meu pai que iniciou tudo. Eu e meu irmão, Luiz Carlos Davi, acompanhávamos e depois assumimos”, conta. “Sempre fomos times de guerreiros, com raça, amor e paixão. O nome Roma já fala tudo. De trás para frente, significa amor. Aqui tem que jogar por amor”, afirma o presidente.
E é com esse amor que o Roma conquistou a Copa Prefeitura Bahamas de Futebol Amador. Segundo Cássio, a equipe não realiza aporte financeiro aos atletas para atuarem, ao contrário de algumas concorrentes. “A equipe busca colocar jogadores da comunidade. Noventa por cento dos integrantes do time são do Dom Bosco. A montagem do elenco foi reunindo a galera do bairro, puxando jogadores do Final Feliz, outro time daqui. Também aceitamos jogadores de fora que sejam muito importantes para o time. E avisamos que não pagamos ningúem já quando chegam ao clube, pois aqui tem que ser por amor”, reitera o filho do fundador.
“Tínhamos esse mesmo sonho”
Durante os 27 anos de história, o Roma, que também possui um time veterano, conquistou títulos no Polivalente e Nova União. Já chegou também na final da Copa Camisa 12 e na semi da Copa Juiz de Fora de Futebol Amador. Mas nada, nem de perto, se iguala à conquista da Bahamas, conforme os próprios campeões. “Todos nós tínhamos esse mesmo sonho. Já havíamos chegado algumas vezes no quadrangular final. Dessa vez, com compromisso e comprometimento, o desempenho foi melhor. Agradeço à Deus e a todos que se dedicaram para estar fechado com o time”, vibra Cássio.
Ainda na visão do presidente, a conquista foi muito festejada em todo o Bairro Dom Bosco e contou com o apoio da maioria dos amantes do futebol amador da cidade. “A comemoração aqui no bairro foi linda demais, a comunidade toda abraçou. Creio também que 80% dos clubes de Juiz de Fora estavam torcendo para o nosso time. Sabem da nossa humildade, o quanto nós batalhamos para chegar nessa final. Hoje, a Bahamas e Juiz de Fora tem um novo campeão, o Roma”, comemora.
Agora, a responsabilidade da equipe é maior, segundo o presidente. “A conquista da Bahamas é um sonho que todo time de Juiz de Fora quer realizar. Nesse momento, já conhecemos o caminho. Vamos nos preparar porque tem mais para vir. É o primeiro de muitos”, projeta. “Queremos manter pelo menos 60% desse elenco e trazer alguns reforços. O objetivo será ganhar sempre, para as pessoas da comunidade continuarem se espelhando em nós e falando do Roma por onde passamos”, prega Cássio.