Em 2010 e 2011, a analista de desempenho Liliane Aranda foi a primeira mulher a compor a comissão técnica do JF Vôlei. Para a temporada 2018/2019, a equipe local ganha novamente o conhecimento de uma profissional integralmente envolvida com o voleibol. De Vassouras (RJ), com formação na UFJF, Fernanda Brandão, 26 anos, é a primeira auxiliar técnica do projeto. A novidade, contudo, é minimizada por ela.
“Espero que as pessoas me considerem mais como uma boa profissional, independente de ser mulher ou homem. Porque se você é um homem, no meu caso, não teria esse alarde todo. Prefiro chamar mais a atenção pelo meu trabalho aqui do que pelo fato de ser mulher. O fato de ter poucas mulheres atuando no esporte, acredito que seja pela vivência. Poucas atletas seguem esse caminho, então você já reduz bastante o número de mulheres ex-atletas que querem se tornar profissionais na modalidade. E é óbvio que tem os fatores que dificultam nossa chegada nesses cargos maiores, dominados anteriormente por homens. Mas é uma tendência que, assim como nas outras áreas, mais mulheres ocupem essas funções de liderança no esporte”.
Antes de fechar com o JF Vôlei, a auxiliar era torcedora e profunda estudiosa da área que sempre prendeu sua atenção. “Vim para Juiz de Fora em 2010. Entrei na Faculdade de Educação Física da UFJF por causa do vôlei. Joguei e sou apaixonada pelo esporte. Tenho vivência de muito tempo na modalidade. No terceiro período conheci o Maurício (Bara, diretor técnico da equipe e professor) e não desgrudei mais do pé dele. Faço mestrado com ele, me formo no fim do ano, já fiz estágio no Clube Bom Pastor, fui estatística da CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) em 2012/2013 e fiz todos os cursos de extensão que o Maurício proporcionou na faculdade. E era torcedora, não perdia um jogo, sempre envolvida com a modalidade do jeito que puder.”
Nas escolas
Não bastasse a importância de ajudar o treinador Marcão, Fernanda terá, ainda, fundamental importância na ligação dos núcleos de base do JF Vôlei com a equipe principal. Uma vez por semana ela irá às sedes de núcleos do time juiz-forano para monitorar o trabalho realizado e o crescimento dos jovens.
“Meu trabalho nesta temporada é bem global. Será um ano de muitos aprendizados. Vou trabalhar com núcleos, promover a ascensão dos meninos nas categorias de base e supervisionar os bolsistas que estão à frente dos núcleos em planos de aula, visitar e buscar meninos nas escolas. É uma parte bem ampla. Estou no time, mas minha função vai muito além dele. Os núcleos têm uma função muito importante para a gente, é o que vai fazer o projeto funcionar, então essa atenção que vou ter será muito grande para que, independente de formar atletas ou não, a gente consiga apresentar o esporte às crianças para que se desenvolvam como seres humanos.”
A Tribuna acompanhou o trabalho de Fernanda nessa quinta, mas em quadra de areia, já que a prioridade do início das atividades do JF Vôlei é a evolução física do elenco. À reportagem, ela se mostrou satisfeita com os primeiros passos como auxiliar.
“O grupo é muito bom. Como são jovens, não têm essa questão de ego que encontramos em times mais experientes. É um grupo bem unido, com um ambiente tranquilo para trabalhar, e esperamos que rendam bons frutos. Estamos trabalhando bastante para isso”.
Pilar para o futuro
A escolha de Fernanda para a função ativa não apenas entre os profissionais, mas também com os promissores atletas, não foi, obviamente, por acaso, como explicou o diretor técnico Maurício Bara. “Foi uma aluna na faculdade, hoje é minha orientanda de mestrado, gosta de vôlei e acompanha o time há duas temporadas, auxiliando na carga de treinos. É como aquele velho ditado, ‘veio na hora certa’, com nossa vontade de priorizar as pessoas da casa.”
A inserção de Fernanda tanto nos trabalhos de formação quando de alto rendimento também parte de uma premissa estudada há anos pela direção do JF Vôlei, colocada em prática nos últimos meses com as categorias de base. “Ela vai ter uma função muito importante que é a supervisão dos núcleos, participar da transição em uma função mais macro, com um envolvimento cada vez maior da comissão técnica da equipe principal com a base. Será um braço muito importante no desenvolvimento dos núcleos e na descoberta dos talentos. Ela precisa de um tempo para se adaptar à função, é nova e tem muito o que aprender, mas tem capacidade e conhecimento para isso”, destaca Maurício.