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Com Paralimpíadas de Paris na mira, Gabrielzinho se prepara na UFJF

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Paratleta almeja melhorara suas próprias marcas nas Paralimpíadas (Foto: Felipe Couri)
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Não é novidade que Juiz de Fora tem um dos maiores atletas da história da natação paralímpica brasileira. Gabriel Araújo, o “Gabrielzinho”, de 21 anos, sagrou-se bicampeão paralímpico em Tóquio, há quatro anos. Mas ele não se contenta em escrever seu nome na história, anseia também por deixar um legado de coragem, determinação e superação. Com sede de vitória e uma paixão pelo que faz visível em seus olhos, Gabrielzinho quer conquistar três medalhas de ouro nas Paralimpíadas de Paris de 2024 – que tem cerimônia de abertura marcada para 28 de agosto. Para isso, o jovem realiza treinos seis vezes por semana no Centro de Referência Paralímpico (CRP) da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Antes das Paralimpíadas, Gabrielzinho passará pelas seletivas da competição – em que ele não deve ter dificuldades. Dessa forma, seus treinamentos já são visando à principal competição do mundo. A Tribuna esteve no CRP da UFJF e acompanhou um dia de atividades do atleta. Ele fez um trabalho de aquecimento e, logo depois, caiu na piscina, acompanhado da orientação de seu fiel escudeiro, o técnico juiz-forano Fábio Antunes.

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“Está sendo um ano muito bom, a minha melhor preparação até hoje. Estou mais maduro e focado nos treinos para ir bem na temporada, que será curta e intensa. Fico muito animado para os jogos, quero evoluir e me consolidar no cenário mundial. O grande objetivo é manter a minha performance e conquistar três ouros nadando abaixo das minhas melhores marcas”, estabelece Gabrielzinho. Ele irá nadar, nas Paralimpíadas, as provas 50m livre e 200m livre – em que já é campeão -, além dos 100m costas, na qual conquistou a prata em Tóquio.

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Gabrielzinho e Juiz de Fora

Mesmo com tantos títulos em apenas 21 anos de vida, o paratleta enxerga que ainda tem muita coisa para conquistar. “No esporte individual, tudo pode acontecer a qualquer momento. Tem que sempre manter a cabeça boa para nadar melhor e feliz. Gosto muito de fazer o que faço, é minha profissão, mas faço com muita diversão. É o caminho para dar o melhor para mim, para minha família e aos que torcem por mim”, afirma o nadador da classe S2 – destinadas aos atletas com membros inferiores, mãos e tronco afetados, com problemas de coordenação.

Assim, o nadador quer continuar dando alegria ao seu país e a cidade onde cresceu. “Sou natural de Corinto, mas costumo dizer que nasci em Juiz de Fora porque foi o lugar que consegui tudo. É uma cidade conhecida e acolhedora, em que tenho muito carinho. Hoje mesmo, antes da entrevista, o motorista de aplicativo me reconheceu e ficou emocionado. Quero seguir dando alegria para o povo juiz-forano e que eles reconheçam cada vez mais meu trabalho”, mira o novo estudante de jornalismo, que começou o curso em busca de continuar inserido no mundo dos esportes.

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Foco na excelência

Além dos seis treinos semanais na piscina, Gabrielzinho faz quatro sessões de academia, além de trabalhos com nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta. O segredo do sucesso é o trabalho dessa equipe multidisciplinar junto ao programa de treino, relata o treinador Fábio Antunes. “A rotina vem dando certo, estamos mantendo e ajustando o que pode ser melhorado. Tentamos sempre otimizar o tempo. Começamos com a parte técnica, quando ele sente a água e faço as correções. Ele é inteligente e faz isso muito bem. Depois vamos para as séries, em trabalhos de força ou ritmo de prova. No final, fazemos uma soltura pequena”, detalha o treinador.

Acompanhando Gabrielzinho desde quando o paratleta era criança, Fábio se sente realizado em sua profissão. O técnico, inclusive, tem recebido pedidos de nadadores para fazerem parte de sua equipe na UFJF. “Os resultados geram mais visibilidade e o pessoal quer estar onde estão os melhores nadadores. Estamos recebendo atletas de todo o Brasil”, frisa. No último mês, a nadadora da seleção brasileira de jovens, Emanuella Araujo, chegou na cidade para iniciar os trabalhos com Fábio.

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“Faça chuva ou sol, nada atrapalha”

“Nossos atletas se inspiram muito nele”, diz o treinador Fábio Antunes sobre Gabrielzinho (Foto: Felipe Couri)

Gabrielzinho realiza, desde o início do ano passado, seus treinos no Centro de Excelência Paralímpico (CEP) da UFJF – uma parceria feita com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) – para desenvolver os programas do paradesporto, com o apoio da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). “A estrutura é excelente. Algo que é muito difícil de ter, mas que aqui tem, é um horário só para os atletas paralímpicos. É também uma piscina coberta, faça chuva ou sol, nada atrapalha”, elogia Gabrielzinho. Já Fábio complementa dizendo que “são oito raias, isso facilita. As estruturas também são próximas (piscina e academia)”.

Como explica o professor da Faefid e supervisor do Centro, Felippe Cardoso, a intenção é expandir o projeto. “Vamos ampliar o número de vagas, receber mais alunos para fazermos a iniciação e pensarmos nos próximos ciclos paralímpicos, para que algum atleta de Juiz de Fora chegue daqui há quatro ou oito anos na mesma situação que temos o Gabrielzinho”, almeja.

O centro é aberto a todos os atletas do paradesporto, cabendo ao atleta apenas procurar o supervisor para que uma avaliação seja feita. “Assim, saberemos se o atleta vai estar na iniciação, na transição ou no alto rendimento. É tudo gratuito, os atletas não têm gasto nenhum, inclusive em competições”, detalha Felippe.

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No Brasil, são 65 centros de referências, e Juiz de Fora está muito bem colocada no cenário justamente porque possui um dos principais paratletas do país, o Gabrielzinho. “É muito importante pela pessoa e profissional que ele é, e principalmente porque nossos atletas se inspiram muito nele. Para a gente, no dia a dia, é um motivo a mais para qualificarmos nosso trabalho, darmos mais qualidade”, fala o professor.

Além do projeto de natação já consolidado, o Centro começará, em breve, seu projeto de atletismo. “A iniciativa tem potencial de crescimento muito grande. Traremos ainda mais atletas de alto nível pensando em formar mais medalhistas. Paralelo a isso, temos responsabilidade de massificar o paradesporto na cidade, abrir possibilidades para as pessoas que não conhecem. A busca é por crescer em qualidade e quantidade, e se tornar um projeto de referência nacional”, projeta Felippe.

*Sob supervisão do editor Gabriel Silva

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