
O atacante Cesinha, de 26 anos, que possui passagens pelas categorias de base de Cruzeiro e Palmeiras, atua pela terceira temporada em um destino pouco usual dos atletas brasileiros: na Lituânia, no Leste Europeu. Desde 2023 no país, o jogador, que é natural de Bicas, cidade a 42 quilômetros de Juiz de Fora, foi campeão nacional neste ano, jogando pelo TransINVEST.
Cesinha era um dos principais jogadores da equipe sub-20 do Cruzeiro, onde foi campeão brasileiro e da Supercopa do Brasil em 2017. Sem oportunidades no time principal, foi emprestado para o Palmeiras em 2019 e conquistou a Copa do Brasil sub-20.
A estreia profissional da então jovem promessa aconteceu dois anos depois, em 2021, pelo Avaí. Porém, ele não teve muitas oportunidades e voltou ao futebol mineiro: primeiro para o Democrata de Sete Lagoas e, em seguida, para o Inter de Minas. Foi aí que as portas do futebol europeu se abriram para o atacante.
Em 2023, o biquense se transferiu para o Hegelmann, onde permaneceu por pouco tempo, já que foi emprestado para o Banga Gargzdai. Pela equipe, Cesinha foi campeão da Copa da Lituânia. Seu desempenho o credenciou a ir ao TransINVEST, onde venceu o campeonato lituano na última temporada.
Para Cesinha, ir para a Lituânia não foi um problema, apesar das diferenças climáticas e culturais. “Estou um pouco acostumado com isso porque eu saí muito cedo de casa: saí de Bicas com 11 anos para morar em Belo Horizonte. Quando fui para a Europa, já foi um pouco mais difícil, mas em um ano, um ano e meio, consegui me adaptar”, explica o atacante.
O jogador conta que utiliza o inglês para se comunicar dentro do clube. Ele tem um tradutor à disposição, mas hoje domina o idioma para não precisar de ajuda. “No início foi difícil, eu não sabia falar nada, o tradutor me ajudava um pouco. Mas comecei a estudar, foquei, fiz quatro meses de intensivo de aula de inglês e agora me comunico bem. Estou dominando um pouco da fala, aí para mim ficou mais fácil”, relata.
Respeito pelo jogador brasileiro
Em qualquer lugar do mundo, o jogador brasileiro é respeitado, e na Lituânia não é diferente. Cesinha afirma que, quando chegou ao país, a expectativa era de que ele aumentasse o nível técnico do campeonato. Por isso, o atleta entende que sua responsabilidade cresceu. “É sempre muito importante que, quando o brasileiro vá jogar fora do Brasil, ele mantenha o foco e trabalhe direito enquanto as coisas acontecem, porque o nome de jogador brasileiro na Europa é muito pesado”, diz.
Diferentemente do Brasil, o principal esporte da Lituânia é o basquete, o que não significa que os lituanos não se importem com o futebol. Cesinha relata que já notou diferenças quando compara o momento em que chegou ao país com o atual. “Eles estão levando muito a sério o futebol, os clubes estão disputando competições europeias. Vejo que o futebol está crescendo bastante na Lituânia. É um país bom, tem bons mercados próximos também, Dinamarca, entre outros países ali perto. Creio que o futebol lituano vai estar bem falado daqui há alguns anos”, avalia.
Na Lituânia, o futebol segue o calendário anual, com a temporada começando em fevereiro e terminando em outubro, já que, por conta do inverno rigoroso no país, não há condições para a prática do esporte entre novembro e janeiro. Cesinha espera que, em 2026, volte a sentir o gosto de ser campeão. “Vamos trabalhar bastante para que a gente comece a almejar objetivos grandes”, projeta.
O biquense, que passa férias no Brasil, valoriza o tempo com a família. “Vou descansar um pouco e aproveitar para passar um tempo com a família para renovar as energias e voltar 100% focado para o ano que vem”, diz.
Possibilidades de saída
Cesinha revela que, neste ano, chegou a negociar com um clube da Albânia, mas as partes não chegaram a um acordo. Mesmo dizendo que está focado na próxima temporada pelo TransINVEST, o atacante não descarta ter um novo destino na próxima temporada. “Vamos ver se vai aparecer alguma coisa ainda no final de ano, a janela está para abrir. Mas estou feliz no meu clube, conseguimos ganhar o campeonato este ano com quatro rodadas de antecedência”, afirma.
Apesar de se mostrar aberto a receber propostas, Cesinha descarta um retorno ao Brasil. “No momento, não me vejo voltando para o Brasil. Me adaptei bem à Europa, então prefiro ficar um pouco mais tempo e deixar para voltar ao Brasil um pouco mais velho”.
