Mais de duas semanas após ter mais de 30 troféus furtados da sua sede social – incluindo o da Taça Minas, conquistada em 2008 -, o Tupi continua sem saber o paradeiro do patrimônio. De acordo com o delegado da Polícia Civil responsável pelo caso, Hamilton Junior, um inquérito policial foi instaurado e as apurações estão em andamento. Ele ainda informa que as investigações prosseguem ao mesmo tempo em que laudos periciais são aguardados.
Conforme o vice-presidente do Tupi, Jefferson Vitor, o clube recebeu informações sobre um suspeito de autoria do crime. “O investigador foi à nossa sede e todas as informações que recebemos estão sendo passadas para a Polícia Civil. Estamos aguardando o trabalho deles, é fundamental para recuperarmos as taças”, analisa. O vice-presidente conta também que há dificuldade para identificar as taças de cada conquista pelo fato de o Tupi não ter feito um inventário.
“Tem alguns que não sabemos se é da malha, da bocha ou do futebol, já que o Tupi tem várias conquistas em diversos esportes. O que conseguimos identificar é o da Taça Minas, a nossa principal conquista estadual. Ele é o troféu que em termo de valor é baixo, mas de história, alto. Nossa prioridade hoje é recuperá-los, porque faz parte da história esportiva da cidade”, frisa.
Questionado sobre quais serão as medidas adotadas caso o Tupi consiga recuperar os troféus, Jefferson fala que a ideia é fazer um inventário. “Pensamos em entrar em contato com a secretaria da cidade ligada a cultura e também com a parte de história da Universidade Federal de Juiz de Fora para catalogar o que temos. Através das fotos e das pesquisas podemos manter todos identificados e preservados”, pondera.
Troféus de Sport e Tupynambás
Para saber a situação atual das taças de Sport e Tupynambás, a reportagem entrou em contato com diretores de ambos os times. Conforme o vice-presidente do Verdão da Avenida, Daniel Moreira, câmeras de segurança estão posicionadas estrategicamente na sala de troféus para coibir furtos. Além disso, ele afirma que um funcionário fica responsável pelo local. “Temos uma dedicação e preservação diária, com limpeza, organização e segurança com busca pela melhora para os associados e visitantes”, revela Daniel.
Na visão do vice-presidente, os troféus são importantes para a preservação da história do clube, além de ser uma motivação para os atletas atuais. “Vemos muitas pessoas paradas ali, admirando, conversando, perguntando. É um lugar muito visitado, conta a história de 107 anos de glórias. Quanto mais tempo vai se passando, mais viva ela fica, consolida a imagem do clube ao público. Preservar o nosso patrimônio é mais do que importante para a sobrevivência”, opina.
Já o presidente do Tupynambás, Cláudio Dias, esclarece que, apesar de a sede social do clube ter sido vendida, os troféus estão guardados em locais que a agremiação mantém no Bairro Poço Rico. “Os títulos da Segunda Divisão e o vice do Módulo II estão em uma sala, e o restante, em outra. Alguns estão deteriorados, mas guardados para depois restaurarmos”, declara Cláudio. Ele ressalta que ambas as salas possuem câmera de segurança.
Ainda de acordo com o mandatário, a ideia é levar os troféus para o novo centro de treinamento do clube, na BR-040, assim que as obras forem finalizadas. “Iremos fazer um local especial para eles. É a história do clube, precisam ser bem tratados”, argumenta.
O furto no Tupi
Na madrugada do dia 20 de outubro, o Tupi teve mais de 30 troféus furtados de sua sede social, localizada na Rua José Calil Ahouagi, na região central de Juiz de Fora. A Tribuna conversou com uma funcionária do clube, que contabilizou 37 taças furtadas. O troféu da Série D do Campeonato Brasileiro, conquistado em 2011 e visto pelos torcedores como um dos mais importantes da história carijó, não estava entre eles. Entretanto, o da Taça Minas, vencida em 2008, foi levado.
Por meio de fotos e vídeos divulgados por profissionais do Tupi, além da falta de troféus nas estantes, foi possível ver estilhaços de vidro no chão, portas de armário arrombadas e uma maçaneta quebrada. A Polícia Civil teria sido acionada.
A Tribuna também teve acesso, à época, a um Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) que relatava outro furto dentro do clube. As vítimas seriam duas mulheres, de 21 e 22 anos, que costumam treinar no local. Elas teriam falado à Polícia Militar que a jovem mais velha passou em uma joalheria antes de encontrar a amiga e pegou uma bolsa contendo semijoias encomendadas pela vítima mais nova. Ela teria levado a bolsa para o clube e deixado em cima da mesa do bar, localizado no interior do clube, e saído. Ao retornar, não encontrou a bolsa. Ambas saíram para procurar as semijoias, mas não acharam.
Ainda segundo o registro, as vítimas teriam sido informadas quanto às providências a serem adotadas. Elas disseram terem sido informadas de que o sistema de câmeras de segurança do bar não estaria funcionando.
*Estagiário sob supervisão do editor Gabriel Silva