A corredora Mariângela Jenevain, de 61 anos, é a personificação do Ranking de Corridas de Rua de Juiz de Fora. Ela começou a participar da disputa em 1998, quando tinha 36. Desde que iniciou, a moradora do Bairro Serro Azul, Cidade Alta, nunca deixou de estar em nenhuma corrida do torneio local. Além de fazer história na cidade, Mari, como é conhecida, já participou de competições em outras diversas localidades. Por conta de sua relevância para o esporte local, ela é mais uma personagem do “Qual é o Seu Corre”, série da Tribuna que conta a história de um atleta da cidade a cada etapa do Ranking.
Mari, inclusive, será uma das 1.240 participantes da 7ª Corrida Unimed, oitava etapa do 35º Ranking de Corridas de Rua da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). A disputa aconteceu neste domingo (8), às 8h, e teve largada na BR-440, próximo ao antigo German. O percurso da corrida foi de 6,5 km e o da caminhada, 3 km. A corrida infantil foi realizada no mesmo dia e local, às 9h30.
Muitas conquistas
Para quem chega na casa de Mari, é impossível não notar, no quintal, uma salinha improvisada tomada por troféus e medalhas. Sozinha, a juiz-forana tem mais títulos que muitos clubes de futebol, por exemplo – não sabe nem mesmo precisar quantos. Ela chegou até a doar cem de suas medalhas, e hoje, precisa colocar algumas em caixas de papelão por falta de espaço, assim como os trofeús. “De todos, o mais especial é um de quinto lugar que conquistei em Aparecida do Norte, em 2017. É o meu xodó porque a prova é muito difícil e o troféu tem a Basílica de um lado e a Nossa Senhora Aparecida do outro. Esse fica separado, na sala de estar”, conta. “Os outros, não tenho preferência. Cada um teve uma alegria e uma emoção diferente”, completa.
Nessas duas décadas e meia de corrida, Mari sempre teve a companhia de uma pessoa especial: o marido Gilmar, de 64 anos. Ele, avesso a entrevistas, já jogava futebol, e incentivou a esposa a ingressar na atividade física no momento em que ela descobriu um quadro de hipertensão, ela conta. “Trabalhávamos juntos, treinamos e competimos juntos. Conhecemos muitos lugares, como São Paulo, Belo Horizonte, Vitória e diversas cidades de Minas Gerais. Somos muito esforçados e disciplinados, saímos para treinar seja no sol ou na chuva”, se orgulha a aposentada. Ela já participou, também, de corridas como a São Silvestre, da Pampulha e a Maratona de São Paulo.
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‘A corrida faz parte da minha vida’
No avaliação de Mari, o Ranking está sofrendo alterações. Ela relata que, anos atrás, cerca de cem pessoas participavam de cada prova. Com isso, os laços criados eram maiores. Agora, as corridas chegam a ter dois mil participantes, e a disputa fica mais acirrada. Mesmo com tanto tempo de corrida, a corredora continua entre as melhores colocadas. “Estou correndo bem, sempre entre as vinte primeiras. Brinco que os outros devem falar ‘o que essa velha está fazendo aqui na frente com as pessoas novas’. E sempre me dei bem com todo mundo, vejo que é sincero quando eles falam que são meus fãs, que me admiram. Fico com vergonha quando as pessoas me elogiam, mas orgulhosa ao mesmo tempo, porque não é fácil correr na elite todo esse tempo”, vibra.
Aos 61 anos, a aposentada continua realizando treinos diários em estradas perto de sua casa. “A gente sempre pensa que vai chegar uma hora que vai parar. Penso que ano que vem não vou correr mais, mas vou na primeira prova para testar, chega lá e empolgo”, brinca. Mari fala que espera continuar correndo por muito tempo com seu marido e recomenda a prática para outras pessoas.
“A gente paga para correr, é caro, mas estamos ganhando saúde e conhecendo pessoas. Nunca é tarde, comecei com 34 anos e hoje a corrida faz parte da minha vida. Esse ano, vou terminar o Ranking, seguir não falhando em nenhuma disputa pelo vigésimo quinto ano seguido”. Ainda neste ano, ela participará de uma prova em Ibitipoca, além de realizar treinos diários perto de sua casa. “Quero continuar correndo por muito tempo, e quando não aguentar mais, irei para a caminhada muito feliz com tudo o que conquistei.”