A torcida é parte fundamental e indissociável do futebol, tornando-se, muitas vezes, o 12º jogador em campo e capaz de levar o time a vitórias e conquistas. É com esse objetivo que os apoiadores do Aymorés vão ao Estádio Affonso de Carvalho, em Ubá, tendo uma das melhores médias de público do Módulo II do Campeonato Mineiro em 2023: 934 torcedores em dez jogos como mandante. A temporada deste ano não começou diferente: mais de mil fanáticos pelo Azulão acompanharam o empate por 1 a 1 com o Nacional, na primeira rodada da divisão de acesso estadual.
A peculiaridade que a torcida do Aymorés possui em comparação às de outros times é que ela se manteve viva mesmo no período em que o clube não competia profissionalmente. Para entender esse sentimento e a relação com a equipe, a Tribuna conversou com três aymoreínos fanáticos: Flávio Ribeiro, Caio Amatto, presidente da Torcida Garra Aymoreína, e Fernando Caruso, vice-presidente da organização.
Flávio e Fernando explicam que a paixão pelo Aymorés começou em casa, mas cada um à sua maneira. “Meu pai era bandeirantino e eu gostava de torcer contra ele. Em um belo dia, mexendo nas coisas da família, achei uma foto do aniversário do meu irmão mais velho com a camisa do Bandeirante, arquirrival do Aymorés, e o bolo com um campo com os bonequinhos de camisa verde e de camisa azul, representando o clássico Bandeirante contra Aymorés. Eu falei: meu irmão é Bandeirante, mais um motivo para ser Aymorés”, conta Ribeiro.
“A minha paixão pelo Aymorés surgiu aos 11 anos, quando meu pai me levava nos jogos do Aymorés. Desde então, sempre acompanho o time”, relata, por sua vez, Fernando.
Mesmo com o time não disputando competições profissionais, a paixão pelo Azulão seguiu intacta, conforme afirma Caio. “A gente troca de roupa, troca de esposa, mas não troca de time”, brinca. “A gente sempre teve essa chama acesa. Sabíamos que o Aymorés estava ali e que qualquer hora poderia voltar. Graças a Deus tiveram pessoas que mataram esse projeto no peito e voltaram para o futebol profissional”, conta.
Para Flávio, ver inativo o clube que ama era motivo de tristeza. “Via a estrutura fechada, parada, às vezes via a categoria de base, as crianças brincando. Você fica triste, mas não vai deixar parar (a paixão). Quem gosta, gosta de verdade”, afirma.
Aymorés em primeiro lugar
Para esses três torcedores, o Azulão é uma das principais prioridades. Flávio conta que faz de tudo para acompanhar a rotina do clube. “Tudo que eu posso fazer para ajudar e somar com o Aymorés, eu faço. Veio o sócio-torcedor, assim que começou, eu aderi. Sou sócio da Garra, ajudo. Quando a gente faz vaquinha para poder comprar material para a torcida, eu ajudo. Eu convido pessoas para ir ao estádio, porque quanto mais pessoas ali, melhor para o clube. Quero ajudar sempre o Aymorés”, garante.
Para Fernando, não é diferente. Ele está sempre atualizando o grupo de WhatsApp da torcida com as notícias relacionadas ao Aymorés, tanto na base, quanto no profissional. “Eu procuro informações com o coordenador da base, para saber que dia os jogos irão acontecer. Quando tem jogo, eu converso com os pais dos meninos, coloco a faixa da torcida lá, pego as bandeiras e deixo prontas para os pais dos meninos balançarem”, relata.
Caio conta que, por ser o presidente da Garra Aymoreína, acompanhar o clube se tornou parte fundamental de sua vida. “Do ano passado para este ano, a gente não ficou parado, a gente movimentou o tempo inteiro, mesmo sem jogo”, diz Amatto.
De andaime a quase quebrar a mesa
Cada um dos torcedores possuem uma história peculiar como fanático pelo Aymorés. Para Caio e Fernando, um momento inesquecível foi quando a torcida alugou um andaime para assistir aos jogos do lado de fora do estádio, já que a presença de público era proibida em virtude da pandemia de Covid-19.
“A gente alugava um andaime e colocava no muro de fora do estádio para assistir ao jogo. A gente juntava a galera, rachava, cada um pagava um pouco e ficava do lado de fora do muro para assistir ao jogo”, conta Caio. “Nós fomos campeões invictos da Segunda Divisão do Campeonato ‘no muro’ em 2020”, complementa Fernando.
A história de Flávio se passa em casa, durante a vitória do Aymorés de virada sobre o Nacional, com o gol marcado no final da partida, na última rodada do Módulo II, que evitou o rebaixamento da equipe ubaense na competição. “Aos 49 do segundo tempo a gente faz um gol, quase quebrei a mesa da minha casa. Eu ia em Muriaé (para ver o jogo), mas não pude ir porque a minha esposa tinha feito cirurgia”, revela Ribeiro.
“Não somos grandes, mas somos fortes”
Para Caio, a torcida é a principal responsável por mover o Aymorés ao melhor caminho. “É sempre o coração do time, aquilo que faz pulsar, aquilo que faz render, que faz ir para cima mesmo. Estamos sempre recepcionando o time no estádio, é foguete, é bandeira”, afirma.
Flávio também acredita que a torcida é parte fundamental do Aymorés. “É o combustível do time. Sem esse combustível, o time não joga com garra. Às vezes, a torcida está mais tranquila, e a hora que ela resolve estourar e começa a cantar, gritar, é impressionante o quanto os jogadores explodem dentro do campo também”, descreve Ribeiro.
*Estagiário sob a supervisão do editor Gabriel Silva