Cerca de 20 dias após a suspensão por tempo indeterminado do Módulo II do Campeonato Mineiro, o Tupi ainda espera por propostas concretas da Federação Mineira de Futebol (FMF) quanto a eventual ajuda de custos para o restante da temporada. Com contratos de jogadores e comissão técnica válidos até 30 de maio, o presidente do Tupi, José Luiz Mauler Júnior, o Juninho, projeta a perda de dez dos 30 atletas inscritos para as cinco rodadas finais da fase classificatória do Módulo II. De acordo com a FMF, “o presidente Adriano Aro está em contato permanente com os presidentes dos clubes para buscar soluções comuns”.
De acordo com Juninho, o Movimento Nacional dos Clubes Profissionais de Futebol endereçou, nesta segunda (6), à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), uma carta pleiteando ajuda aos clubes sem divisão nacional. O documento foi endossado por 175 dirigentes de diferentes agremiações.
“Fizemos uma carta por meio do Movimento Nacional de Clubes, em contato com a FMF, mas a resposta é sempre a mesma: estão se empenhando e fazendo estudos e levantamentos. Falam que vão apoiar, vão fazer isso, aquilo, etc., mas não tem nada de concreto ainda e acho que, sinceramente, a FMF não vai fazer nada não”.
Dentre os pleitos, os clubes reafirmam a importância da continuidade dos campeonatos estaduais, uma vez que as agremiações já fizeram investimentos expressivos para as disputas em busca de vagas na Série D e na Copa do Brasil. “Fato é que os clubes que disputam os campeonatos estaduais, não integrantes das séries nacionais, permanecem com suas necessidades de manter os contratos e os milhares de empregos que geram em todo o país, igualmente necessitando de assistência e atendimento de auxílio emergencial financeiro por parte da CBF. E até com maior intensidade, pois não terão outras competições e unicamente concentrarão os seus esforços em concluir os certames locais (…)”, questionam, na carta, os representantes dos clubes.
Nesta segunda, a CBF anunciou ajuda de custo, mas apenas para clubes das séries C e D do Brasileiro masculino – o que não inclui o Carijó, atualmente sem divisão, além de auxílio aos módulos A1 e A2 do Brasileiro feminino e às federações. A FMF confirmou à Tribuna o repasse, nesta terça, de R$ 120 mil pela CBF. Entretanto, conforme a entidade mineira, o auxílio é “para manutenção da estrutura que está sempre à disposição dos clubes”. Procurada, a CBF não respondeu aos questionamentos a respeito de estudos e medidas para auxiliar os clubes sem divisão nacional. Desde a última sexta (3), está em vigor a isenção de taxas relativas aos registros de contratos e à transferência de jogadores a todos os clubes.
Sem dez jogadores
A imprevisibilidade em relação ao futuro do Módulo II também é um obstáculo ao planejamento do Tupi para o restante do campeonato. Não se sabe se o Módulo II será encerrado da maneira como está, mas sem acessos e rebaixamentos, ou se será retomado ainda em 2020 devido ao calendário dos certames nacionais. Em entrevista à Rádio Itatiaia nesta segunda, o governador Romeu Zema (Novo) ponderou que eventos como jogos de futebol, shows e espetáculos, por exemplo, em razão de reunirem grandes aglomerações, devem ser retomados apenas a partir de maio.
Em caso de reinício, há problemas para os quais, no entendimento de Juninho, a FMF ainda não apresentou soluções.
“Por exemplo, gastávamos R$ 15 mil por semana para jogar. Se fôssemos jogar fora, gastaríamos ainda com alimentação, ônibus e hospedagem. Se eu fosse jogar dentro de casa, gastava também com as taxas. Se a FMF for colocar jogos como estão planejando, terça e domingo, vou passar a gastar R$ 30 mil por semana, o dobro do que gastava. Quem vai viabilizar isso?”.
O mandatário projeta ainda a saída de dez jogadores do plantel depois de 30 de maio – data final de seus contratos -, já que estão em negociação para a disputa das séries C e D por outros clubes. “Provavelmente vou ficar sem uns dez jogadores para disputar a fase final do Módulo II dependendo do tempo que demorar, porque muitos deles já fecharam outros compromissos. Então, eles não renovar comigo para mais dois meses e perder seis meses de salários com outros clubes. Já é uma dificuldade grande. (…) Eles já estavam cientes de que o Tupi só tinha o primeiro semestre, então começaram a negociar com outros times para disputar o Campeonato Brasileiro”, explica.
Conforme Juninho, são os jogadores Douglas, Emerson, Matheus Mega, Magdiel, Dias, Izaías, Kassinho, Esquerdinha, Gueguel e Yan. “Agora, se o campeonato voltar em 30 de abril, 1º de maio – o que acho que não vai acontecer -, só vai terminar em junho ou julho e o que vai acontecer? Eles não vão perder seis meses de contrato com os outros times para cumprir um, dois meses com o Tupi, que é bobagem. Se acontecer, o resto do campeonato vai ser uma fase difícil para os clubes da segunda divisão”, lamenta Juninho.