“O dia mais triste da minha vida no esporte.” Assim resume o diretor técnico do JF Vôlei, Maurício Bara, ao relatar episódio ocorrido no último sábado (5), quando a equipe juiz-forana foi até Fortaleza encarar o Instituto Cuca pela antepenúltima rodada da Superliga B. Antes do duelo, seis atletas do time mineiro foram atendidos pela equipe médica presente no ginásio Cuca José Walte, representada pela Dra. Ana Carolina Duarte, que expôs em relatório que o sexteto possuía “condição clínica comprometida” e orientou repouso e hidratação diante de hipótese de diagnóstico de “virose da mosca”. Diante disto, o clube pediu o adiamento da partida, prontamente negado pelos mandantes e pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).
Já em quadra, apesar de o resultado ter ficado em segundo plano, o JF Vôlei conheceu novo revés na competição nacional, de virada, por 3 sets a 1 com parciais de 18/25, 25/13, 25/16 e 26/24. A equipe principal utilizada teve o levantador Luis, o oposto Edwuin, ponteiros Thiago e Bryan, centrais Índio e Jardel, e o líbero Mococa. Com o resultado, o time comandado por Daniel Schimitz segue com 5 pontos somados em sete jogos, de volta à última colocação.
De acordo com Maurício, 12 profissionais da delegação juiz-forana passaram por intecorrências, de sintomas leves à mais graves, durante a viagem de retorno para Juiz de Fora, de 3h às 13h de domingo. “Tentamos adiar o jogo para esta segunda, o que significaria muito mais problemas pra nós em aumento de gastos com hospedagem, alimentação, mudança de voo. Ainda assim, vários atletas seguem sem condições de jogar”, reforça. Apesar da suspeita de “virose da mosca” em Fortaleza, o clube tem mantido os atletas sob cuidados e não descarta a possibilidade de consequências geradas por uma infecção alimentar.
Indignação juiz-forana
O JF Vôlei divulgou, no domingo, nota de protesto pelas redes sociais e expôs uma inconformidade com o tratamento recebido no Ceará. No texto, o time reitera que os atletas apresentaram “quadro clínico de diarreia, vômito, dor abdominal e mal-estar. Imediatamente a situação foi levada à delegação oficial do jogo, à Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e à equipe anfitriã, o Instituto Cuca, com solicitação de adiamento da partida”, contextualizou.
“Para nosso espanto e contrariando todos os atributos do fairplay, o pedido foi negado. A resposta obtida foi que ‘ou entrávamos com apenas 6 jogadores em quadra ou perderíamos por WO’, como prevê o regulamento. Honrando os nossos 14 anos de história de competições ininterruptas (fato raro no país) e rigoroso cumprimento das normas, fomos para o jogo. O que se viu a seguir foi de envergonhar o esporte voleibol, com o time aquecendo às pressas a apenas 10 minutos da partida, equipe sem centrais a maior parte do tempo, jogadores saindo da ambulância para a quadra, entre outros acontecimentos lamentáveis”, seguiu a nota.
Segundo Maurício Bara à Tribuna, houve “cinismo do representante da CBV (Fábio Rodrigues). Tenho os áudios para comprovar e, se precisar, vamos divulgar porque duvidaram da nossa índole. Quem me conhece sabe que estamos há mais de dez anos no voleibol nacional e nunca demos trabalho ou causamos problemas à CBV. Ele parou de falar comigo, foi até a delegada e disse que se não entrássemos com os outros seis atletas, perderíamos de W.O.”
Ainda na nota, o JF Vôlei completou o lamento ao dizer que “quem perdeu foi o voleibol. Foi o exemplo que deixou de ser dado para milhares de jovens que vêem no vôlei um caminho de inclusão e justiça social. Essa é a razão do nosso projeto. Mas parece que não é bem assim em outros tantos que se dizem sociais por aí. A mensagem de ganhar a qualquer custo foi a que ficou”.
A Tribuna entrou em contato com a assessoria da CBV ainda no domingo, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
‘Se fosse em JF, seria adiado’
“Foi um momento muito triste não só pela postura da Confederação, mas também do Instituto Cuca. Não vou nem discutir a questão do adiamento, afinal é um conflito de interesses em que nós não tínhamos condições de jogar e eles queriam ganhar. Mas se o jogo fosse em Juiz de Fora, ele seria adiado imediatamente, qualquer fosse a equipe. E o segundo ponto é que com exceção da equipe médica, da Dra Ana Carolina, que nos tratou em alto nível, ninguém da equipe deles, da presidente aos atletas, sequer perguntaram o que estava acontecendo. Tem fotos nossas no posto médico e não se importaram”, desabafa Maurício.
Ainda conforme o diretor, “não estamos preocupados com o resultado do jogo, mas tudo isso foi muito duro. Coloquei aos atletas no sábado que se não quisessem jogar, eu apoiaria. Mas preferiram entrar em quadra. E sobre o resultado, não tenho esperança nenhuma de que vá reverter isso.”
O JF Vôlei tenta virar a chave para o duelo do próximo sábado (12), às 18h, contra o Smel/Araucária/Aspma/Berneck, no ginásio da UniAcademia. Se perder, o time local estará rebaixado à Superliga C.