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Ruínas de uma modalidade

pista do vitorino braga considerada a melhor de juiz de fora esta deteriorada e oferece risco aos praticantes de skate marcelo ribeiro03 12 2015

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Pista do Vitorino Braga, considerada a melhor de Juiz de Fora, está deteriorada e oferece risco aos praticantes de skate (Marcelo Ribeiro/03-12-2015)
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Pista do Vitorino Braga, considerada a melhor de Juiz de Fora, está deteriorada e oferece risco aos praticantes de skate (Marcelo Ribeiro/03-12-2015)

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A modalidade esportiva que melhor simboliza a vida urbana nos grandes centros agoniza em Juiz de Fora. Apesar do número de praticantes estar estimado em aproximadamente quatro mil pessoas, os espaços públicos para a prática do skate sofrem com a precariedade. Tanto é que a pista mais tradicional da cidade, no Bairro Vitorino Braga, que completará 15 anos no próximo dia 16, perdeu a oportunidade de sediar nos dias 28 e 29 de novembro a última etapa do Circuito Mineiro de Skate Street 2015 por “falta de infraestrutura (manutenção da pista)”, conforme informativo da Federação Mineira de Esportes Radicais (FMER).

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“É uma pena que a pista que já foi referência no país inteiro, já foi a melhor de Minas Gerais, hoje não tenha condições de ter uma etapa do Campeonato Mineiro”, lamenta Brunner Lopes, membro da diretoria da Associação Juiz-Forana de Skate (AJS), temeroso de que Juiz de Fora deixe de ser lembrada para eventos futuros da modalidade.

“Juiz de Fora perdeu a oportunidade de estar no Circuito novamente, um evento que serve para o ranking do Campeonato Brasileiro. A penúltima vez que a etapa aconteceu na cidade foi em 2006. Depois disso, conseguimos no ano passado, com uma revitalização feita pelos próprios skatistas. O representante da FMER deixou claro que ele estava dando uma força para a cidade, considerando o histórico no Circuito, e agora ficou difícil. Corre o risco, sim (de o município não ser mais incluído). Estamos perdendo espaço para cidades com pistas novas.”

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Apesar da confirmação recente, o risco de perder a etapa do evento estadual se mostrava iminente há quase um semestre. Em reunião envolvendo representantes da AJS e das secretarias municipais de Obras e Esporte e Lazer, houve a sinalização de falta de recursos da Prefeitura para arcar com os R$ 80 mil orçados para a reforma da pista do Vitorino Braga. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Obras, a Prefeitura ainda busca esses recursos com parceiros, mas, por outro lado, a pista da Praça Antônio Carlos está em fase final de reforma. O espaço deverá ser entregue novamente à população ainda esse mês, após uma intervenção que custou R$ 10 mil, recursos investidos pela própria Secretaria de Obras.

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Sem opções de espaços para abrigar o evento, os responsáveis pela AJS ainda correram contra o tempo em busca de uma alternativa. Segundo Brunner Lopes, a expectativa “até o último minuto” era a possibilidade de surgir algum patrocinador. “A reforma poderia ser feita de duas maneiras: uma é a reforma total, que sabíamos que não daria tempo. A outra era um patrocinador fazer uma reforma paliativa, tapando os buracos com concreto e passando tinta para deixar a pista aparentemente nova. Serviria para o evento, mas em um ou dois meses ia ficar esburacado de novo. Mas não foi para frente. Resolveria em duas semanas. Ano passado conseguimos fazer com um mutirão dos skatistas.”

AJS reclama de falta de diálogo com secretário

Enquanto aguardam o término da obra na pista da Praça Antônio Carlos, os praticantes da cidade buscam alternativas. Porém, segundo avaliação da AJS, todos os 15 espaços públicos disponíveis na cidade para a prática do esporte não estariam em boas condições. “Só tem a praça CEU da Zona Norte, embora ainda tenhamos algumas restrições por não ter ficado muito boa. Em menos de um ano (da inauguração), já está toda rachada”, afirma Brunner, que lamenta a falta de diálogo com o atual secretário de esporte e lazer, Carlos Bonifácio.

“Desistimos desse atual secretário de esporte. Ele nem responde a gente. Mandamos um ofício sobre o Dia Mundial do Skate, que foi em julho, e ele sequer respondeu. Mandamos também um comunicado do Circuito Mineiro, e ele também não respondeu. Estamos bem desapontados com a postura do atual secretário. Antes, quando era o Canalli (Francisco, ex-secretário de esporte e lazer), apesar de todas as dificuldades, a gente ainda tinha diálogo. Agora até isso nós perdemos.”

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Em relação aos questionamentos dos skatistas, o subsecretário de fomento às políticas de esporte e lazer, Cláudio Dias, afirmou que, após a conclusão das melhorias na Praça Antônio Carlos, as prioridades serão a revitalização do espaço do Vitorino Braga e a retomada das obras da pista próxima ao Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. “O Vitorino Braga é considerado o melhor de Juiz de Fora, apesar das condições não estarem boas. O prefeito Bruno Siqueira tinha acordado reformar duas praças escolhidas pelos skatistas. A primeira foi a Praça Antônio Carlos, e depois será feita a do Vitorino Braga. Mas não tem previsão, já que a primeira ainda não terminou. Paralelo a isso, desde que o prefeito assumiu, está brigando para fazer a pista do Estádio Municipal. A verba foi cancelada pela gestão anterior, e o prefeito Bruno conseguiu recuperar, mas infelizmente estamos com um problema na desapropriação do terreno. O proprietário questiona o valor, mas a Prefeitura leva como base o IPTU. Será uma obra rápida. No máximo seis meses.”

Imbróglio

A previsão é que o imbróglio seja julgado ainda esse mês. A partir daí, deverão ser seis meses até a conclusão da obra, que custará quase R$ 500 mil, entre o gasto com a desapropriação do terreno, os recursos liberados pelo Ministério do Esporte e a contrapartida da Prefeitura. E para não repetir os erros de planejamento dos espaços públicos, que geraram diversas pistas que não atendem às necessidades dos usuários, a ideia da Prefeitura é trabalhar junto com os skatistas.

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“Esse foi um erro que não é da atual administração. Fizeram várias pistas de skate que não seguem o padrão necessário, inclusive na Praça CEU. Só que quando ele (Brunner) mesmo detectou os problemas, já estava tudo pronto. A empreiteira tinha que entregar a obra e não poderia alterar por ter que seguir o padrão contratado. É um erro por não se consultar as pessoas especialistas. O prefeito propôs que eles (AJS) acompanhassem as duas obras (Praça Antônio Carlos e Vitorino Braga), e na nova pista (no Estádio Municipal) também. Daqui para frente, a tendência é que eles participem ativamente do que estiver sendo feito”, encerra Cláudio Dias.

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