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Após dois transplantes, Máguida André é inspiração nas corridas de rua de JF

maguida andre by couri
Corredora superou doença medular e pôde voltar a praticar esporte (Foto: Felipe Couri)
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“O que me dava força era pensar que a doença era uma maratona”. É assim que Máguida André, de 55 anos, define o período em que teve aplasia medular e precisou realizar dois transplantes. Apaixonada em corrida desde pequena, a moradora do Bairro Grajaú, na Zona Sudeste de Juiz de Fora, na época com 35 anos, superou as enfermidades dia após dia, da mesma forma que corre quilômetro por quilômetro. Após dez anos afastada do esporte por conta da doença, Máguida retornou em 2015 e, desde então, participa do Ranking de Corridas de Rua da cidade pela equipe Denise Machado.

Por conta de sua história, a aposentada é a quinta personagem da série original da Tribuna de Minas “Qual é o seu Corre?”, que conta as vivências de um corredor a cada etapa da disputa mais movimentada do esporte local.

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Máguida é uma das 1.368 inscritas na 11ª Meia Maratona de Juiz de Fora, quinta etapa do 35º Ranking de Corridas de Rua da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). A disputa acontece neste domingo (6), com largada às 7h, no estacionamento do Shopping Jardim Norte. O percurso competitivo será de 21 km, enquanto o alternativo tem 10 km e a caminhada, 3 km.

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Da infância ‘elétrica’ ao transplante

Quando criança e adolescente, Máguida, a caçula de nove filhos, gostava de brincadeiras que colocavam à prova sua capacidade de superação. Foi na Escola Padre Frederico Vienken, onde estudava, que ela começou a tomar gosto pelos esportes, principalmente a corrida. Mas, nessa época, a atividade física era apenas um hobby. Foi aos 32 anos, a convite de seu sobrinho, que ela fez sua estreia no Ranking e começou a tratar a modalidade como prioridade em sua vida.

“Vi que tinham poucas mulheres, e decidi me preparar. Trabalhava em fábrica e, muitas vezes, chegava do serviço, comia rapidamente e treinava antes de ir para meu curso de técnica de enfermagem. Tinha na minha cabeça que sem treino, ficaria sofrido na hora de correr, por isso fazia tudo o que eu podia para estar bem no momento das provas”, relembra.

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Três anos depois que estreou no Ranking, Máguida, com 35 anos, descobriu que tinha aplasia. Sua medula óssea não produzia de forma adequada as células sanguíneas e, ao mesmo tempo, a anemia aumentava. Após meses repletos de exames e consultas, a constatação dos médicos era de que seria necessário um transplante de medula caso a juiz-forana não quisesse viver uma vida paliativa. A tensão aumentou, já que encontrar um doador compatível não é fácil – conforme o Hemocentro de Goiás, pacientes têm 25% de chance de encontrar um doador compatível entre irmãos. Quanto aos não familiares, a probabilidade é de um a cada cem mil habitantes.

Mas, por “sorte divina”, como Máguida define, dois dos seus oito irmãos eram compatíveis. A corredora, então, foi para São Paulo, passou por várias avaliações, realizou o transplante e ficou mais quatro meses em terras paulistas para avaliações. Depois disso, ela retornou para Juiz de Fora e encontrou seu filho, que tinha apenas 2 anos e ficou na cidade mineira sob o cuidado da família durante o tratamento da mãe. “Ficava com medo de ele não me reconhecer, mas foi uma alegria quando o vi de novo”, se emociona Máguida.

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Do segundo transplante ao retorno às corridas

Quando tudo parecia caminhar bem, após um ano do transplante, o médico sugeriu que Máguida parasse de tomar o remédio que utilizava para não ter rejeição da medula. Entretanto, a retirada causou efeitos devastadores: as células sanguíneas voltaram a ficar em níveis baixos, e, após exames, foi diagnosticado que seu corpo tinha rejeitado a medula. “Meu mundo caiu de novo, não sabia o que fazer”.

Em 2005, com 37 anos, Máguida fez seu segundo transplante, com a medula de seu outro irmão, Osvaldino André, como doador. Tudo deu certo e, dessa vez, ela tomou o remédio por dez anos, porque sempre que tentava retirar, aparecia alguma alteração nos exames. Somente com 47 anos, em 2015, ela foi liberada para fazer atividade física. “Foram muitos momentos difíceis. Quando pensávamos que ela estava melhorando, acontecia algo e ficava tudo delicado. Mas a Máguida tem um espírito de guerreira. Mesmo com as circunstâncias, ela teve fé e esperança, recebeu uma bênção por confiar em Deus. Fiquei muito feliz por ter recebido a ordem divina para ser o doador. Hoje, ela continua com seu empenho e alegria”, vibra Osvaldino.

Para Máguida, retornar à modalidade após dez anos afastada “não tem explicação”. Ela considera que o esporte transformou sua vida. “Se não fosse a corrida, eu não estaria aqui, porque não teria motivação para passar os momentos ruins. Sempre mentalizei que ia melhorar para voltar a correr”, recorda. Desde 2015, quando voltou, a aposentada já participou, além de diversas corridas do Ranking, de três Maratonas do Rio.

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“Essa mulher é minha inspiração”, diz a amiga, Maria Inês (Foto: Felipe Couri)

“O pensamento positivo tem que existir”

Com o retorno às corridas, Máguida se tornou espelho para várias mulheres. Uma delas, Maria Inês Alves, de 63 anos, se tornou uma de suas melhores amigas. “Essa mulher é minha inspiração. Devo a ela a coragem que eu tive para correr. Por tudo que passou, pela superação e por estar sempre otimista e dando força para a gente. É uma pessoa simples, humilde, com um potencial enorme e que sempre nos incentiva. A Máguida tratou bem desde o início, passando para mim a garra que tem. Fico muito feliz de ver como ela está linda, correndo e se superando. Muita gente se inspira nela e eu fui uma dessas pessoas”, declara Maria Inês.

Ao ouvir as palavras da amiga, Máguida se emociona e diz ter um recado para pessoas que estão passando por momentos complicados. “O pensamento positivo tem que existir sempre, seja qual for a situação. E é preciso focar em algum objetivo, como o esporte. Se não gosta de correr, vai jogar uma peteca, dançar, praticar alguma atividade física. A saúde e sua vida agradecem”, encerra a atleta.

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