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“Não poder fazer o que ama é muito estranho”, diz Felipe Roque

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A notícia do cancelamento da Superliga Masculina de Vôlei impactou, naturalmente, os jogadores como o juiz-forano Felipe Roque, oposto que defendeu o Minas Tênis Clube/Fiat. Sem poder treinar ou malhar como em sua rotina normal, o que restou ao atleta é aguardar, em isolamento, que a próxima temporada possa começar logo.

O ano ia bem para o Minas, time da capital mineira que ocupava a sexta posição da tabela de classificação e se preparava para os playoffs. “Acredito que tenha sido a Superliga mais equilibrada, tanto para os líderes quanto para aqueles que estavam mais a fundo na tabela. Todos estavam com nível parecido. O Minas começou mal, mas fomos criando liga entre os jogadores. No começo desse ano fizemos bons jogos, ganhando de times grandes como Sesi-SP, Sesc e Taubaté. Crescemos muito. Mas quando íamos para os playoffs, aconteceu a paralisação. Ficamos na expectativa de voltar, mas não teve como”, conta Felipe, formado no Bom Pastor/JF Vôlei e que, aos 22 anos, acumula quatro Superligas disputadas.

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Para o atleta, a decisão por encerrar o campeonato era a mais esperada, visto que o desempenho seria prejudicado pelo período sem partidas. Na reunião, ocorrida em 20 de abril, porém, o Minas chegou a votar pela continuidade, assim que fosse possível. A decisão do cancelamento foi tomada por sete votos a cinco.

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“A opinião do nosso diretor (do clube) dizia que, se ficasse mais de 15 ou 20 dias parados, não seria interessante voltar porque os jogadores perdem muito física e tecnicamente, fora que o índice de lesão poderia aumentar muito. Sabíamos que os jogos não iam voltar tão rápido, pois o Brasil ainda não está no pico da pandemia, então não tinha o que fazer mesmo”, concorda Felipe.

Felipe Roque ainda irá discutir sequência no Minas Tênis Clube (Foto: Reprodução Instagram)

Ainda sem saber como será a temporada 2020/2021, o atleta tem esperança de dias melhores. Como de costume, a virada de calendário no vôlei deveria começar entre julho e agosto. No entanto, o impacto econômico sobre clubes e jogadores deve ser inevitável, segundo as previsões do juiz-forano. “Acredito que, até lá, as coisas tenham melhorado. Se acontecer disso realmente passar, acho que a temporada começa normalmente. Porém, muitas equipes vão ter problemas com patrocinadores, porque essa situação está influenciando muito na economia do país, o que pode pesar negativamente na próxima temporada. Até mesmo o valor dos atletas no mercado pode cair. Para jogar nesses times, os atletas vão ter que diminuir o preço”, reflete.

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Mais um ano para Tóquio

Registrando convocações para a seleção brasileira desde 2015, passando da base para o adulto no ano passado, Felipe Roque almeja estar na próxima edição dos Jogos Olímpicos. Com a pandemia e o adiamento dos Jogos para 2021, a lista de convocações nem chegou a ser divulgada, o que deixa margem para a esperança.

“Ao mesmo tempo que foi triste o adiamento, pois todos estavam se preparando para esse momento, vou ganhar um ano a mais para me preparar para disputar vaga na Olimpíada. Como nessa disputa sou o mais novo, um ano a mais treinando e jogando me ajudará na maturidade e bagagem para bater de frente com o pessoal mais velho”, planeja com otimismo.

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Depois do isolamento, a readaptação

Felipe retornou à sua terra natal desde que interromperam os treinos. Tendo encerrado seu contrato de três anos com o Minas, o atleta só voltou a Belo Horizonte para assinar a rescisão nessa semana. A possibilidade de firmar um novo contrato ou não ainda está em análise. Enquanto isso, o atleta tenta manter o condicionamento físico em casa, assim como outros jogadores.

“Tenho equilibrado a alimentação e feito exercícios, tentando manter a parte física da melhor forma possível, com aeróbicos e bicicleta, como nosso preparador passou. Mas isso não chega nem perto de como seria se estivéssemos malhando normalmente. Estamos completamente parados, sem contato com bola”, conta.

Sem sua rotina habitual, Felipe tenta se ocupar com outras atividades e estudos, mas afirma que o isolamento está sendo um desafio. “Não poder fazer o que a gente ama é muito estranho”. Apesar de tudo, ele mantém contato com os companheiros de equipe, que se tornaram amigos.

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Quando tudo voltar ao normal, porém, outro desafio terá início: a readaptação. “Acredito que vá ter uma dificuldade para os atletas voltarem ao ritmo e estarem bem fisicamente, pois é muito tempo sem poder malhar e praticar. Teremos que ter um retorno devagar para nos adaptarmos novamente.”

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