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Aeroclube de Juiz de Fora recebe Campeonato Mineiro de Estrela de Velocidade de 4

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(Foto: Dim/Skydive JF )

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Da esquerda para a direita, os paraquedistas Dimas Stephan, Daniel Juliani, Bruno Malvaccini, Roberto Aguiar, Liz Toraldo e Amarilio Darque no Aeroclube de Juiz de Fora (Foto: Marcelo Ribeiro)
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A emoção estará no céu juiz-forano neste sábado (7) e domingo (8) a partir das 10h, no Aeroclube da cidade (Av. Guadalajara, Bairro Aeroporto). O local recebe o Campeonato Mineiro de Estrela de Velocidade de 4, modalidade coletiva de paraquedismo que leva equipes a 10 mil pés de altura (cerca de 3 mil metros) para uma queda livre de aproximadamente 40 segundos em uma velocidade pouco superior aos 200 km/h. O evento é organizado pela Federação Mineira de Paraquedismo com suporte da Skydive JF. A Tribuna aproveitou a competição e conheceu, esta semana, paraquedistas da cidade que explicaram como funciona o esporte e destacaram informações ainda pouco conhecidas pelo público em geral, como a segurança.

Seis equipes foram inscritas na competição. Cada uma é formada por quatro paraquedistas e um câmera, que precisa registrar em vídeo toda a movimentação desde a saída do avião. O objetivo dos grupos competidores é realizar uma estrela – nome dado à formação quando todos se unem, tocando as mãos nos outros em um círculo – em até 35 segundos a partir da primeira saída da aeronave. O menor tempo, após dois saltos, vence. As estatísticas são de responsabilidade de um árbitro. No Mineiro, o juiz será o paraquedista e militar João Neves, 61 anos, que ficará em uma sala onde receberá o material gravado para aferir o tempo das equipes.

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“Por isso o nome da competição. Estrela é quando as pessoas dão as mãos, fazem uma roda, e ‘de velocidade’ porque ganha a equipe que, ao sair do avião, mantiver a estrela em menor tempo após dois saltos. O ideal seria que fossem mais saltos, mas pelas condições de aeronave e tempo serão dois. As pessoas saem sozinhas do avião sem contato algum e, a partir desse momento, devem formar a estrela. Eu cronometro desde a primeira saída do avião até o último contato da estrela. Não basta só formar a estrela, mas voar também, ficar estável com a formação. Se a estrela quebrar, não vale”, explica Neves.  Participam paraquedistas de categoria B, com mínimo 50 saltos registrados. Há equipes mistas inscritas com atletas de outras categorias, entre 28 e 60 anos.

Paraquedista também tem medo de altura

A Tribuna conversou com participantes do Estadual apaixonados pelo esporte com diferentes histórias e relações com o paraquedismo. O servidor público Bruno Malvaccini, 39 anos, por exemplo, pratica o esporte há 18 anos e viu uma oportunidade de aliar adrenalina ao turismo. “Comecei em 2000 com o instrutor Roberto Aguiar, mas tive que morar um tempo fora e parei por um período. Voltei em 2014 para Juiz de Fora e retomei o paraquedismo, com ênfase total. Todos os fins de semana, sem exceção, salto, faço cursos e alio o esporte ao turismo. Vou para tal lugar para saltar lá e hoje já estou com quase 500 saltos”, conta.

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O policial militar Amarilio Darque começou com um salto duplo em 2010, em Resende (RJ) e, desde então, não deixa a emoção de uma queda livre, sendo um dos atletas mais jovens do torneio, aos 36 anos. Já o militar do Exército Daniel Juliani conta que, em São Petesburgo, na Rússia, praticou seis horas num túnel de vento que simula quedas livres e maximiza o aprendizado, tendo em vista que as quedas duram cerca de 45 segundos. Ele começou em 2009 e acumula quase 90 saltos.

A história da educadora física e fisioterapeuta Liz Toraldo é ainda mais curiosa. “No início de 2006, meu marido descobriu que tinha salto em Juiz de Fora. Mas eu morro de medo de altura. Ele foi fazer um salto, apenas ia acompanhar, mas terminou e disseram que seria a minha vez. Rejeitei, mas acabaram me colocando o macacão. Saí aos prantos e berros, mas fui. Depois da queda livre, quando pousei, disse que queria de novo. Entendi porque eram vidrados no esporte e sempre estavam sorrindo”, relembra a paraquedista.

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Se engana, contudo, quem pensa que o medo sumiu. “Não ofuscou meu medo de altura. São coisas diferentes. Sigo com o medo, mas supero só no avião. Não consigo subir uma escada para trocar lâmpada, por exemplo. O maior exemplo que eu tenho foi quando subi em um balão para saltar, mas não pulei. Se me chamam para fazer um passeio de balão, digo não. Ainda não me sinto segura para isso porque sobe com o fogo e não tem vento. Sem o vento me sinto no topo de um prédio. Já tive problemas de saúde por isso, como labirintite. Mas hoje a queda livre é indispensável na minha vida. Preciso da sensação para ter um mês tranquilo e o sorriso no rosto”, conta Liz.

E se o paraquedas não abrir?

O juiz João Neves, 61 anos, será o responsável por avaliar as equipes neste fim de semana(Foto: Marcelo Ribeiro)F

O paraquedismo ainda tem o estigma de ser um esporte perigoso. O desporto, hoje, prioriza a segurança, como destacou o paraquedista João Neves, árbitro deste Mineiro, que já tem cerca de quatro mil saltos. “É muito seguro. Há um tempo, a revista Time listou os esportes ditos mais perigosos baseado na relação de acidentes fatais com o número de participantes. O paraquedismo ocupou a 16ª colocação. Por incrível que pareça, o primeiro lugar foi o ciclismo de estrada, uma modalidade bastante praticada”, relata Neves, que detalhou, em vídeo no site da Tribuna, os materiais utilizados pelos paraquedistas e segurança fornecida por cada objeto, como o capacete e os paraquedas.

Os paraquedistas Bruno Malvaccini e Liz Toraldo ainda respondem a uma pergunta bastante recorrente: e se o paraquedas não abrir? “Se não abrir, tem outro na mochila. Ninguém sobe com apenas um paraquedas, mas com dois. E este segundo, o reserva, é dobrado obrigatoriamente por uma pessoa responsável para isso. São poucos no Brasil que fazem isso. E de seis em seis meses o equipamento é totalmente revisado”, destaca Liz.

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(Foto: Dim/Skydive JF)

“Todos os paraquedistas, por determinação da Confederação Brasileira do esporte, devem usar um equipamento chamado dispositivo de acionamento automático (D.A.A.). Em uma hipótese de o paraquedista sair da aeronave e, por qualquer razão desmaiar, perder o controle, ter um mau súbito, quando chegar em uma determinada altura programada pelo D.A.A., o paraquedas será aberto de forma frenada, de modo que quando o paraquedista chegar ao chão, ainda que desacordado, estará em uma velocidade tão baixa que inviabiliza lesões. Esse fator traz muita segurança ao paraquedista e foi um equipamento desenvolvido por engenheiros que trabalham na NASA” , revela Bruno.

O videomaker Dimas Stephan, 38, e o empresário e instrutor Marcelo Tavares, 69, fazem coro sobre o quesito segurança. “Eu adorava motocicleta, fazia trilhas e me quebrei todo nesse esporte. Mas depois que passei para o paraquedismo nunca mais me machuquei. As pessoas pensam que é um esporte de gente doida, mas é o contrário”, reitera. Seu companheiro como instrutor, Roberto Aguiar, realizou mais de 4 mil saltos e também relatou nunca ter se acidentado.

Já Stephan optou por controlar sua paixão por adrenalina. “Comecei a saltar aos 17 anos, minha mãe teve que assinar um termo. Sempre fui mais atirado, gosto muito de adrenalina e fazia outras atividades. Por incrível que pareça, eu achava meios mais radicais do que o paraquedismo, que até me machucavam. E fazia quatro saltos por ano. Em 2010, resolvi parar com outras atividades e focar apenas nos saltos”, diz.

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