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Cenário do futebol profissional em Juiz de Fora é incerto

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Baeta encerrou o estadual com apenas uma vitória em 11 partidas e foi rebaixado este ano (Foto: Marcelo Costa/Tupynambás)
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Para os clubes de Juiz de Fora, o futebol em 2023 se encerrou no dia 15 de outubro, de maneira melancólica, quando o Villa Real empatou sem gols no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio com o Poços de Caldas. O Time do Povo foi eliminado com uma rodada de antecedência da primeira fase da Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, conhecida como “Terceirinha”, não chegando sequer a disputar a última partida, já que o confronto contra o Atlético Três Corações, que seria o último adversário, foi cancelado por não haver disputa esportiva.

No Módulo II, as participações das equipes juiz-foranas também foram trágicas. O Tupynambás foi rebaixado como lanterna, e o Tupi ficou em décimo, uma posição acima da zona do rebaixamento. O desempenho dos times juiz-foranos, portanto, segue aquém do que a cidade já viu dentro do futebol. Para o ano que vem, o cenário é preocupante, conforme avaliam dirigentes e o professor de educação física e historiador, Léo Lima, ouvidos pela Tribuna.

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Desde 2020, a cidade não tem clube na Primeira Divisão estadual. Na ocasião, o Baeta disputava o Módulo I, mas foi rebaixado na 10ª rodada do torneio estadual. Em 2024, Juiz de Fora terá dois clubes na última divisão do futebol profissional de Minas Gerais. Se for mantido o regulamento aplicado neste ano, a divisão será disputada apenas por jogadores com 23 anos ou menos. Mesmo com a possível limitação de idade dos atletas, tanto o Villa Real quanto Tupynmabás garantem que participarão da “Terceirinha” no ano que vem. Além disso, ambas as equipes estão formando categorias de base visando o próximo ano. “Já começamos um trabalho no sub-20, que disputará o campeonato da Liga de Futebol de Juiz de Fora, e no início de 2024 começaremos a contratação dos atletas para a equipe profissional”, afirma Cláudio Dias, presidente do Baeta.

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Sem CT

O Tupynambás, ao mesmo tempo que formula seu projeto de categorias de base para 2024, segue sem um local próprio para treinar. O clube sacramentou a venda de seu antigo CT em agosto de 2022, e as obras do novo espaço, que deve ficar localizado no km 765 da BR-040, na altura de Ewbank da Câmara, no sentido Rio/BH, ainda não foi iniciada. Em 2023, o Baeta realizou seus treinamentos nos campos do Bairro Benfica e da Associação de Sargentos do Exército (ASE), no Bairro Barbosa Lage, ambos na região Norte.

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Se confirmar participação, Galo Carijó disputará o Módulo II pelo quinto ano consecutivo em 2024 (Foto: Felipe Couri)

Tupi não garante participação

Apesar de estar em uma divisão acima de Tupynambás e Villa Real, o cenário mais preocupante é o do Tupi. Em entrevista concedida à Tribuna após a eleição do Conselho Deliberativo do clube, Eloísio Pereira de Siqueira, o Tiquinho, afirmo que não é garantida a participação do clube no Módulo II Campeonato Mineiro. “O Tupi não tem dinheiro, não existe patrocínio. Não posso garantir a participação”, disse o mandatário.

Além da falta de patrocínio, o Galo Carijó enfrenta um processo de penhora do Estádio Salles de Oliveira, por conta de dívidas com atletas. Sobre a questão, Tiquinho garantiu que o patrimônio do clube não será leiloado. “Não vai para leilão, isso é certo. O patrimônio vale de cerca de 15 milhões e não vamos deixar esse patrimônio ir à execução por 150 mil reais (valor que o Tupi deve a atletas)”, assegurou.

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Cenário ruim não é inédito

Mesmo com a possibilidade de ter apenas duas das três equipes de futebol profissional da cidade participando de campeonatos, o panorama esportivo de Juiz de Fora já enfrentou crises similares, ou até piores, como destaca o professor de educação física e historiador, Léo Lima. “Em 2005, apenas o Tupi possuía futebol profissional em Juiz de Fora, e estava numa crise muito forte. Em 2004 foi rebaixado para o Módulo II, e disputou a competição no ano seguinte. O clube não conseguiu o acesso, e para 2006, o Tupi não conseguia nem fazer a inscrição na Federação, e quase não disputou a competição”, relembra.

Léo também conta que, na oportunidade, foi feita uma mobilização com o objetivo de ajudar o Tupi a participar do Módulo II de 2006. “A Prefeitura deu um apoio, juntamente com alguns empresários, e o Tupi recebeu um investimento forte. E foi o ano do milagre carijó, do acesso do 2006 para 2007, para o Módulo I”, recorda.

Na avaliação de Lima, a falta de credibilidade dos clubes é uma das principais questões que impedem de acontecer uma mobilização, como a de 2006, atualmente. “As equipes precisam também de pessoas sérias, comprometidas, interessadas e disponíveis para trabalhar pelo clube. São vários fatores para ter credibilidade. Muitos reclamam de falta de investimento, mas às vezes não tem credibilidade, não passa isso para o empresariado, para o investidor”, analisa.

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Falta de patrocínio

A parte financeira é um dos principais entraves para a superação da atual crise que o futebol de Juiz de Fora enfrenta. Para entender os motivos de não haver patrocinadores com real impacto nas finanças dos clubes interessados em firmar acordos, a reportagem entrou em contato com parceiros que, em um passado recente, já patrocinaram as equipes juiz-foranas, como a Prefeitura de Juiz de Fora.

Em nota encaminhada à reportagem, a PJF, através de sua assessoria de imprensa, afirmou que “já ajuda (os clubes) com verba determinada por lei, sem falar na cessão do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, gratuita, para jogos e um dia de treino semanal. Tem sido assim com Tupi, Tupynambás e Villa Real”. A Tribuna também entrou em contato com possíveis parceiros do meio privado, mas não obteve resposta.

*Vinícius Soares, estagiário sob a supervisão da editora Carolina Leonel

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