
O mineiro Dalmo Sorrentino, natural de Pouso Alegre, está pronto para um dos maiores desafios de sua carreira: a disputa do título inglês de muay thai da categoria para atletas até 75 quilos no Combat Fight Series (CFS). A luta acontece neste domingo (5), contra Mike Collyer, na cidade de Bournemouth, na Inglaterra.
Antes de chegar ao território inglês, Dalmo, que ficou conhecido no mundo da luta como ‘roceiro’ e, posteriormente, como ‘cowboy’, revelou à Tribuna, em entrevista concedida em julho de 2020, que tinha como objetivo conseguir viver apenas da arte marcial. O lutador morou em Juiz de Fora, nos bairros Jóquei Clube e Santa Cruz, na Zona Norte. Desde então, o atleta passou a viajar o mundo por conta do muay thai, e ficou uma temporada na Tailândia e no Camboja, países do Sudeste Asiático.
“Lá parece que é outro mundo. Os atletas vivem disso e para isso o tempo todo. Eles respiram muay thai, e para eles é uma diversão. É como se fosse o futebol para gente no Brasil. Assim como tem jogador de várzea, tem jogadores de times menores e times grandes dentro do Brasil, lá também tem lutadores de todas as categorias. A diferença é que os atletas ganham dinheiro, independentemente se estão lutando em várzea ou não, o que não acontece no Brasil. Não é muita coisa, mas tem ganho de dinheiro”, explica.
Para Dalmo, a mudança para a Ásia foi motivada pelo desejo de conhecer outras culturas e para desenvolver sua técnica no muay thai. “É possível aprimorar bastante se você for para o lugar certo, porque tem os treinadores que ensinam por ensinar, só para poder ganhar dinheiro de estrangeiro e tem técnico que te ensina a base, ensina o muay thai correto. Consegui encontrar os lugares corretos, e apurei bastante a minha técnica”, conta.
Durante esse período, Dalmo lutou contra dois “superstars” no Camboja e participou do Rajadamnern World Series (RWS), principal campeonato de muay thai da Tailândia. Depois, se mudou para a Inglaterra, onde sobrevive apenas com a luta, seja dando aula ou competindo e também através de patrocinadores. O mineiro avalia que a sua estadia no Reino Unido deu certo graças à experiência obtida no Sudeste Asiático. “Se eu não tivesse ido para a Ásia primeiro, ia chegar à Inglaterra totalmente cru. Foi lá que aprendi o que eu sei hoje”, analisa.
Desde que saiu do Brasil para desenvolver sua carreira, Dalmo passou a lutar com mais frequência, pois os eventos de muay thai têm, como critério para participação, a exigência de um cartel robusto, segundo o mineiro. O atleta revela que, somando combates amadores e profissionais, possui 65 lutas, com 52 vitórias, dois empates e 11 derrotas.
Em busca do título inglês
Conforme explica o lutador, não existe uma seletiva para competir no Combat Fight Series. Os organizadores prezam por atletas já conhecidos, de para valorizar o produto. A oportunidade surgiu para o brasileiro após a disputa do RWS, quando seu treinador e sua agência se encarregaram de agendar a luta que vale o título inglês. Porém, houve resistência do evento. “Eles não queriam me colocar no CFS por eu ser um atleta internacional. Mas o meu treinador é conhecido na Inglaterra e colocou um pouco de pressão, assim como a agência que me gerencia. Em cima disso, eles olharam meu Instagram e decidiram que eu poderia lutar pelo título britânico”, revela.
Antes da confirmação de que a luta contra Mike Collyer iria de fato acontecer, Dalmo conta que estava com 86 quilos, mas que rapidamente conseguiu baixar o seu peso para se adequar à sua categoria. “Eu não iria sair da minha casa se não fosse pelo título inglês, então quando se confirmou, há cerca de dois meses, comecei a tratar de forma mais rigorosa a minha alimentação e meus treinos”, diz.
Sentimento de gratidão
Quando olha para trás e percebe todas as dificuldades impostas pela vida que teve que enfrentar, Dalmo valoriza quem o ajudou para chegar ao seu patamar atual na carreira. “Deus me deu força para eu poder estar aqui hoje e com certeza me deu oportunidade para lutar pelo título inglês. Várias pessoas também me ajudaram demais. Acredito que Deus colocou anjos para eu poder conhecê-las, porque sozinho, natural de um local periférico, de uma família em que sou o irmão mais novo de oito filhos, não teria condições de conquistar tudo o que consegui sozinho”, agradece.